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1ª suspeita: O início da investigação.



Era uma tarde de abril, as aulas no ifba, campus Simões filho, tinham se iniciado. Os novos alunos da instituição de ensino, ou como são comumente chamados, calouros, já estavam enturmados com os professores e com as atividades daquele colégio que mais parecia uma tumba de enigmas e mistérios que a muitos fazia perder a noite.Apesar de muitos dizerem o contrário era possível até mesmo se sentir o aroma fétido da maldição carregada por aquela escola.
Suicídio. Morte. Planos estranhos. Assassinatos. Depressão. Carnificina. serial killers...  Aqueles que ali estavam mal sabiam o destino trágico que se seguira naquele ano...

Dia 4 de abril de 2013, sol, ifba, campus Simões filho, 14h00min horas da tarde.

Era mais uma daquelas aulas chatíssimas e maçantes de português, os alunos, como de costume, estavam quase dormindo naquela aula que mais parecia um calvário de gramática e literatura arcaica. Do nada, um som de batidas veio da porta
Toc, toc
-Podemos entrar professor?-dizia o aluno que chegará apenas  uma hora e vinte minutos atrasado.
-claro- disse o professor- vocês devem ser os alunos que, segundo o diretor, iriam se ausentar por um longo período de tempo desde o início das aulas, espero que estejam preparados para o seminário que vão apresentar amanhã. Mas antes de tudo, que tal se apresentarem?-Enquanto o professor falava o mesmo indicava aos dois que entrassem e fossem para a frente da sala, para que todos pudessem vê-los, o que, de muito bom grado, os dois fizeram.
-He,he...bem, meu nome é Daniel, tenho quinze anos, adoro ciclismo e séries como sobrenatural, death note, neon genesis evangelion e tudo que envolve mistério e misticismo, curto pra caramba resolver enigmas e detesto português, mas com as lindas beldades que eu estou vendo nessa sala, acho que até da pra agüentar né?-Daniel era um rapaz loiro, de olhos verdes, um metro e setenta e três centímetros, usava uma camisa preta com uma caveira e o nome “death note” acompanhada da estampa do seu personagem favorito da mesma série, o detetive “L” , calção jeans e um par de percatas junto a mochila, caracterizavam o visual do garoto.
-Ui, ui, chegou agora e já está paquerando na cara dura aí na frente, você não tem vergonha não, rapaz?-  Assim zombava Gabriela, uma garota ruiva, de olhos azuis, um metro e sessenta, corpo escultural. Sentada no canto direito da sala, Gabriela  vestia uma camisa branca com alguns detalhes lineares de vermelho, uma saia preta e um conjunto de botas de couro de mesma cor, a ruiva achava graça do comportamento de Daniel e estava louca para ver a reação do loiro ao ouvir aquela frase que supostamente era uma afronta.
-Vergonha?-Repetiu Daniel- A única vergonha que eu tenho no momento é de ainda não estar ficando contigo, mas isso nós resolvemos com dez minutos de conversa- Com essa frase desafiadora a turma foi a loucura, risadas e até mesmo aplausos foram dirigidos ao rapaz, apesar de duvidar que o loiro fosse capaz de tanto, Gabriela também gostou da resposta, em contraste ao professor, que já estava impaciente e um tanto encabulado com o discurso do rapaz.
-Uhum, muito obrigado pela apresentação Daniel, mas vamos deixar seu colega se apresentar logo senão não conseguirei concluir a aula- Disse o lecionando com um tom misto de austeridade e timidez.
-Opa, sou eu né? bem, meu nome é Davi, também tenho quinze anos, gosto muito de livros como Sherlock Holmes, a batalha do apocalipse de Eduardo Spohr, dentre outros, adoro meu skate e pratico toda semana e só pra passar a notinha, eu estou solteiro e disponível.- Davi tinha um metro e setenta e cinco, cabelo e olhos castanhos, pele branca,usava uma blusa da FIFA por cima de uma camiseta branca, calça jeas, tênis all star, e uma mochila da Nike completam a apresentação estética do rapaz.
-Somos detetives juvenis!- gritou Daniel- E podemos resolver qualquer mistério e caso “insolucionável” que vocês pensarem, estivemos faltando aulas um mês só pra pesquisar qualquer mistério que pudesse estar por trás destas paredes e mais do que nunca percebo que existe um mistério dos grandes que se apodera desta sala!
Nesse mesmo momento, ao invés de rir, os colegas junto ao professor ficaram quietos esperando que Daniel voltasse a falar depois de sua pausa dramática, feita propositalmente para que todos prestassem atenção ao que ele tinha a dizer. Um clima de tensão tomou o aposento, todos se entreolharam mas não tinham coragem de cortar o silêncio que se impôs sobre eles como a lâmina de um carrasco.
De repente Daniel voltou a falar - E o culpado disso tudo...
Agora existia um culpado e o clima que já estava pesado ficou pior ainda. Alguns até mesmo roíam as unhas com medo de que ele revela-se algum segredo íntimo, e quando já estavam prestes a morrer de ansiedade Daniel voltou a falar.
-É o professor!-gritou enquanto apontava para o mesmo.
-Eu?- surpreso, o professor se quer conseguiu conter a reação para aquela suposição ainda incompleta de seu novo aluno.
-Sim, é você professor, não é possível que ninguém percebesse um negócio destes... Você vai pagar caro pelo que fez!
-Mas eu juro a você que não fiz nada, estou apenas tentando dar minha aula desde que cheguei aqui, aliás, vocês estão atrapalhando ela- Respondeu ao aluno num tom de surpresa e indignação.
-É exatamente isso que está errado, essa aula, essa podridão fétida e horrível que eu vejo em minha frente, isso é um plano mais do que claro de alienação!-Exclamou convicto.
-Sinceramente- Disse Davi- Você não acha que está viajando um pouquinho não Daniel?
-Claro que não!-Negou rapidamente- Está mais do que na cara que ele tem um plano maligno, vocês não percebem? Ele colocou aqui no quadro que vocês devem ler a hora da estrela de Clarice Linspector, isso é um absurdo, ele quer fazer de vocês um bando de zumbis consumidores de literatura chata e arcaica, você até podem não acreditar em mim  se quiserem, mas podem anotar, daqui a um mês vocês vão virar um bando de emos que curtem restart e passar o dia todo chorando por que morreu o cachorrinho do vizinho e depois disso vão virar um bando de v...- A fala entusiasmada de Daniel foi interrompida pela pancada.
Tapof
-Vamos embora- Nervoso, Davi puxava o amigo pela gola da camisa para fora da sala- acho que você está precisando tomar um pouco de ar lá fora... E uma boa dose de tarja preta!
Os dois saíram acompanhados por uma legião de risadas que vinham tanto de seus colegas tanto do seu professor.Apesar de no início terem dado crédito para o discurso de Daniel, aquela conclusão que ele apresentou era simplesmente absurda e até mesmo ridícula, sendo este o motivo principal da risada dos seus colegas, no entanto, apesar de rir, Gabriela gostou bastante dos novos estudantes e queria conhecê-los o quanto antes, afinal, para uma garota aventureira como ela, idéias loucas como aquela soavam como música aos seus ouvidos.
Depois de andar um pouco os dois jovens decidiram se sentar em um banco de madeira que ficava próximo ao estacionamento em frente ao pavilhão estudantil. O local em que estavam era, em suas costas, repleto de grama e algumas plantações cultivadas com carinho pelos funcionários da instituição, a frente deles estava o estacionamento com uns quatro ou cinco carros e a sua esquerda estava a entrada de metal para a cantina e o pavilhão administrativo.
-Da próxima vez que você fizer isso eu juro que arranco os seus rins!-disse Davi, irritado com o acontecido em meio a sala de aula.
-Deixa disso Davi, você acha mesmo que eu estava brincando?... E olha que eu estava sendo calmo com o desvendar deste mistério, mas entre nós posso dizer no mínimo que aquilo se trata de um satânico ritual literário!-Disse irônico.
-Cara eu vou dar uma volta, por que se eu ficar aqui vou acabar levando os seus pulmões comigo.
-Relaxa Davi, você é sério demais as vezes, pode ficar tranqüilo que todo mundo está ligado que aquilo foi brincadeira- Falava o loiro enquanto dava tapinhas nas costas do amigo.  
-Eu entendo quando é brincadeira, Daniel, mas você que tem que maneirar um pouco com o que brinca, nós já resolvemos vários mistérios juntos, prendemos uma meia dúzia de bandidos que a polícia não conseguia incriminar, e nós conseguimos, e é por isso mesmo que eu falo que você deve ver com o que você brinca, se você for fazer isso em todo o lugar que nós formos, como vai querer que nos levem a sério?- Ao ver que já estava mais fácil estabelecer um diálogo, Davi decidiu permanecer no local ao invés de sair como tinha dito que faria antes.
-Certo, certo, entendi, já não está mais aqui quem falou, mas então, me diz aí, o que foi que você descobriu nesse mês que você andou pesquisando sobre esse bairro?- Curioso, Daniel queria saber logo o que o amigo tinha descoberto sobre aquele pacato bairro de Simões filho, a pitanguinha velha.A pitanguinha velha não era lá um bairro muito grande, sua única singularidade era o  número exorbitante de ladeiras que dificultavam a caminhada dos moradores e dos estudantes do local.
-Não descobri muitas coisas, mais os casos que eu sei são até um pouco interessantes, repare, fiquei sabendo que um dia desse mesmo um morador super sedentário, que não fazia nada além de trabalhar, assistir TV e beber cerveja, conseguiu por um acaso um revolver e...
-Olá!-Os dois foram interrompidos por Gabriela, que esperta como somente ela pode ser, tinha ouvido toda a conversa.
-Ah, você é a menina que quer conversar comigo né? Pode deixar que depois eu reservo um tempo pra você- Daniel estava confiante de que a ruiva estava interessada nele, leso engano.
-Deixa disso menino bobo.Foi mal atrapalhar a conversa, mas achei legal esse lance de detetive, mas voltando ao assunto, o que ele fez quando pegou o revolver?
-Bebeu doze litros de cinqüenta e um, teve uma boa idéia, e saiu matando todas as tropas terroristas do jogo, e essa é a história de Jaminho, meu amado primo que em um belo dia aprendeu que ele sempre pode ser o campeão da rua no counter strike, desde que ele beba um pouquinho antes, por que vou te dizer, sem beber aquele moleque é péssimo- Daniel era mestre em arrumar desculpas  malucas e convincentes, mas essa não pegou.
-É mesmo?E seu primo por um acaso mora aqui na pitanguinha velha?- A ruiva não seria enganada facilmente, ainda mais com uma história louca como a de Daniel.
-Mora, eu sempre passo lá pra pegar o rango quando não dá tempo de comer em casa e eu tenho que vir pra escola- tentou disfarçar.
-Sério?Mas hoje não é o primeiro dia que você vem pra escola?-os dois garotos ficaram pasmos ao ver que a ruiva era mais inteligente do que pensavam, ela sorria mais do que feliz por ter desarmado os argumentos dos dois.
-Daniel, eu não sei o que faço com você...- Davi simplesmente desabou de vergonha ao ver a cena.
-Calma, calma, se vocês não querem falar não precisam, mas podem saber que sou ótima em guardar segredos especialmente de detetives tão importantes como vocês- a ironia praticamente dançava pelas palavras da garota.
-A propósito, você já sabe quem somos mas qual é seu nome?-Davi achou que era minimamente importante saber o nome daquela que os desmascararam.
-Gabriela -falou sorrindo- mais falando sério agora, é verdade esse negócio de detetive?
-Claro, já resolvemos vários casos que nem mesmo a polícia conseguiu dar jeito- Daniel estufava o peito com orgulho enquanto falava de seus feitos.
-Temos inclusive uma permissão especial do governo para porte de armas e para podermos participar das investigações que nos interessarmos- Davi explicava enquanto, em sua mão esquerda mostrava  a tal permissão governamental.
-Nossa que legal, então é verdade mesmo, espero poder vê-los em ação- Gabriela ficou muito entusiasmada ao ver que o que os rapazes falavam era verdade.
-Bem- Davi interrompeu- Já que você sabe, vou te contar um pouquinho mais sobre nossa atual investigação aqui no ifba, mais por favor fique quieta.-Fez sinal para que a ruiva se aproximasse.
-Certo, juro que não conto pra ninguém, pode falar.
-Atualmente, tanto na pitanguinha quanto no ifba, principalmente aqui, é notado um aumento significativo de atos violentos, nós decidimos que vamos tentar descobrir o motivo disso, até por que isso pode ser útil em nossas próximas missões. -Era mais do que perceptível que Davi estava abaixando o tom de voz para que ninguém escutasse.
-Mas isso pode ser apenas coincidência, em vários locais é normal que o índice de criminalidade suba e desça de um mês ou de um ano para o outro.
-Sim, eu sei, mas aqui a situação é diferente. No bairro em si é comum que aconteça algum crime durante o mês, mas esses crimes vem aumentando em uma velocidade incrível, e principalmente aqui no ifba, a quantidade de homicídios e suicídios feitos por alunos tem aumentado em 300% do ano passado pra cá, isso em apenas um mês de aula.
-Mas isso só acontece com as pessoas que já estão envolvidas neste meio, de fato duas pessoas se mataram e uma assassinou um homem desde que eu entrei aqui no colégio, mas não acho que exista um motivo real para essa suspeita toda de vocês.
-Sim, Gabriela, pode ser que isso realmente seja um evento meio que “natural” só estamos nos precavendo para que não seja algo de fato planejado.
-O que podemos fazer agora é apenas continuar investigando e torcer para que isso seja apenas mais uma pegadinha do destino- Finalizou Daniel.
-Certo... opa, já é 14:40 e o professor de matemática já foi pra sala, vamos logo se não ele não vai nos deixar entrar-concordou Gabriela enquanto andava em direção da escada que ligava o estacionamento com o corredor do pavilhão estudantil.
-Beleza, e só pra saber, ouvi boatos de que o professor de português passou um debate sobre aborto para duas equipes fazerem amanhã, a galera tinha dito que devido a falta de pessoas que nós estamos na sua equipe Gabriela, é verdade isso?-Daniel falava enquanto junto a Davi se levantava do banco de madeira para ir em direção a sala de aula.
-Sim, sim, estamos na mesma equipe.
-Bem, eu e o Davi não vamos poder vir amanhã pois vamos ajudar o pai dele com alguns casos que estão quase solucionados, então nós vamos ficar sem a pontuação do debate?
-Não, não, o professor na certa vai fazer a próxima equipe se apresentar antes do que ele tinha marcado, na certa vai ser o pessoal que ficou com o tema da eutanásia, podem ficar tranqüilos que eu aviso o pessoal que nós não temos como apresentar amanhã.
O debate de português era um trabalho que consistia em, tendo já um tema pré escolhido em sala de aula, os alunos iam estudar sobre o mesmo e daí formariam duas equipes de seis pessoas: uma a favor e outra contra o tema posto em questão, essa era uma forma de fazer com que os alunos treinassem uma redação argumentativa oral.
Por fim, deram dezoito horas da tarde e os alunos foram liberados para poderem esperar pelo escolar que chegaria por volta de uns dez a quinze minutos mais tarde do que a hora em que eles saíram. Nas mentes de Davi, Daniel e Gabriela a conversa que tiveram no banco ainda estava a perturbar suas mentes como fantasmas ou almas penadas. ”Será que existe algum motivo pré meditado para que a violência no bairro e na instituição tivesse aumentado tanto?”, “será que alguém se beneficiaria com isso”, no momento, essas eram questões sem resposta e com o tempo eles foram deixando a mente dos jovens. Mal sabiam eles que o maldito cheiro da morte subia com alegria pelos muros da instituição.

Dia 6 de abril de 2013, sol, ifba, campus Simões filho, 12h40min horas da tarde.

Daniel e Davi tinham acabado de chegar na escola, estavam felizes por terem terminado o serviço do pai de Davi com sucesso e loucos para saber o que tinha ocorrido no debate no dia anterior o mesmo que eles faltaram.Ao chegar um pouco mais perto  do corredor do pavilhão estudantil avistaram Gabriela sentada em um dos vários bancos de concreto enfeitados por mosaicos feitos pelos próprios alunos em um antigo trabalho de artes.Entusiasmados os dois logo foram ao encontro da nova amiga com o intuito de abraçá-la e saber das novidades do dia anterior.
-Ei, Gabriela, levanta e vem falar comigo, o Davi também está aqui. -Disse Daniel super alegre por reencontrar a ruiva
Gabriela ficou quieta, e seus amigos logo perceberam que tinha algo de errado, Davi logo teve um mal pré-sentimento e junto com Daniel correu em direção da amiga.
-Gabriela, Gabriela, você está bem? O que foi que houve?-Davi segurava os ombros da amiga sem saber o que se passava.
-Pelo amor de Deus, o que foi que houve, por que você está assim?
-Eles...mat...morrer...
-O que foi? Eu não ouvi nada- Daniel balançava a amiga insistindo em fazê-la  ter alguma reação.
-Eles morreram, e mataram um ao outro!- Gabriela gritou e chorando se escondeu nos braços dos dois rapazes
Daniel e Davi não entendiam o que se passava com a garota e se entre olhavam com um olhar de dúvida procurando um no outro a resposta para aquela reação inesperada de Gabriela.O professor de português que ali passava viu o que estava acontecendo e tomou a voz.
-Acho que ninguém vai conseguir explicar pra vocês o que foi que ocorreu aqui ontem, mas Gabriela falou que vocês poderiam ajudar, venham comigo que quando chegarmos lá vocês vão entender o que se passa aqui.
Sem dizer mais nenhuma palavra os dois amigos seguiram o professor por todo o percurso do pavilhão acadêmico até chegarem aos auditórios próprios para aula que existiam ao fim do corredor. O professor abriu lentamente a porta do auditório 1 e fazendo sinal para que os dois entrassem, se absteve de ver novamente a cena horrenda que se escondia por traz daquela parede.
-MEU DEUS!- Daniel gritou ao ver tão horrenda  cena. No canto inferior do auditório os corpos de seus colegas estavam em estado de putrefação.
5 mortes.2 revólveres.2 assassinos.Futuros perdidos.Cadáveres.Sangue.Balas.Morte.Os jovens que viram a cena de imediato entenderam que existia algo de muito errado naquela escola, realmente existia algo por trás daquelas mortes e eles tinham que descobrir.

 As trombetas da morte vieram anunciar que seu reinado de sangue estava apenas começando.



2ª suspeita:Pais e filhos.


Dia 6 de abril de 2013, sol, ifba, campus Simões filho, 13h20min horas da tarde

5 mortes. 2 revólveres. 2 assassinos. Futuros perdidos. Cadáveres. Sangue. Balas. Morte. Os jovens que viram a cena de imediato entenderam que existia algo de muito errado naquela escola, realmente existia algo por trás daquelas mortes e eles tinham que descobrir.
O clima estava tenso, Davi e Daniel mal podiam acreditar no que viam, porém, por mais que não desejassem aquilo era a realidade e agora sua missão era descobrir o que de fato tinha acontecido naquele cenário de tamanha matança.
-Meu Deus, o que é isso?...-Daniel falava enquanto, junto a Davi, se aproximava dos corpos dos cadáveres no chão, ainda intocados desde ontem.
Davi se agachou para ficar mais perto dos seus colegas mortos, analisou os corpos, até arriscou ver se existia pulsação, o que foi um inútil esforço. Os jovens estavam mortos de fato.
-Dois tiros no peito desse...- Falou ao se referir a um dos rapazes que estavam no canto esquerdo da sala-...um na cabeça desta.- Apontava para a garota loira que estava ao lado do rapaz baleado.-E desse lado?
-Três tiros nesse aqui e dois na menina do lado dele, qual a ligação entre eles?- Daniel virou-se para o professor.
-Bem... Ao que eu sei os dois rapazes, Rodrigo e Augusto, eram amigos, mais não me parece que eles têm ligação nenhuma com as duas meninas, ao menos na minha aula nunca vi eles conversando.
-Aparentemente não existe lógica nisso... Se eles eram amigos, por que se mataram? Com certeza alguma coisa aconteceu.
Um silêncio enorme tomou conta do recinto. As informações que eles dispunham ali eram pequenas demais para levantar alguma hipótese, era simplesmente absurda a idéia de que dois estudantes comuns teriam a coragem de empunhar revolveres em mãos e ceifar a vida de seus amigos e de pessoas das quais se quer tinham contato, apesar de estarem na mesma sala. Os três já estavam ao ponto de ensandecer quando, do nada, uma voz feminina invade a sala.
-Não se esqueçam o que eles gritaram antes de morrer, se esse fato for retirado do diálogo pra acharmos a solução disso aqui, jamais vamos saber o que de fato aconteceu. –A voz que invadira a sala vinha de uma garota loira, com uma altura por volta de um metro e sessenta e sete, usava uma saia jeans com uma meia calça preta por baixo, usava batas pretas com detalhes rosa choque e uma camisa branca enfeitada com uma cruz negra  que vinha do ombro até a cintura.
- Quem é você? Estamos no meio de uma investigação, sinto dizem isso mais você não deveria estar aqui- Davi tinha receio de que outras pessoas presenciassem a investigação, especialmente naquele caso, onde todos da sala eram suspeitos.
- Meu nome é Adriana, sou da mesma sala que vocês e estava aqui na hora que Rodrigo  e Augusto mataram a si mesmos e as duas meninas, Júlia e Alana.
- Você falou alguma coisa sobre grito não é? Pode falar o que houve em detalhes?- Ávido por saber a verdade, Daniel não hesitava em questionar qualquer um que ele julgasse ter um testemunho válido.
-Sabe, na verdade eu nunca falei muito com Augusto e Rodrigo. Eu sempre achei que eles eram dois pivetes playboyzinhos metidos a filinhos do papai, e de fato eles eram isso mesmo, tanto que eu mesma não esperava ouvir grandes argumentos da parte deles para esse trabalho de debate. Quando começou a aula, os dois já estavam um pouco tensos e se negaram a tirar a mochila das costas quando foram fazer o debate aí na frente da sala. Eles já estavam em grupos diferentes desde o início e pareciam estar esperando algum tipo de sinal. Quando Júlia e Alana se levantaram pra falar os dois explodiram do nada e tirando as armas das mochilas gritando: ”viva Karl Marx!”. O resto vocês sabem como aconteceu...
-Nossa, por essa eu não esperava- Daniel se levantou e seguiu em direção da porta, onde, de pé, estavam o professor e Adriana. –Vamos sair daqui, se quisermos saber mais e achar a resposta pra isso, vamos ter que fazer uma investigação fora daqui.
-é, vamos. - Concordou Daniel.
Os dois jovens detetives se levantaram com pesar e subiram as escadas daquele auditório que mais parecia uma pequena sala de cinema. Ao subirem os degraus centenas de questionamentos passavam pelas cabeças de ambos. ”Quem fez isso?”, “Como eles conseguiram essas armas?”, “O que diabos Karl Marx têm haver com isso tudo?”. Quando os dois já estavam tão imersos em seus pensamentos ao ponto que mal viam o que estava em sua frente, a voz da garota novamente os trouxe de volta a realidade.
-por favor, resolvam esse caso o quanto antes. Eu não acreditava que vocês eram detetives quando Gabriela me contou ou quando os vi ontem na sala, mais vendo agora dá pra perceber que vocês entendem do que fazem. Por favor... Descubram o que levou esses dois a matarem minha amiga!
-Qual delas é sua amiga?- Perguntou Daniel.
- Júlia.
- Vamos fazer tudo que estiver ao nosso alcance mais não posso prometer nada. Nós te avisamos assim que tivermos qualquer pista sobre o que aconteceu aqui.-Apesar da pouca idade, Davi era extremamente inteligente.Apesar de já ter algumas hipóteses formuladas sobre o que de fato poderia ter realmente ocorrido ali, ele sabia que não podia contar nada do que supunha para a loira já que apesar de bela e sensual, ela também era uma suspeita.
-Muito obrigada, vou estar à espera de notícias. –Falou, e seguindo os dois rapazes, rumou em direção de sua sala de aula.


Por volta de duas horas tinham se passado desde o ocorrido. Era hora do intervalo, apelidado carinhosamente pelos alunos como hora do gov, ou seja, hora do lanche do governo. No entanto, Daniel e Davi estavam como a maioria das pessoas de sua sala, sem apetite para comer nada. Sentados nos bancos ornadas por mosaicos no corredor acadêmico, os dois detetives estavam parados a olhar para o nada, tentando achar uma solução para o caso.Vendo que seus amigos estavam extremamente recolhidos graças ao que viram a pouco, Gabriela e sua amiga Adriana se aproximaram dos dois. Daniel foi o primeiro a perceber a presença das duas.
-Ah... Gabriela, já está melhor?
-Um pouco. Desculpe se deixei vocês dois preocupados, eu estava um pouco chocada com aquilo tudo.
- Pode relaxar que nós vamos dar um jeito de descobrir o que está acontecendo, se eu não conseguir, juro que leio qualquer livro deprimente que o professor de português passar, por pior que ele seja. Então podem contar comigo, por que nem mesmo eu que luto a anos com o crime tenho coragem de ler aquilo. – Se tinha uma coisa da qual Daniel era expert era fazer com que as pessoas relaxassem em momentos de tensão com suas piadas infames. Em meio a algumas risadas meio sem graça, logo os amigos retomaram a conversa.
-Ha,há, você é comédia mesmo Daniel...-Já um pouco mais  animada, Gabriela começou a se soltar.- Ah é, queria perguntar uma coisa pra vocês.
-Não precisa perguntar gabi, você sabe que meu coração é só seu, mas eu acho que agora não é o momento... – Daniel estava mais do que convicto de que a ruiva ia perguntar sobre ele.
-Não é isso não idiota. Eu queria saber se vocês querem alguma ajuda na investigação, como eu e Adriana já estamos estudando aqui há um mês antes de vocês temos muitas informações sobre a sala e sobre os professores que vocês vão levar muito tempo pra conseguir sozinhos.
-Sem querer cortar o seu barato Gabriela, essa investigação é minha e do Daniel, nós sempre trabalhamos sozinhos e não estamos precisando de ajuda, se quisermos saber de alguma coisa vamos saber por nós mesmos ou vamos pesquisar por aí, sem falar que...
- Que o que? Que eu também sou suspeita?-Esbravejou Adriana.
- Me desculpem, mas como esse caso ocorreu na sala e ao que tudo indica parece ter influências externas aos envolvidos, todos são suspeitos. O professor de português, todos os alunos da sala, os demais professores, funcionários e inclusive e até preferencialmente vocês duas podem ser suspeitos em potencial. - Afirmou o jovem de olhos castanhos.
- Mas o que é isso? Eu acabei de ajudar vocês dando o meu relato do que aconteceu, como acham que eu posso ser uma suspeita? Ainda mais uma suspeita em potencial?- Gritou Adriana.
- Ela tem razão, desde que vocês chegaram aqui e acharam esse caso nós sempre tentamos lhes ajudar, isso que vocês estão fazendo é o mesmo que dar uma facada pelas costas. –Indignou-se a ruiva.
- Desculpe, mas não podemos misturar nossa vida pessoal e nosso trabalho.
-Sigam meu raciocínio- Convidou Daniel. – Se vocês fossem as culpadas por trás desse assassinato, vocês fariam de tudo para nos provar que são inocentes, inclusive nos ajudar na investigação para que nós nunca chegássemos às respostas que queremos. Não fiquem com raiva do Davi, ele é muito precavido e de fato ele tem razão de ser, mas eu tenho uma proposta aqui que creio eu todos vão gostar e que com certeza vai nos ajudar a resolver esse caso.
- E o que você tem em mente?- Gabriela já estava bem nervosa e não estava em condições de aceitar mais alguma brincadeira ou idéia absurda de Daniel.
- Daniel, pelo amor de Deus, não viaja não que nós já estamos com um bocado de problemas com esse caso, reanalíse o que você tem a propor e olhe mesmo se vale a pena dizer isso-       Igualmente a Gabriela e Adriana, Davi menosprezava a idéia do amigo, apesar de, diferentemente das duas, ele sabia que mesmo muito brincalhão Daniel era igualmente inteligente e perspicaz a ele.
-Relaxa Davi. - Falava Daniel tentando acalmar o amigo. –O problema em questão não é se elas vão nos ajudar ou não, mas sim se elas são ou não culpadas, certo?
-Certo. E daí?
- E daí que tudo se resolve da seguinte forma. Elas não querem ajudar? Então deixemos que ajudem, se são culpadas ou não só vamos descobrir com o tempo observando as ações delas. Admito que seria muito interessante seguir uma investigação onde os culpados estão bem do nosso lado, fazendo de tudo para provarem que são inocentes.
- Droga, Daniel, por um momento eu pensei que poderia ao menos contar com você e você vem com essa? Sinceramente... – A ruiva simplesmente não agüentava ouvir uma idéia tão louca quanto aquela.
- Diz alguma coisa pra ele er...Davi, certo?
-Sim.
-Diga logo alguma coisa pra esse tal de Daniel, você sabe que eu e Gabriela não somos culpadas, vocês tem que nos deixar ajudar, minha amiga foi uma das vítimas dessa matança.
Davi esboçou um sorriso confiante e até mesmo com uma pitada de sadismo no rosto e seguiu com sua fala. – He, he, he, sinceramente Daniel, quando penso que você está voando e pra você tanto faz o que acontecer, tu me vem com essa carta gigantesca na manga. Muito bem, eu aceito a ajuda de vocês sobre os termos de Daniel, desde que ele não esteja fazendo isso com o intuito único de ficar mais próximo de Gabriela.
- Claro que eu não faria isso, eu sou Daniel, o maior detetive juvenil que a terra já conheceu e não um idiota qualquer que age apenas pelo coração.
As duas amigas se entreolharam, surpresas pelos dois amigos, apesar de tão diferentes, terem chegado a aquele conclusão absurda.Sem terem opção decidiram aceitar a proposta dos rapazes, confiando que com o tempo elas provariam que não eram culpadas pelo caso.
- Muito bem, vendo que parece que vocês não tem uma idéia mais louca que essa e que nunca vão nos deixar ajudá-los sob condições normais, nós aceitamos essa maluquice. –Disse Gabriela, num tom de desprezo.
- Legal, mas saibam de uma coisa.
No mesmo instante, Daniel mudou a expressão alegre de seu rosto adotando uma um tanto negra com doses fartas de desconfiança e até mesmo ódio. Um tom de apreensão estranho tomou o ar e todos prestaram atenção em Daniel esperando com ansiedade e dúvida as palavras que se seguiriam.
- Eu sinceramente espero que vocês duas não sejam culpadas pelo ocorrido, mas tenham certeza que se vocês estiverem por trás disso e só estão tentando nos ajudar para tentar apagar seus crimes da história tenham certeza que eu e Davi vamos procurar vocês até mesmo no mais baixo inferno e vamos acabar com vocês com toda certeza, isso eu juro em nome dos cadáveres que estão no auditório. Eu odeio assassinos e não é por serem bonitinhas que vão sobreviver se forem culpadas.
No mesmo instante em que essas palavras foram proferidas por Daniel a espinha das duas amigas gelou e por um minuto elas ficaram ali, imóveis, simplesmente congeladas no tempo, assim como uma presa que é cercada pelo predador.
- Mas podem ficar tranqüilas. –Seguiu o loiro-  Se vocês não são as culpadas que nós dizemos que podem ser, tenham certeza que não lhes farei mal.
- Bem, deixando esse papo sinistro de lado, o que é que vocês sabem que vocês querem nos falar sobre os dois assassinos mirins? – Perguntou Davi.
- Er... –Ainda meio assustada Adriana foi a primeira a falar. – Minha amiga, apesar de não falar com nenhum deles, morava no mesmo bairro que os dois, e se bem me lembro eu sei em que casa os dois moram.
-Onde fica?
- Em Salvador, na graça, se não me engano.
- Beleza, acho que vamos dar uma passadinha na casa dos nossos ex-amados coleguinhas. –Encerrou Daniel.


Dia 6 de abril de 2013, nublado, Salvador, Graça, 17h13min horas da tarde.

Seguindo imediatamente para o local indicado por Adriana para a ex-casa de um dos cadáveres, Daniel e Davi pegaram um ônibus para a graça e desceram no ponto indicado por Adriana, seguindo as instruções dada pela mesma, eles chegaram a uma casa grande, com dois andares, pela fachada, com grama artificial e com um jardim florido pelas mais diversas flores, era notável que aquela casa que ao menos em seu exterior era completamente revestida por mármore branco, mostrava com clareza a ótima situação econômica dos proprietários do local.
-Caramba, é um belo dum casarão isso aqui. –Daniel estava espantado com o tamanho da casa de seu colega.
-segundo Adriana, aqui é a casa do tal do Augusto, realmente, se aquele moleque não é playboyzinho, eu não sei se existe alguém no mundo que o possa ser. –Davi falava enquanto apertava a campainha.
Ding-dong
A porta se abriu e de lá saiu uma empregada um tanto jovem, o que era de se esperar, já que para se cuidar de uma casa daquela dimensão, eram necessários funcionários jovens e enérgicos. A jovem trajava a já natural veste de empregada, toda prata e branca, ela era uma garota morena de cabelos curtos e tão escuros quanto seus olhos, com sua beleza e gentileza visivelmente herdadas por sua árvore genealógica indígena a jovem empregada tratava com cordialidade os dois rapazes.
-Pois não?-Falou a indígena, num tom calmo e suave.
-Nós viemos à procura dos... –Davi logo foi interrompido por seu humorado amigo loiro.
-À procura de uma beleza tão genuína e rara quanto a sua madame, poderia passar-me o teu facebook e celular? Qual a sua operadora?
- hi,hi.-Sem graça perante a um discurso tão enfeitado quanto o de Daniel, a pobre empregada só conseguia responder com tímidas risadas.
- Agora não, Daniel. Estamos à procura dos pais de Augusto Rodin, o senhor e a senhora Rodin, eles se encontram no momento?
-Sim, sim. Esperem um  minuto que já, já eu chamo meus amos.
-Certo, muito obrigado.
Neste momento, a porta se fechou e a jovem foi a procura de seus chefes.
Pam
-Daniel, da próxima vez que você ficar paquerando qualquer rabo de saia que você ver pela frente em quanto estivermos resolvendo um caso eu juro que eu...-Neste mesmo instante a porta se abriu novamente, só que desta vez, em vez da empregada, apareceu a mãe do rapaz que há poucos dias tinha sido morto.
- Me desculpem garotos, esse não é um momento bom pra visitas, se querem ver meu filho, saibam que ainda ontem ele...
-Nós já sabemos. -Disse Daniel. - É exatamente sobre isso que viemos falar, seu filho está morto desde ontem, ele trocou balas com outro amigo em plena sala de aula e desde ontem está na cena do crime para ser analisado por especialistas, pois bem...
-Nós somos esses especialistas.  –Interrompeu Daniel. - Somos detetives juvenis e a pouco estivemos na cena do crime analisando o que foi que aconteceu com seu filho, temos visto especial do governo para seguir em frente com esse caso e gostaríamos de fazer algumas perguntas à senhora.
- Ah, que bom saber disso, por favor, entrem que eu vou pedir que Lourdes, a empregada, prepare um café enquanto conversamos, quero saber o que está acontecendo o mais rápido possível.

O interior da casa era igualmente grande e luxuoso quanto o exterior. Enquanto os dois jovens seguiam para a sala de estar, precedida por uma outra sala e um corredor que ficava ao lado do quarto do defunto, Daniel e Davi observavam os detalhes da casa. Era impossível dizer a quantidade de obras de arte únicas que estavam presas na parede, todas com assinaturas de artistas famosos da atualidade, os estilos variavam do moderno ao barroco e as paredes eram todas ornamentadas por uma centena de detalhes e cenas angelicais pintadas a mão por alguns grande artista regional do qual os dois nunca tiveram contato. Mesas de mármore, ventiladores de teto, mesinhas,  estantes, armários, poltronas e cadeiras eram apenas alguns dos milhares dos objetos importados, caríssimos e igualmente belos espalhados pelo casarão.Ao se sentarem em volta de uma pequena mesa de vidro, própria para um cafezinho matinal, na sala de estar, os três começaram o diálogo.
-Então, senhora Rodin, poderia nos dizer se a senhora viu alguma mudança aparente no comportamento ou até mesmo no vestuário e no modo de falar do seu filho?-Perguntou Davi.
- Ele mudou muito, meu filho nunca teve uma vida muito saudável, pelo menos não aos padrões da minha época de criança.Ele vivia enfurnado no vídeo-game ou no computador, mas de um mês pra cá, desde que ele começou a ter aulas de sociologia ele mudou e mudou muito.
-O que exatamente mudou no seu filho?-Continuou Daniel, incitando a velha senhora a prosseguir com seu relato.
-Basicamente tudo. Ele, que já não passava pouco tempo no computador, agora passava ainda mais, ele vivia falando coisas como:”a classe burguesa é um mal para a sociedade” ou “luta de classes...”, eu já não lembro ao certo tudo o que ele dizia, mas ele passou a ser um grande adepto da filosofia de Karl Marx desde que o mesmo o foi apresentado nas aulas de sociologia.Segundo ele, Marx era um herói, um exemplo a se seguir, alguém que valia a pena morrer pelos seus ideais.
-Alguém que vale a pena morrer?...Muito estranho.- Pensava Daniel em seu íntimo.
-Ele passava dias e noites inteiras sem falar com a família apenas lendo sobre Marx, e a coisa só foi piorando, quando notei, ele tinha virado um marxista maníaco.
-Entendo...Acho que existe muitas coisas para se analisar, mas tenho que pensar com calma em casa antes de falar qualquer coisa- Calculista, Davi suspeitava de que havia uma forma mais eficiente de saber a verdade por trás do estranho comportamento daquele garoto.
-Então, senhora Rodin, seu filho tinha facebook?
-Sim, até mesmo eu tenho um facebook, mas acho que é muito tarde para adicionar meu filho aos amigos...
-Não é exatamente essa a minha intenção, mas voltando ao assunto, ele tinha um computador, tablet ou notebook do qual só ele usava?
-Sim, ele tem um notebook, por que a pergunta?
-É que receio que logo teremos que ir embora, e para continuar a investigação em casa, eu gostaria de levar o notebook comigo, para poder analisar o grau de envolvimento do seu filho com o marxismo para podermos avaliar se ele realmente estava tão maníaco quanto a senhora afirma. –Disse Davi.
- Vocês até podem levar o notebook se quiserem, mas como farão para mexer nele? Ele só é ligado por meio de uma senha que só meu filho sabia.
-Fique tranqüila senhora Rodin, é para isso que serve meu parceiro. – Ao ouvir essas palavras vindas de seu amigo instantaneamente Daniel sorriu com satisfação.
-Certo, podem pegar o notebook no quarto que está ali do lado, está em cima de uma prateleira de livros.
- Muito obrigado senhora Rodin, seu testemunho será de muita importância na investigação. -Finalizando assim o diálogo, Daniel e Davi seguiram para o quarto de Augusto.

Mais duas horas se passaram e agora, na casa de Davi, ele e Daniel estavam analisando o notebook do seu ex-colega.
- Já conseguiu entrar, Daniel?
- Calma, espera mais um pouquinho aí que eu já consigo, dois minutinhos que eu resolvo isso aqui.
Daniel era um mestre com um teclado de computador em mãos. Com esta máquina digital, ele já conseguiu até mesmo acessar contas bancárias de criminosos para saber qual foi seu último saldo e assim tentar descobrir de onde foi que ele roubou aquela quantia de dinheiro afim de ir ao local para conseguir mais pistas sobre o paradeiro do mesmo.Com tamanha habilidade, conseguir descobrir a senha do notebook de um adolescente qualquer era bico.
-Pronto, consegui. –Avisou o loiro.
- Beleza, agora entra na internet.
-Entrar na internet? Mas você não ia só olhar os arquivos do not que falavam sobre Marx?
-Isso eu falei apenas pra não espantar a mãe dele, o que eu quero mesmo é entrar  no facebook daquele moleque.
- Entrar no face?
-Exato, a maioria das pessoas que tem um notebook ou um computador particular não se importam em fechar o facebook antes de desligar o computador, já que é somente elas que usam o mesmo, logo, assim que entrarmos no site do face, vamos estar adentrando a página inicial do face do Augusto. -Concluiu Davi.
- Rá, entendi, você quer ver as conversas dele no face pra saber se tem algo suspeito, certo?
-exato, então, vamos lá.
Eles ficaram por horas olhando as conversas do colega. Em suma, no início, ou seja, nas conversas mais velhas, ele só falava de coisas fúteis como futebol ou jogos de vídeo game. Ao correr do tempo os dois detetives foram analisando as conversas mais recentes, de preferência, as que ele tinha como interlocutor o amigo que também morreu em sala de aula. Já passava da meia noite quando eles acharam o que procuravam: algo estranho e fora do normal, eles só não esperavam que fosse algo tão grave assim.
-Ei, olha só isso Davi, finalmente achamos alguma coisa!
-Deixe-me ver!- Respondeu Davi ao seu amigo.


-Rodrigo Richard disse:
-oi, oi, é amanhã o grande dia, ta preparado?
Visualizada às 10:30 de 20/04/13
-Augusto Rodin disse:
preparadíssimo
Só to estranhando... vc naum falo q naum qria falar disso no face?
Visualizada às 10:32 de 03/04/13

-Rodrigo Richard disse:
Sim, eu falei, mas agora nós podemos conversar a vontade por q amanhã tudo acaba, ninguém poderá nos impedir, Marx estaria orgulhoso se nos visse agora
Visualizada às 10:36 de 03/04/13
-Augusto Rodin disse:
Com toda certeza, amanhã vamos morrer pelos ensinamentos de Marx e vamos levar mais duas da maldita classe burguesa conosco!
Visualizada às 10:40 de 03/04/13



Em direção da morte, os dois amigos já em óbito, mostravam seu sorriso sádico e seu ódio macabro pela sociedade.

3ª suspeita: Facebook assassino.

Era difícil imaginar o que se passava pela mente dos detetives juvenis. Com apenas quinze anos ver dois de seus colegas simplesmente combinando a melhor forma de se matarem mutuamente e levarem consigo mais duas garotas. Até o momento, isso era simplesmente inconcebível.
- Deus do céu... Esses moleques são loucos. –Afirmou Daniel.
- Alguma coisa os levou a fazer isso. Nós vimos as outras conversas deles aí mesmo e até agora eles era garotos normais. Como isso foi acontecer? – Completamente absorto pelo que viu, Davi não conseguia achar uma solução plausível para tamanho enigma.
Um silêncio tenebroso tomou o quarto de Davi. Os dois jovens já tinham resolvido centenas de casos, desde descobrir o paradeiro de bandidos famosos, até mesmo a evitar uma série de assassinatos em massa que seriam orquestrados por terroristas mundialmente procurados, mas aquilo era um crime de proporções enormemente diferentes. Além de se matar, os réus levaram mais duas vítimas consigo, mas com que propósito? Qual motivo levaria dois rapazes que mal começaram a vida a acabar com a mesma de uma forma tão inesperada? Era um caso aparentemente sem resposta, o que não significava, de forma nenhuma, que eles não tentariam achar as respostas para essa investigação. E quando a pausa feita para pensarem estava quase os matando de tanto raciocinar, Daniel novamente interveio.
- Espera... É isso!
- O que foi Daniel?
O loiro tirou o celular do bolso e se pôs a discar.
- Para quem você vai ligar?
-Gabriela.
-Gabriela? E você tem o número dela?
- Você acha mesmo que eu ia perder tempo com ela? Ontem mesmo peguei o telefone fixo, celular, MSN, facebook e o blog, dela e de Adriana
-Mesmo assim, já é meia noite e vinte. Acho que está um pouco tarde pra você ficar paquerando ela por telefone não?
- Xiu, fica quieto que ela já está atendendo
Do outro lado da linha Gabriela dormia, estava exausta, pois acabou de acordar ao ouvir o toque de seu celular,  pôs o telefone na orelha e com muita relutância atendeu ao chamado do amigo.
-alô, Daniel? O que você quer a essa hora? – Ela não estava nervosa, mas o sono acabava completamente com seus modos.
-Oe gabi, desculpa incomodar a essa hora, apesar de saber que eu nunca sou um incomodo, mas tem como você me dizer que dia da semana nós temos aula de sociologia?
- Amanhã. Das quatro e vinte até as seis da tarde.
- Certo, obrigadão mesmo, beijo na boca.
- Besta, tchau.
Ao terminar a ligação Daniel mostrava claramente que estava satisfeito com o resultado e ao olhar para o amigo percebia que ele nada entendia ao ouvir a ligação.
- Beleza, temos aula de sociologia amanhã mesmo, vamos poder tirar algumas dúvidas.
-Dúvidas? Mas ao que eu sei o professor nem marcou prova nenhuma.
- Caramba, mas você é lerdo mesmo, né? Vamos tirar dúvidas sobre o caso que estamos analisando agora- E falando isso, deu um tapa nas costas de Davi.
- Não, eu não entendi. O que é que você vai descobrir na aula de sociologia amanhã?
- Poxa, parece que eu vou ter que explicar mesmo, né? Tudo bem, como não tem jeito mesmo... Raciocine comigo, o comportamento desse tal de Augusto mudou, segundo a mãe dele, a mais ou menos um mês, certo?
-Certo.
-Pois bem – Continuou a explicação para o amigo de cabelos castanhos. – É exatamente esse o período em que começaram as aulas, daí tudo se encaixa.
- É, Daniel,  eu finalmente consegui chegar a uma conclusão.
-Sério?
-É, pode ter certeza que de duas é uma. Ou é o sono que está afetando minha mente e eu não estou conseguindo entender nada, ou você ta viajando na maionese e está falando coisa com coisa.
- Caraca, você é burro mesmo, viu? – Indignou-se Daniel- Está tudo mais do que na cara. Na certa, com o início do ano letivo, Augusto também passou a ver as aulas de sociologia junto com seu amigo e foi lá que ele teve o primeiro contato com os ensinamentos de Marx, daí as coisas se encaixam, por algum motivo eles passaram a ser adeptos maníacos pelos pensamentos do filósofo e alguém na certa os levou a esse maniqueísmo louco ao ponto de fazer com que ambos se matassem, com isso já fica na cara que nosso primeiro suspeito só pode ser...
- O professor de sociologia. – Completando a frase do amigo, Davi por fim entendeu o raciocínio de Daniel e estava convicto de que ele estava mais do que certo. O próximo passo da investigação era saber qual era a real índole do professor de sociologia.
-  Está vendo, quando você se esforça um pouco até mesmo com sono você pode manifestar um mínimo de inteligência.
  Juntos, os dois amigos decidiram que Daniel dormiria ali mesmo, na casa de Davi, já que pelo horário as ruas de Salvador estavam perigosas. Ao acordarem, estavam determinados a investigar o professor de sociologia a qualquer custo, e se houvesse algo de errado nele, eles descobririam na hora.
Às onze horas e trinta minutos da manhã os jovens, já arrumados, desceram as escadas que ligavam o corredor do quarto de Davi e a sala, se despediram da Mãe de Davi, pois sei pai já tinha ido trabalhar, saíram pela porta da frente e pegaram o primeiro dos dois ônibus que eles ingressavam para ir para a escola, Iguatemi.
Ás meio dia e quarenta os dois jovens chegaram ao seu destino. Assim que chegaram avistaram Gabriela e Adriana e logo se apressaram em saldar as amigas.
- Oi  gabi, conseguiu dormir bem depois que eu te liguei?- Perguntou Daniel.
- Fiquei com insônia pelo resto da noite e não consegui dormir mais, sabe, eu adoro quando atrapalham o meu sono à meia noite por causa de uma aula de sociologia.- Disse a ruiva em tom irônico.
- Desculpe a ligação de Daniel ontem à noite, Gabriela, mas é que ele estava tão empolgado com a investigação que não podia esperar pra hoje.-Davi explicou.
- E o que isso tem haver com a investigação?
- Muita coisa, Adriana, mas depois nós conversamos sobre isso. Então, tem como me dizer o endereço da casa do outro garoto, o Rodrigo?- Continuou Davi.
- Sim, tenho. Vocês vão lá agora?
-Não, primeiro vamos bater um papo com o professor de sociologia.
E assim, com o passar do tempo, as quatro primeiras aulas se foram e a tão esperada aula de sociologia se aproximava. O professor entrou na sala, com um andar imponente e uma cara de poucos amigos e os dois detetives, assim que o viram, trataram de examiná-lo. Ele era um homem alto, de físico um tanto avantajado, usava uma camisa salmão justa e uma calça jeans com um par de tênis da Nike. O homem mostrava em seu andar toda a sua imponência e o respeito que desejava que tivessem para com ele. Com o início da aula o professor logo se pôs a escrever alguns esquemas no quadro para que pudessem o auxiliar na aula e assim que o viram, os dois jovens logo perceberam do que se tratava o discurso que vinha a seguir.
- Hoje vamos dar seguimento à aula sobre Marx, weber e Durkheim.
Uma aula normal, um assunto normal a ser dado ao primeiro ano e um discurso normal. Aquela aula que antes parecia ser a chave para todos os enigmas guardados para aquela escola do nada foi reduzida a apenas mais um dia com dois horários de sociologia, no entanto, ainda existia muitos fios soltos nessa trama e os dois amigos fariam de tudo pra saber a verdade. A aula terminou, todos estavam saindo da sala com o intuito de pegar o escolar, porém, Daniel e Davi permaneceram no local e assim que viram que não tinha mais ninguém na sala, começaram o interrogatório.
- Olá professor. – Davi se adiantou. – Gostamos muito da sua aula e queríamos fazer algumas perguntas.
- Podem falar, mas sejam breves por que logo eu tenho um compromisso do qual tenho que comparecer.
- Que seja. – Daniel interrompeu. – O senhor pode falar sobre os dois alunos assassinos e suicidas que coincidentemente eram seus aprendizes?
- Augusto e Rodrigo? Sim, eles eram bons alunos, viviam me perguntando sobre o assunto, entendiam muito bem tudo que eu explicava e quando levantavam a mão para dar a opinião sobre alguma coisa eles iam tão longe que algumas vezes eu mesmo tinha que interrompe-los senão não conseguiria dar continuidade a aula, eram dois maravilhosos alunos.
- Sério? O senhor por um acaso sabia que os dois morreram gritando ”viva Karl Marx!”?- Daniel perguntou já com o intuito de abalar aquele professor que mais parecia uma rocha impenetrável em seus mistérios.
- Onde querem chegar com isso? Acham que eu, de alguma forma, influenciei os meninos a fazerem alguma coisa? Que provas vocês tem disso?
- É mais do que evidente que alguém influenciou aqueles dois a fazerem o que fizeram, e tomando base pelo que eles gritaram antes de morrer, o senhor é o primeiro da lista de suspeitos. – Sem medo das injúrias que estavam por vir, Davi iniciava seu julgamento.
- Isso é um absurdo! Eu sou um professor mais do que renomado nas áreas sociais. Me formei na Inglaterra e vim para o Brasil para fazer com que o grande Marx ajudasse ao menos um pouco aos meus jovens contemporâneos, e o que recebo em troca? Uma investigação medíocre vinda de dois moleques que mal saíram das fraldas. Não sou obrigado a responder nada do que eu não quiser e é exatamente isso que eu vou fazer.
- Espera aí! – Daniel barrou o professor e tratou de tirar o visto especial do governo para investigação do bolso.
- Isso aqui – Falou enquanto apontava para o visto. – É um visto especial que nos permite interrogar qualquer um a qualquer momento em nossas investigações. Somos detetives juvenis e não simples estudantes do ensino médio, professor. Se não responder as nossas perguntas só vai levantar mais suspeitas de que você é realmente o culpado por trás disso tudo.
- Calem-se! – imperativo, o professor gritou. – Eu sei muito bem quais são os meus direitos, e tenho total consciência de minha inocência nesse caso, não quero e não vou responder a nada do que perguntarem. Adeus. – E falando isso se pôs a subir as escadas, passar pela porta e ir embora em direção ao estacionamento onde pegaria seu carro.
Os garotos o seguiram com a intenção de ver se achariam, nesse curto percurso, mais alguma pista que incriminaria o sociólogo. Ao chegarem lá, viram que Adriana vinha correndo ao encontro dos dois.
-Davi, Daniel, venham ver.
- O que foi que houve?- Davi perguntou.
- Aquele homem ali – A loira apontou para um homem de preto. – é o pai do Rodrigo. Ele veio aqui para poder levar o corpo do filho e conversar com a diretoria sobre o ocorrido, é uma ótima oportunidade de conversar com ele. Vamos logo!
Todos os quatro se põem em disparada ao ouvir o que Adriana disse. Chegando mais perto daquele que supostamente era o pai de uma das vítimas do massacre ocorrido no auditório, logo eles perceberam que aquele homem não era apenas um senhor de preto, era um homem de classe. Aparentava ter trinta anos, carregava em seus lábios um cigarro importado qualquer e trajava um terno preto tão luxuoso e bem cuidado quanto seus cabelos penteados para trás com o pigmento das trevas. Ele olhava calmamente para o corpo do filho que estava, além de coberto por um largo pano branco, preso dentro de um caixão com a frente de vidro (provavelmente usado com a intenção de prevenir que o mau cheiro de carne podre se espalhe pelo ambiente) que possibilitava ver o rosto encoberto pelo pano.
- Muito obrigado por todo o cuidado que teve para com o corpo de meu filho e a investigação que já está providenciando no momento, diretor, estou em eterno débito para com o senhor e se puder fazer alguma coisa para ajudar eu o atenderei de muito bom grado.- Era incrível a forma sedutora da qual aquele homem utilizava para falar, ele tinha classe, educação e modos exemplares para qualquer pessoa ficar boquiaberta perante tamanha elegância.
Ao se virar, o homem de terno logo percebeu os quatro jovens que ali estavam de pé a esperar a conclusão de sua conversa com o diretor para iniciarem seu discurso.
- Boa noite, meus caros jovens. O que desejam?
-olá. – Disse Davi em tom seco – Nós somos detetives juvenis – Falou enquanto levantava o visto especial do governo. – E viemos aqui para interrogar o senhor.
- Interrogar? Mas eu sou o pai da vítima.
- Você poderia ser a pobre cabritinha doente e indefesa dele, se fosse de proveito para a nossa investigação nós iríamos te interrogar.
O homem de preto deu uma leve e educada risadinha ao ouvir o que Daniel disse, e fazendo um sinal com as mãos, pediu para que o diretor se retirasse para que ele e os jovens pudessem conversar tranquilamente. De início o diretor ficou um pouco relutante em sair do local, já que ele não gostava nem um pouco daquela atitude imponente de “simples alunos”, mas como ele bem conhecia a fama dos dois rapazes não tardou em voltar aos seus afazeres.
- Pois bem – disse o homem. –  meu nome é John Richard, sou o pai do Rodrigo. O que desejam com esse interrogatório, senhores?
- Nós fazemos as perguntas aqui, senhor Richard. – Daniel tomou a frente. – O senhor poderia nos dizer se o seu filho apresentou algum comportamento estranho antes da sua morte?
-Não sei lhes informar grandes coisas – John levou a mão ao queixo – eu fico pouco tempo em casa, a maior parte do ano estou viajando a trabalho, mas sempre que eu me encontrava com meu filho parecia estar tudo bem.Sinceramente senhores, eu sou o pai da vítima, fui um dos que mais arcou com as consequências desta tragédia, a forma com que vocês tem usado para falar desde o começo deste interrogatório é muito deplorável, até parece que estão tentando me culpar de algo.
-Senhor Richard, acho que não está levando a sério a investigação – Davi afastou Daniel e ficou cara-a-cara com o homem. – não somos crianças, já resolvemos mais casos do que o senhor é capaz de imaginar. Cada um que se relacionou ou desejava se relacionar com a vítima é imediatamente um suspeito nosso. Uma das garotas, inclusive aquela que foi morta pelo seu filho, é filha de um chefe de uma empresa que é rival da sua, acho que seria conveniente até que demais que a morte dela fosse causada pelas mãos do seu filho, não acha?
Daniel ficou boquiaberto ao ouvir o que seu amigo disse, nem mesmo ele sabia que seu parceiro tinha chegado tão longe em suas investigações.
 - Huhuhuhuhu... – Em resposta ele riu – admito que são muito sagazes e que não se deixariam enganar fácil, afinal essa é a especialidade de vocês, descobrir o que os outros estão fazendo ou fizeram, mas como acabei de falar eu passava pouco tempo com meu filho e não tenho como dizer para vocês nada do que desejam.
-ESPERE!- Davi exclamou –Nós ainda não acabamos nosso interrogatório, tenho perguntas a faz...- Daniel interrompeu a fala do amigo.
-Calma Davi, o “senhor Richard” não quer mais responder ao interrogatório, nós já sabemos de tudo que precisamos saber e o escolar acabou de chegar, vamos embora.
Sem pestanejar ou até mesmo entender a situação, Davi decidiu seguir o conselho do amigo, confiante de que Daniel tinha uma carta na manga ele subiu junto aos seus colegas no escolar indo embora no mesmo. Richard também já entrando em sua negra e belíssima Mercedes quando pegou o celular e fez uma misteriosa chamada.
-Sim, sou eu, como você avisou aqueles dois moleques já se intrometeram, mas ainda não sabem de nada... uhum, sei... Certo, vamos deixar uma bela lembrancinha para eles amanhã. Aumente a dose... Em breve este colégio estará tingido de sangue.
E entrando no carro foi embora.



4ª Suspeita: "Sou seu assassino, zodíaco!"

Dia 10 de abril de 2013, quinta-feira, sol, Simões Filho, IFBA, 9h30min da manhã.
De uma forma um tanto incomum, a sala de Davi e Daniel estava presente na escola desde às oito horas na manhã. Chegaram ao instituto assim tão cedo com o intuito de estudarem em conjunto para a tão temida prova de física. Outro motivo que os levara a estarem presentes em tal lugar tão cedo era a reposição da aula de educação física, o professor teve de se ausentar na aula da semana passada por motivos pessoais e graças a isso marcou a reposição da última aula para ás dez horas de hoje.
Passados dez minutos após o horário marcado pelo professor, os alunos já estavam trajados a rigor (camisa ou camiseta, bermuda e calçado) e já dirigiam-se para a pracinha que ficava ao lado do pavilhão administrativo. A pracinha era o local favorito dos casais do IFBA, devido a sua beleza e ao quase inexistente fluxo de pessoas por ela. Junto à praça, descendo como quem vem pelo lado da portaria, existia a quadra e pouco depois dela a APA Joanes-IPitanga, uma bela área de preservação ambiental que era preservada tanto pela comunidade da Pitanguinha quanto pelos próprios estudantes do IFBA e até mesmo alguns funcionários do instituto federal. Mais a direita também era possível ver o anfiteatro, um teatro semelhante aos tetros gregos, um tanto menor, lógico, teatro esse que era utilizado em diversas apresentações dos projetos interdisciplinares de IFBA, como a semana de cultura ou consciência negra. Era nessa pracinha que a aula seria lecionada, o professor de educação física gostava muito de dar aulas em tal praça, já que a sombra de suas árvores era reconfortante e sua brisa era magnífica, muito melhor do que a abafada sala de educação física, ao menos era assim que ele pensava até hoje, até o dia em que presenciou tal cena.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!!!- Uma das meninas gritou assim que viu aquela carnificina.
-MEU DEUS, O QUE É ISSO?- Gritava um dos estudantes enquanto tampava o nariz a fim de não sentir aquele cheiro horrível emanado pela carne.
-BLEEEEEEEEEEARGH- Uma terceira de estômago fraco vomitou de tanto nojo.
Algumas garotas choravam sem nem mesmo saber por que o faziam, talvez a cena fosse tão aterradora de forma que fosse impossível segurar as lágrimas. O fato era: algo de muito errado aconteceu ali.
Oito corpos estavam pendurados por meio de cordas ao”teto” que ficava atrás do anfiteatro. Todos mortos. O mal cheiro de  sangue e carne morta vigiava o local.
Davi pegou na mão de um dos corpos, estava gelada. –Devem ter morrido há algumas horas, não sei precisar quantas, mas não deve ter sido há muito tempo, caso contrário o mau cheiro estaria bem pior. 
- Professor, tire essa galera daqui. Não quero ver outra garota vomitando de novo, de fedor o dos corpos já é mais do que o suficiente. – Daniel aproximou-se dos corpos e fez sinal para que seus colegas fossem embora.
Por mais que não desejasse obedecer a ordens de um adolescente que tem metade de sua idade, o professor Arnaldo não tinha outra opção, ele bem sabia da boa fama dos dois detetives, sabia que em toda a cidade ele jamais acharia alguém melhor para avaliar o caso e mais do que tudo sabia que eles tinham permissão dada diretamente pelo diretor para investigarem qualquer anormalidade que ocorresse no IFBA, sem opção, fez o que Daniel lhe mandou.
-EI, ESPERE!- Gabriela gritou. – ESTAMOS AJUDANDO NA INVESTIGAÇÃO, DEIXE-NOS FICAR! –Falava referindo-se a si e a Adriana.
-Por favor, professor, nós também fazemos parte da investigação. –Insistiu Adriana.
-Elas falam a verdade, deixe-as ficar, professor! –Por mais que estivesse centrado no caso Daniel não perderia a chance de voltar para sala a sós com Gabriela.
Novamente a contra gosto o professor teve de obedecer às ordens de Daniel. Os demais alunos estavam pasmados com a visão que acabaram de ter, alguns jamais teriam coragem de voltar ao local, outros desejavam desesperadamente saber o que aconteceu, mas nenhum deles voltou lá, tinham total ciência de que se o professor os pegasse na certa seriam reprovados.
Os dois amigos estavam olhando para os corpos das vítimas com uma concentração que Adriana e Gabriela jamais presenciaram. Davi estava olhando em baixo das camisas de cada um dos cadáveres e quando chegou ao último finalmente quebrou aquele silêncio aterrador.
-Oito corpos... Cinco negros, dentre eles duas meninas e mais três brancos, também duas meninas e um rapaz, todos têm pequenos ferimentos nas costas, sinal de que provavelmente foram arrastados por algum local de chão irregular. Suas cabeças estão muito disformes, arrisco dizer que foram mortos a apunhaladas.
-E que apunhaladas! – Concluiu Daniel. – Foi utilizada uma força brutal em cada golpe, os rostos estão quase irreconhecíveis. Tenha medo de quem fez isso, ou era um bruta montes daqueles ou era uma mulher na TPM , a única coisa que sei é que quem fez isso estava com muita raiva...
- Ei, meninos!- Gabriela chamou os amigos. – Tem uma suástica feita de sangue aqui, venham ver!
De fato existia tal símbolo feito com sangue na parede que estava a uns cinco centímetros de Gabriela e Adriana e a uns quatro metros dos rapazes.
Alguns dizem que a suástica, além de ter sido utilizada como símbolo pessoal de Adolf Hitler na segunda guerra mundial, também era um sinal comum nos rituais de magia negra e nas religiões neopagãs. Dizem que até mesmo algumas estátuas de Buda possuem a suástica, símbolo este que está entre uma das coisas mais misteriosas e sombrias da história da humanidade.
-Hum... – Daniel olhou o símbolo. – Isso é uma ótima pista, ou o culpado por isso é um mago negro neopagão ou é alguma espécie de nazista maluco.
-Olha só, alguns pingos de sangue fazem uma trilha que começa nos corpos, provavelmente ela vai nos levar ao local onde o assassino os matou. – Assim que falou isso Davi e os demais saíram correndo seguindo a trilha de sangue.
A trilha ia seguindo sem problemas, o sangue não era muito, mas era o suficiente para deixar claro que era o sangue das vítimas encontradas há pouco. O sangue indicava para uma trilha que existia pela APA da escola, a Joanes-IPitanga.
Por uns dez minutos eles ficaram andando com um pouco de dificuldade de enxergarem a trilha, já que era mais difícil de se enxergar o sangue na areia. Com o passar do tempo o mato fechava mais e mais, como um leão que cerca sua presa, até que enfim eles chegaram a um local escuro, sombrio, com galhos e arbustos que passavam por cima da cabeça de um homem alto, esses galhos estavam tão entrelaçados que mal se podia ver a cor do céu quando se estava em baixo deles. Galhos tão emaranhados que formavam um túnel,  e em baixo deste túnel estava uma enorme poça de sangue.
-Enfim chegamos ao local do crime. – Disse Daniel com satisfação.
-Esses assassinos são muito burros, nem se deram ao trabalho de limpar ou esconder esse sangue para não serem pegos. – Adriana abaixou-se para ver o sangue mais de perto.
-Não, eles fizeram isso de propósito. –Davi corrigiu. – eles querem que nós vejamos isso, caso contrário eles jamais iriam pendurar os corpos numa praça pública e nem iriam pensar em desenhar aquela suástica de sangue, quem quer que tenha feito isso não tem nenhum pudor de que saibam o que ele está fazendo.
-Sim, mas a questão é: por que eles fariam isso?- Questionou Gabriela.
-Arrá! Olhem só o que eu achei moçada! – Daniel estava com um sorriso de orelha a orelha.
-Um pózinho branco?- Adriana aproximou-se.
-Não é um simples “pózinho branco”, isso aqui é cocaína. Nossas vítimas foram drogadas, drogadas para serem mortas.
-Essa trilha que acabamos de andar é o chamado atalho, não é? Se não me engano, o pessoal que anda por aqui sabe que este caminho é mais rápido que o convencional para se chegar ao ponto de ônibus do Cia um, e também sabe que este caminho é perigoso ao ponto de que a diretoria não permite que os alunos andem por aqui, certo? – Davi perguntava aos demais.
-Isso mesmo, Davi. –Gabriela respondeu.
- Então, Gabriela, você sabe de algum caso como este que tenha ocorrido com os estudantes que estiveram no atalho?- Davi continuava com o interrogatório.
-Não, ao menos até onde eu sei. Eu sempre fui convidada a ir pelo atalho até o ponto de ônibus com o pessoal lá da sala, especialmente quando saíamos cedo por conta de alguma aula vaga, já que o ônibus escolar iria demorar a chegar, mas eu nunca andei por aqui, Adriana não gosta desse lugar e a fama do atalho não é boa.
-Certo, achou mais alguma pista, Daniel?- Davi dirigiu-se ao amigo.
-Não, Davi. Acho melhor chamarmos uma analista para dar uma olhada melhor nos corpos.
- É Daniel, acho que não tem jeito não, vamos ter que ligar para a Clara. – Era perceptível que daqui achava graça de mencionar esse nome na presença do amigo.
- Não me fale dela, por favor... Esse nome me dá dor de cabeça... – Daniel fez cara de zangado.
-Quem é essa tal de Clara? – Perguntou Gabriela.
- É uma longa história, depois eu falo sobre isso, vamos voltar pra sala por que essa tarde promete. – Davi e os demais voltaram para o pavilhão estudantil.

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-Por favor, expliquem-nos o que está acontecendo.
-Eu nunca mais quero ver aquilo... NUNCA MAIS!....
-Quem é o culpado por isso?
-É verdade que vocês são detetives?
-Nós estamos corremos perigo?
Daniel e Davi estavam agora no meio do corredor do pavilhão acadêmico. Essas (e mais uma centena de) perguntas os cercavam por todos os lados, a comunidade estudantil estava inquieta, todos queriam saber o que estava acontecendo. Os dois jovens estavam aflitos, não queriam responder a pergunta alguma por que isso somente causaria um pânico sem sentido trazendo enormes obstáculos para a continuidade da investigação.
 -Calma pessoal. Nós temos tudo sobre controle... –Davi disfarçava um sorriso.
-É isso aí galera, não podemos falar nada agora, mas logo pegaremos o culpado por tudo isso!- Com sua imensa autoconfiança Daniel tentava acalmar a todos.
-EU TENHO O DIREITO DE SABER A VERDADE, DIGAM LOGO O QUE ESTÁ ACONTECENDO!- Furioso um dos estudantes do segundo ano gritava com todas as suas forças.
-ISSO MESMO, QUEREMOS RESPOSTAS!-Um segundo jovem apoiou seu colega.
O clima ficou tenso e pesado, e ao contrário do que Daniel pensava a situação estava fora de controle, todos estavam desesperados, Davi já não sabia mais o que dizer para acalmar a multidão e seu amigo já estava pronto pra entrar numa briga, Adriana e Gabriela temiam pelo que aquela situação poderia gerar. O caos estava espalhado, a fúria semeada naquelas jovens mentes, e o desespero... Reinava. Tudo estava pronto para explodir quando uma luz surgiu em meio daquela tormenta.
-Relaxa, galera. Eu bem conheço a fama de Daniel e Davi, são ótimos detetives. Já temos um suspeito em potencial e estamos para pegá-lo, a polícia está conosco e teremos todo o apoio necessário para acabar com isso de uma vez por todas.
A voz que surgiu para acalmar os corações dos que ali estavam vinha de um calouro ruivo, com um belo par de olhos verdes que transmitiam confiança.
Ao ouvirem as palavras daquele jovem os demais estudantes pararam de questionar os dois detetives, e com mais dez minutos de conversa logo voltaram para a sala.
A dupla de investigadores estava impressionada com a perícia que aquele jovem de cabelos cor de sangue  demonstrava ao acalmar seus demais colegas de escola, no entanto, era mais do que suspeita a forma que ele utilizou para conseguir acalmar a todos, onde afinal ele pôde ter conhecido os dois detetives?  E mais, como ele acredita existir um suspeito que nem mesmo Daniel e Davi conseguiram achar? Existiam demasiadas pontas soltas nessa história.
- O maiores detetives juvenis da história, Daniel e Davi... É uma honra conhecê-los. - Falava o jovem ruivo.
- E quem diabos é você? Como nos conhece? – Como de costume Daniel foi simples e direto.
-Ah, desculpe, esqueci-me de me apresentar. Meu nome é órion, órion Barbosa, sou dono de um blog chamado “casos sinistros”, lá eu falo sobre crimes reais e incomuns. Eu conheço vocês por que já li muito sobre todos os casos que já resolveram juntos,  inclusive o mais famoso, aquele que foi o primeiro de vocês, o caso do...
-Sim, nós já entendemos, onde você quer chegar com isso?- Davi interrompeu fazendo cara de poucos amigos,
-Cara, eu sou muito fã de vocês, sempre foi meu sonho participar de uma investigação com vocês dois, assim que eu soube que vocês estudavam aqui eu estava disposto a aju...
-Você não vai nos ajudar nas investigações, isso não é um jogo, moleque. Nós fazemos o que fazemos por que já estávamos nesse mundo mesmo sem querermos, e elas só nos ajudam –Daniel apontou para as duas amigas. – Por que estão sendo úteis e uma amiga delas morreu em um caso que ainda não terminamos.
- Ah, cara, qual é? Deixe-me ajudar, garanto que vou ser útil, até já tenho um suspeito em especial para esse caso e era dele que eu estava falando há pouco.
- E quem seria esse suspeito?
-Até onde sei, os corpos das vítimas estavam com os rostos tão fraturados ao ponto de estarem quase irreconhecíveis, certo? Bem, uma suástica foi desenhada com o sangue das vítimas do anfiteatro, certo? Daí já dá para criarmos algumas hipóteses. Primeiro, o assassino tinha algum motivo para matar suas vítimas para tê-las executado de forma tão brutal, o que indica que não é um “simples” serial killer, o criminoso tinha algum motivo muito forte para fazer aquilo, algo mais forte do que o simples desejo de matar. Segundo, a suástica, ela é uma pista muito importante nesse caso, o assassino, ou o grupo de assassinos, davam muita importância para aquele símbolo, para o que ele representa, nisso já podemos tirar algumas conclusões...
- O assassino tem ou é simpatizante com ideologias nazistas! – Adriana não acreditava que o assassino fosse envolvido com religiões neopagãs, falando assim apenas da única alternativa que considerava plausível.
-Além de nazista ele pode ser um bruxo ou neopagão, se for esse o caso podemos esperar por mais mortes, por que aquilo que fizeram seria um ritual e rituais acontecem de tempos em tempos, é um evento periódico. Acredito que ele fez a suástica e deixou os corpos expostos na praça como parte de um ritual ocultista ou como forma de propagar suas ideologias. – Concluiu Órion.
-É, tenho que admitir que você é bom, mas ainda é cedo para dizer que está dentro do grupo. Pode nos ajudar se quiser, mas fique ciente de que qualquer deslize e você cai fora! –Disse Daniel.

*HIROGARO YAMI NO NAKA KAWASHIATTA KAKUMEI NO CHIGIRI 

DARE NI MO JAMA SASERU WAKE NI WA IKANAI KARAAAAA...* (música the world, death note) 


-Ei, Davi, não é o seu celular tocando? – Daniel avisou o amigo.
- Ih, é mesmo, espera um momento que eu já... Epa, número desconhecido?
Uma aura estranha tomou conta do ar, Gabriela estava com um mal pré-sentimento. Davi pegou o celular, atendeu e colocou na orelha, todos ficaram calados. Davi começou a falar.
-Alô?
- “Alô?” – Uma voz horrível e medonha, quase que desumana, atendeu do outro lado da linha.
- Aqui é Davi Oliveira. Quem fala?
-“Quem fala?” hu,hu,hu... Quem fala aqui do “outro lado” é o cara da suástica... sou o seu assassino... Meu nome...
...”É zodíaco”...
E assim a sétima trombeta foi tocada.


5ª suspeita: Calourosa IFest

Dia 10 de abril de 2013, quinta-feira, sol, Simões Filho, IFBA, 11h00min da manhã.

“-...Sou seu assassino... Meu nome é...”
...”Zodíaco.”
O celular de Davi estava no viva-voz e todos os que escutaram isso ficaram paralisados.
Um assassino que liga para seus inimigos dizendo seu nome, revelando seu segredo mais íntimo como criminoso:sua identidade, aquilo era no mínimo estranho.
Ninguém sabia o que dizer perante aquela monstruosa voz, todos estavam pálidos, as meninas, Adriana e Gabriela, suavam frio, Daniel e Órion estavam Boquiabertos, Davi estava congelado.
-Para provar que sou quem digo ser vou relatar como foi meu último assassinato.
Era uma noite de terça-feira, por volta de umas dezoito horas, ah, como o céu estava lindo naquela noite, alua parecia desejar sangue. Convidei alguns estudantes para irem comigo até o Cia pelo atalho. Andamos por cerca de uns vinte minutos, eu não via a hora de matá-los. Escondi-me deles, e assim que percebi que eles já não me viam pensei em sair correndo por uma rota alternativa  mais rápida que o atalho a fim de matá-los no fim do caminho que o atalho conduz, mas como acabei de dizer eu apenas pensei em fazer isso, pois vi algo interessante antes de sair correndo. Os estudantes estavam usando drogas, cocaína. Fiquei escondido por um tempo, mas quando vi que todos já estavam sobre o efeito das drogas eu me revelei me matei a todos sem dificuldade.  Sinceramente, não teve graça nenhuma matar aqueles idiotas, seria mais interessante se eles não tivessem utilizado drogas e eu pudesse ter a oportunidade de colocar meu plano principal em prática, teria sido uma ótima caçada. Fiquei furioso com isso, descontei toda a minha raiva naqueles crânios de merda, tirei uma barra de ferro de dentro de minha mochila e dei um golpe em cada um deles com força suficiente para deixá-los desacordados, depois disso veio a melhor parte de toda essa merda, bati nos crânios deles até os esmagar, bati com toda a minha força. O trabalho estava feito, mas faltava algo para dar um belo ponto final ao meu serviço, arrastei os corpos até a parede do anfiteatro e os amarrei pela cabeça no teto de lá. Por fim, tive a ideia de fazer uma bela suástica de sangue para deixar como lembrança de meu trabalho, adentrei minha mão na cabeça do primeiro e...
-Muito bem... – Davi estava chocado com o que tinha acabado de ouvir, mas logo tomou fôlego para voltar a falar. – Não tenho mais dúvidas de que você é o assassino, mas por que está ligando pra mim? Como descobriu meu número e como me conhece?
-Estou ligando pra você... – A horrenda voz deu seguimento ao seu maquiavélico discurso. - ... Por que quero deixar meu trabalho mais divertido, mais interessante. Quero disseminar o terror, o pânico, quero que todos vejam que os maiores detetives juvenis da história nada puderam fazer para me pararem. Conheço vocês por conta de um informante e sei seu número por causa do mesmo. Tenho algo para dizer a vocês.
- O que é?- Dvi começou a se irritar.
- No próximo fim de semana acontecerá aí no seu colégio o calourosa ifest, a festa que recepciona os calouros deste e de outros campi do IFBA, inclusive virão para cá pessoas desses outros campus para cá justamente por conta desta festa, pois bem, lá eu farei minha próxima vítima. Ela é uma bela loira, uma estudante, vou matá-la enquanto admiro sua bela expressão de dor e de medo da morte.
- DESGRAÇADO! QUER TANTO ASSIM QUE PEGÊ-MOS VOCÊ?- Gritou Daniel com fúria.
- Vocês não vão me pegar, o zodíaco nunca acabará, só estou revelando meus planos por que assim as coisas ficam mais interessantes. Querem me pegar? Pois tentem...
TU-TU-TU-TU...
O assassino desligou.
-DROGAAAAAAAAAA!-Daniel deu um soco na parede. – Eu juro por tudo que é mais sagrado que eu vou pegar esse maldito custe o que custar.
-Calma Daniel. – Davi tentava acalmar o amigo – Vamos tentar usar essa ligação ao nosso favor, esse cara, o zodíaco, é o assassino que procuramos, não tenho dúvidas quanto a isso e não estava blefando quando admiti esse fato. Ele é bom no que faz, mas nós somos melhores, com certeza vamos pegá-lo.
-Beleza galera, mas antes de tudo acho que devemos saber quem será a próxima vítima. – Concluiu Órion. –Se o que ele falou é verdade certamente ele vai matar essa loira, ela deve ser alguém próxima de vocês dois, já que o assassino provavelmente quer os atingir com isso,  e como a festa é exclusiva do IFBA provavelmente é alguém que estuda aqui. Arrisco dizer que essa loira seria...
-ADRIANA? – Gabriela assustou-se. – Está querendo dizer que esse assassino está mirando a minha amiga?
-Faz sentido. – Disse Davi. – Se for esse o caso é melhor ela nem vir para a calourosa.
-Não, é melhor que ela venha, nada nos garante que o assassino fala a verdade. O zodíaco é muito sagaz, ele pode ter imaginado que chegaríamos a essa conclusão e tentaria matar Adriana dentro de sua própria casa. –Um tanto mais calmo, Daniel levantou em questão o que Davi falava.
- E o que eu vou fazer pessoal? – Adriana estava quase chorando, estava em pânico.
-Primeiramente faça de tudo para seus pais saírem nesse dia, mas não diga nada a eles sobre o assunto, pois eles podem entrar em pânico e não é isso que queremos, como meu pai é policial vou pedir para ele ficar atento a qualquer movimentação estranha que haja em sua casa por esses dias, tente ficar tranquila. Venha para a festa, nós vamos protegê-la. Daniel, vamos ter de trazer “aquilo”. – Disse Davi.
- Sim, eu sei. – Daniel correspondeu.
Adriana fez sinal de que ia perguntar o que é “aquilo”, mas Gabriela a parou, ela sabia que se a dupla de detetives estava se referindo a o que quer que fosse como “aquilo”  é sinal de que eles não querem dizer do que se trata. Ela já confiava muito nos dois, sabia que se não queriam dizer algo é por que seria melhor que não dissessem.
Dia 13 de abril de 2013, sábado, sol, Simões Filho, IFBA, 14h35min da tarde.
Os quatro amigos (Daniel, Davi, Gabriela e Adriana) chegaram ao IFBA juntos, já que eles marcaram de pegarem o ônibus todos juntos em frente ao shopping Iguatemi no bairro de mesmo nome.
-Eu sei que você não vai gostar disso, mas eu liguei pra Clara, ela falou que vem hoje para nos mostrar os resultados da análise que elas fez nos corpos. – Davi estava com uma bermuda xadrez, uma camisa preta do Sherlock Holmes e um belo par de sandálias de couro.
-Certo, só espero que as coisas não se compliquem ainda mais... – Com uma bermuda jeans preta, uma camisa rosa estrelada e um par de percatas também pretas, Daniel falava com cara de preocupado.
-Quem é Clara? – Gabriela estava com o cabelo solto,  estava com um maravilhoso vestido multicor que ganhou de aniversário e fazia cara de poucos amigos.
- Está com ciúmes, é? – Adriana tentava fingir que estar bem, mas estava claro que ela era a que estava mais nervosa de todos os quatro. Seu celestial vestido branco era lindo, mas sua expressão era horrível.
-EI, DAVI, DANIEL!- De camisa polo vermelha e bermuda jeans preta Órion chamava os amigos que acabara de ver. -  E aí, tudo bem, galera?
- Tudo certo. Algo estranho aconteceu?- Davi perguntou.
-Não, até o momento nada, mas tem uma garota procurando por vocês ali.
Órion apontou para a tal garota. Com um sorriso de desafio e um olhar sedutor, aquela linda garota de cabelos negros olhava para os detetives. Seu belo corpo estava ornado por um vestido azul celeste enfeitado por centenas de delicados detalhes e babados brancos.
-Olá, Daniel, Davi, como vão?- A garota de cabelos negros perguntou.
-Vou bem, obrigado. – Respondeu Daniel com uma cara amarrada. – Não esperava vê-la tão cedo, Clara.
-Calma, Dani. Não precisa ser tão grosso. – Antes que Davi pudesse responder a sua primeira pergunta Clara já iniciava sua conversa com Daniel.
-Depois que nós terminamos você nem quis conta comigo, foi Davi te chamar e você veio correndo, e você ainda vem me pedir pra não ser grosso?Por favor... – Daniel deu a primeira alfinetada.
-Heloo, eu não vim só pra ver o Davi, vim pra te ver também, sem falar que estou aqui pra lhes fazer um favor. Foi por causa desse teu ciúme besta que eu te pedi um tempo.
Com o passar do tempo a conversa ficou apenas entre clara e Daniel, os demais começaram a conversar entre si mesmos. Gabriela sempre dava uma olhada de leve, mas não ousava entrar na conversa do ex casal. Daniel sempre que podia olhava para Davi como quem pede por ajuda para lidar com a situação, desde que ele pôde ser chamada de ex-namorada falar com Clara sempre o deixava nervoso, o que ajudava era que o papo  entre eles já estava mais calmo, mais tranquilo, já estavam falando sobre coisas do dia-a-dia com direito as casuais piadas infames de Daniel. Davi tinha percebido as olhadelas do amigo, mas ele nada podia fazer, estava conversando com Adriana, que inclusive nem dormiu na noite passada de tão tensa que estava, ele estava tentando acalma-la, estava tentando fazê-la esquecer de todo esse papo de assassino e zodíaco, se ele fosse ajudar o loiro sabia que não conseguiria manter Adriana calma e no momento ela era a prioridade.
O tempo passou, o anfiteatro, que finalmente estava cheio, já tinha recebido duas bandas, uma de pagode e outra de reggae, agora estava subindo no palco uma banda de rock ali do campus Simões Filho mesmo, os selváticos na terra do dengo, uma banda composta por alunos e ex-alunos do IFBA que fazia um belo som. A conversa do grupo de investigação ia se alongando e os selváticos já estavam em sua última música intitulada “o poeta chora”, assim que terminaram de cantar começaram a arrumar as coisas para saírem do palco e darem lugar a uma banda de samba do IFBA de Salvador, campus Barbalho.A quarta banda já estava pronta para tocar, quando, de repente, ouve-se um grito.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
-O QUE FOI ISSO?- Gritou Daniel.
-U...um assassino...e-e-e-ele matou minha amiga e está fugindo.- Disse a garota que gritara a pouco.- OLHEM, ELE ESTÁ ALI!
-Vamos lá, Davi! Clara, cuide de Adriana e Gabriela, Órion, fique com elas.- Disse Daniel.
-Certo! - Clara e Órion responderam em uníssono.
-ESPERA DANIEL! NÓS PODEMOS AJUD...- Gabriela estava aflita.
-FIQUEM AÍ!- Gabriela assustou-se com a resposta que Daniel lhe deu antes de sair correndo.
 O assassino estava em disparada, e ao invés de ter feito sua fuga pelo portão dianteiro ele decidiu ir pelo portão que estava no fundo da escola a uns trezentos metros do anfiteatro. O portão, como de costume, estava fechado, já que a estrada que vem depois dele é perigosa e deserta. O assassino, um homem alto, careca e branco teve um pouco de dificuldade em pular aquele portão, ele apoiou-se no teto de uma pequena salinha que estava junto ao portão (salinha esta que muito provavelmente servia de abrigo para o guarda do local). Colocando o dedo em uma das brechas e tomando impulso a partir de tal manobra ele conseguiu saltar o portão saindo correndo logo após obter êxito em sua investida.
Daniel e Davi estavam correndo logo após o Zodíaco, ainda não tinham pulado o portão quando viram o corpo da garota assassinada estirado no chão, como não viram sangue concluíram que ele tinha sido enforcada, mas não pararam para ter certeza, até por que por mais que aquela visão fosse horrenda a prioridade agora era pegar o bandido. Com metade do tempo que o criminoso levou para pular o portão os dois amigos repetiram o salto e caíram dando uma pirueta, evitando assim machucados ou contusões. Daniel já fez Le parkour quando estudava em seu antigo colégio e Davi era ótimo fazendo manobras de skate e melhor ainda passando por obstáculos sem ele. Com mais dois minutos de uma corrida desenfreada os detetives avistaram seu alvo.
- Se não o ferirmos antes de pegá-lo vamos ter problemas, aquele cara é uma bola de músculos ambulante, mesmo usando nossa carta na manga vai ser difícil segura-lo, um deslize e nós dançamos. – Disse Daniel.
-Não esquenta! – Davi tirou um revolver da mochila – minha mira é ótima mesmo correndo e é por isso que essa coisa aqui é nossa carta na manga. – Falou enquanto apontava para a arma.
Davi avistou na beira da estrada algumas árvores que estavam bem do lado em que o Zodíaco estava correndo. “É isso!”, pensou, Davi disparou na direção de um grande galho de uma árvore que estava a alguns metros do Zodíaco, que em sua corrida desenfreada nem percebeu o grande galho caindo bem em cima de sua cabeça.
CRAAAASH
O assassino caiu dando um urro de dor e enfim Daniel e Davi o alcançaram.
-Te pegamos, Zodíaco!- Falava Davi enquanto apontava a arma para o vilão.
- Desgraçado, vai pagar por tudo que fez! – Disse Daniel.
-NUNCA!- Gritou o Zodíaco – O ZODÍACO NUNCA MORRERÁ!- Ele retirou dois chips celulares de seus bolsos e mordendo-os, os estraçalhou.
-PARE COM ISSO! ESTOU AVISANDO, PARE OU EU VOU ATIRAR!- Definitivamente Davi não estava blefando.
-SIM, PARE OU... ELE VAI ATIRAR!- Concluiu Daniel.
-O ZODÍACO NUNCA MORRERÁ... - O bandido mordeu sua própria língua- ...
NUNCA!-  E falando isso ele selou seu destino cortando sua língua em dois.
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-Merda...- Disse Daniel- Suicídio, por essa eu não esperava.
-Certo, agora para de reclamar e me ajuda a carregar esse corpo, lembre-se de pegar o outro pedaço da língua também, isso vai provar que nó não o matamos. - Assim que terminou de falar Davi pegou o homem pelas pernas.
Com vinte minutos de uma boa caminhada e muito esforço para levantar aquele corpo enorme sobre o portão, finalmente Daniel e Davi tinham voltado para o anfiteatro. Assim que chegaram todos que estavam presentes foram ver o gigantesco corpo do malévolo Zodíaco, agora morto. A dupla de detetives não disse a verdade quanto à forma que utilizaram para pegar o brutamontes, não queriam que todos, em especial Adriana e Gabriela, soubessem que eles estavam armados. Ao invés disso inventaram uma história qualquer em que diziam que o bandido machucou-se seriamente assim que pulou do portão, não agüentando correr muito, vendo que não existia escapatória o bandido cometeu suicídio.
Enfim aquela história toda de Zodíaco havia acabado, deixando pontas soltas, claro, mas os detetives logo dariam um jeito de unir essas pontas, afinal de contas esse era o trabalho deles. Tudo parecia voltar ao normal e depois de uma tarde tão agitada todos decidiram ir para casa.
- Graças a Deus, acabou.- Disse Adriana, aliviada.
-Assim que chegar em casa vou tomar um bom banho, depois dessa aventura toda estou precisando esfriar a cabeça.- Por mais louco e pesado que tenha sido esse dia Gabriela ainda tinha forças para sorrir.
-Foi simplesmente incrível, espero poder vê-los em ação novamente.- Órion referia-se aos feitos da dupla de detetives.
-Ora, ora, meu caro Órion, isso não foi nada de mais, já fiz coisas extremamente mais difíceis e complexas do que esta simples corrida, houve uma vez mesmo em que eu...- Daniel foi interrompido pelo vibrar de seu celular vindo de seu bolso.- Só um minuto galera... Número desconhecido?
Todos ficaram como congelados, o tempo parou para eles, a última ligação de um número desconhecido que eles haviam recebido foi para proceder um assassinato, Adriana começou a passar mal e o restante suava frio, Davi estava com a pupila tão dilatada que mal podíasse vem ela em seus olhos. Como que quebrando um encanto maligno Órion começou a falar.
- Calma aí galera, vai ver é só um amigo ou um trote atende aí pra ver o que é, Daniel.
Relutante, Daniel enfim apertou na tecla verde e colocou o aparelho na orelha- A... Alô?
-Tenho um recado para você...- Uma voz horripilante e desconhecida respondeu ao rapaz.
-U... U... Um recado?- Perguntou o loiro?
-Sim, queria avisar para vocês não ficarem muito felizes, pois o Zodíaco... Está vivo.

6ª suspeita: casal suspeito

Dia 13 de abril de 2013, sábado, nublado, Simões Filho, IFBA, 17h23min da tarde.

-Queria avisar para não ficarem muito felizes, pois o zodíaco... Está vivo.- Dizia a monstruosa voz.

-DESGRAÇADO! O QUE DIABOS VOCÊ QUER?- Daniel teve um ataque de raiva do outro lado da linha.
-Só quero deixar as coisas mais interessantes, meu caro amigo. A polícia não pode me pegar e por mais que eu tenha certeza de que vocês não conseguirão fazê-lo vou continuar a brincar com vocês, pois assim as coisas ficam mais interessantes.
Sabe, eu tenho um prazer imenso em matar pessoas, é mais divertido que matar animais e bem mais prazeroso do que qualquer besteira que estejam pensando agora, pessoas são inteligentes, oportunas, diferentes, caçar pessoas é o melhor tipo de caçada que existe e é mais divertido ainda quando temos obstáculos interessantes, e vocês são esses obstáculos, sua obrigação é nos entreter, deixar as coisas mais difíceis, e pra tudo ficar mais divertido ainda vou lhes contar qual será nosso próximo passo,, pois ele será o mais bacana de todos, mas para que nosso jogo dê certo é necessário que o atual número de estudantes da sua escola não diminua muito, queremos muitos espetadores no nosso show, por isso vamos começar a caçar todos os que saírem da escola com medo de serem mortos a partir de agora, avisem isso para a diretoria e para os demais, se eles nos desobedecerem só causaram mais mortes, no momento vamos dar uma pausa nos ataques, assim fica mais interessante, vai ser um ataque triplo e muito bem bolado,  vocês não perdem por esperar. Até nosso próximo jogo,  divirtam-se tentando inutilmente nos pegar. Bye.- E falando isso o monstro desligou.
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Daniel estava morto de raiva, assim que a ligação com o zodíaco terminou ele quase jogou o celular no chão, o que ele teria feito caso não viesse a se lembrar do tiro no bolso que o mesmo lhe custou.
Poucos minutos depois daquela enigmática ligação a polícia chegou ao local. Eles fizeram algumas perguntas aos rapazes, e os levariam para a delegacia a fim de começar um interrogatório ainda maior caso já não conhecessem os rapazes e confiassem nos mesmos. Cinco minutos de conversas com os homens da lei e os detetives foram liberados.
Todos estavam tensos, sem ação, até que Daniel sugeriu que todos fossem ao shopping, não para divertirem-se, mas sim para discutirem tudo o que tinha acontecido até o momento. Quarenta minutos depois e lá estavam eles no salvador shopping, mais especificamente na livraria cultura, comendo um lanche para relaxarem. Assim que terminaram de comer começaram a discutir.
-Foi mal ter chamado vocês para discutirem sobre o zodíaco justo aqui no shopping,  mas se fôssemos para a casa de alguém com certeza o dono ou a dona da casa iam ficar preocupados ao ouvirem o que vamos falar, sem falar que depois de toda essa aventura doida conversar no meio da rua ou no IFBA mesmo está fora de cogitação, pensei em virmos pra cá por ser um local calmo onde pudéssemos relaxar.- Dizia Daniel- Muito bem, vou começar falando sobre a conversa que tive com aquele maldito de agora há pouco.
Daniel disse aos amigos tudo o que o zodíaco lhe falou ao telefone em detalhes, ele decidiu falar sobre isso apenas agora por conta de que estava muito nervoso para comentar sobre isso  no instante e que a ligação acabou, até agora tudo o que os demais sabiam era que o criminoso havia ligado para Daniel,.
Após trinta minutos relatando sobre o que aconteceu e xingando o assassino, enfim Daniel concluíra seu discurso.
-... E depois disso ele desligou o telefone.- Disse o loiro.
-Certo, vamos colocar a cabeça no lugar agora e parar para raciocinar.- Davi iniciou o debate.- O que sabemos até agora?
-Quem ligou para mim era uma mulher, e não estamos enfrentando uma só pessoa, mas toda uma quadrilha ou organização.- Respondeu Daniel.
-Essa coisa de organização faz sentido.- Gabriela dava sua opinião.- Segundo o que Daniel nos relatou o zodíaco referia-se a si mesmo como "nós" e não como "eu", só não entendo por que ele não disse isso antes, já que ele nos dá tantas dicas de como pegá-lo. Só não entendo por que você acha que o zodíaco que te ligou era uma mulher, Daniel.
-É simples. Primeiro, o tom de voz do zodíaco que me ligou era mais fino que o do zodíaco que ligou para Davi, o que também é outra prova de que tem mais de uma pessoa envolvida nisso. Ele pode estar usando algum aparelho para modificar a voz, mas mesmo assim está claro que sua voz era mais fina do que a última ligação. Segundo, a forma que o zodíaco que me ligou falava era claramente feminina, homens geralmente não falam "bye" quando terminam uma ligação, falam?
-Gostei de ver.- Davi deu sinal de positivo.- O próximo passo é saber o número de pessoas que está envolvida nisso. A priori eu diria que são oitenta e oito, por conta do nome da organização ser zodíaco e de existirem oitenta e oito constelações em nosso zodíaco,  o que faria todo o sentido se  não fosse o fato do número ser muito grande para uma organização de assassinos,  são raras as vezes em que tantos deles se unem e mais raro ainda em se tratando de assassinos inteligentes como os do zodíaco. Doze deve ser um número mais razoável, pois é o número de constelações de nosso horóscopo e do horóscopo chinês.
-Sem falar que provavelmente eles estão trabalhando para alguém.- Daniel veio com sua nova suposição.- Quando recebemos a primeira ligação deles enquanto o zodíaco falava de seus crimes duas vezes ele referiu-se a eles como "trabalho" e "serviço", o que indica claramente que eles estão fazendo isso a serviço de alguém.
Adriana, Gabriela e Órion estavam impressionados com o que acabaram de ouvir, em poucos minutos os detetives conseguiram descobrir que seu algoz era toda uma organização, conseguiram levantar o número de participantes da mesma, e concluíram sua hipótese dizendo que eles trabalham para alguém, a inteligência dos dois jovens era digna de aplausos.
-Hu, hu, hu- Risadas de satisfação vinham de Clara.- Engenhosos como sempre, acho que vocês devem estar certos. No entanto, existe outro fator que vocês devem analisar. Quando vocês me pediram pra fazer uma análise dos corpos das oito primeiras vítimas da semana passada eu as levei ao laboratório e fiz o que pediram , tudo estava normal no corpo daqueles estudantes, com exceção das cabeças estraçalhadas, cocaína em grandes quantidades e uma espécie de droga nova da qual eu nunca tinha visto até então.
- E que tipo de droga seria essa?- Pergunto Davi.
-Não sei. Se soubesse a chamaria pelo nome. Mandei amostras dela para São Paulo para ser analisada por um especialista em drogas, o doutor Julien Conors, ele foi meu professor na USP, eu fiquei um tempo esperando os resultados, mas até agora nada, nem mesmo ele conseguiu identificar a droga, porém ele me assegurou de que vai continuar a analisar a droga e me trará resultados assim que possível.
- Acho que vamos ter que esperar esses resultados chegarem antes de tirar qualquer conclusão.- Davi falava depois de beber seu último gole da sua lata de Coca-Cola.
Momentos depois Davi mandou pedir a conta ao garçom que servia a mesa ao lado e dentro de cinco minutos ele apareceu com a mesma em mãos. O rapaz de cabelos castanhos ficou pálido com o que viu.- Qua... Quarenta e três reais e vinte centavos?
- O QUE?- Daniel pulou de susto.- Como assim quarenta e três reais? Mas nós só comemos um salgado e um refrigerante cada, isso é um absurdo! Eu vou falar com o gerente, ele vai ouvir um bocado agora, ah vai.
Em vão Davi tentou impedir seu parceiro de investigações em dar sua queixa, Daniel saiu da mesa furioso e adentrou a gerência do local fazendo uma baita confusão.
Davi estava morto de vergonha enquanto os demais riam da reação inesperada de seu amigo, ele já estava quase dando um treco quando Clara o chamou para conversar. Depois de algumas palavras o jovem detetive deu uma risada irônica e chamou os demais amigos para irem dar uma volta, deixando apenas Clara na mesa.
Após vinte minutos de muita briga e estresse Daniel voltou para a mesa sem resultados satisfatórios, ele já estava tendo um surto de raiva quando avistou Clara sozinha na mesa olhando para ele o que quase o fez dar meia volta, desde eles se separaram era um desafio imenso encarar a ex-namorada. Sem opção ele foi em direção à mesa mesmo a contragosto.
- Onde está a galera?- Perguntou.
- Eles já foram, fiquei aqui para te esperar.
Ele sabia que isso tinha sido armado por sua ex-namorada com a ajuda de Davi, era a cara deles aquilo, jurou para si mesmo que daria um belo soco no amigo assim que o encontrasse, pois Davi, mais do ninguém, sabia que o loiro não gostava de ficar a sós com Clara.
Clara era quase uma princesa em se tratando de beleza, seu olhara era provocante, seu corpo era escultural e seus lábios eram naturalmente convidativos, tudo nela o chamava, no entanto lembrar o passado o fazia manter distância.
- Dar uma volta, né? Diga logo o que você quer...- Daniel evitava olhar para a garota de cabelos negros.
- Pode deixar de ser grosso só por um minuto? eu vim aqui especialmente para conversar com você e sou tratada dessa forma...
- Não tem nada para conversar.
-Ah, tem sim, nós temos assuntos inacabados, eu pedi um tempo e você nem quer se dar ao trabalho de saber?
-Isso foi há seis meses atrás, pedir um tempo, especialmente nesse caso, significa “terminou”.
-Você sabe por que eu fiquei tanto tempo longe, eu estava muito ocupada com o trabalho, mas sempre mandava sms pra você quando eu podia, inclusive de três meses pra cá você não responde nenhuma que eu te mando.
-Clara, sinceramente, nós nunca íamos dar certo e você bem sabe disso. Seus pais são ultra bem sucedidos, um juiz e uma neurocirurgiã, assim que você se formou no curso de patologia da USP com apenas 18 anos eles vieram para cá e daí nos conhecemos, hoje você tem 19, é três anos e meio mais velha do que eu  e já trabalha na área ganhando bem mais do que eu poderia sonhara em ganhar como detetive, isso quando eu ganho alguma coisa, já que as vezes estou em casos dos quais não sou remunerado como este que estou trabalhando agora, por exemplo. Você é boa demais pra mim, nós dois sabemos disso, e foi por isso que você pediu seu “tempo”, pra acabar de vez com toda essa loucura.
-Não chame nosso relacionamento de loucura. Eu pedi meu tempo para saber se é isso mesmo que eu queria, pra ver se você me amava de verdade, Dani. Você sempre foi ciumento demais, isso sem falar da fama de mulherengo, eu precisava saber se você me amava mesmo e hoje eu vejo que sim, que você me ama de verdade, você ficou triste quando eu te pedi um tempo, sem falar que você tem dificuldade de me encarar por que gosta de mim, não é verdade, Dani?
Daniel ficou corado ao ouvir essas palavras, ele não esperava que a garota fosse acertar tão precisamente sobre seu atual estado. Depois de alguns segundos calado enfim ele respondeu.
-Odeio quando você está certa. Intuição feminina é fogo.
-Hi, hi, sabia que estava certa.- Ela aproximou-se do rapaz- Então, que tal você parar de me chamar de “ex-namorada”? Se você tirar só o “ex” eu adoraria.
-Você tem ideia da besteira que está fazendo?- Ele repreendeu.
-Sim, eu tenho, estou voltando a namorar o cara mais louco e insano que conheci em toda a minha vida, mas o que tem de mais? Eu também não sou muito boa do juízo mesmo...
Essas foram as últimas palavras que procederam ao beijo que se seguiu, um beijo longo, com gosto de nostalgia, um doce beijo que trazia lembranças de uma época mais feliz, um doce beijo que prometia acender a chama da paixão que um dia fora apagada.
Pouco tempo depois o casal que há pouco se reconciliava saiu da lanchonete onde se encontravam em busca de um local mais privado para terem um tempo juntos. Eles foram para o cinema, para a praça de alimentação, para a área de jogos e tiveram uma tarde como nenhuma outra, repleta de beijos e risadas. Por fim, já ao anoitecer, os dois foram para casa na esperança de se encontrarem o quanto antes.


Dia 13 de abril de 2013, sábado, chuva, Salvador, amaralina, 23h47min da noite.
Mesmo com um dia tão agitado Adriana estava na internet de seu notebook em seu quarto pesquisando qualquer coisa que pudesse ser útil para a investigação. Depois de horas e horas pesquisando em vão Adriana começava a perder as esperanças.
-Ai, ai... Já estou ficando com sono, vou fazer uma última pesquisa e dormir.
“Zodíaco” foi a palavra que a loira digitou no google a fim de saber mais sobre o criminoso de mesmo nome. Ela leu sobre as constelações, sobre horóscopos, sobre uma série nipônica intitulada “saint seya”, mas não existia nada ali que podia ajudar no caso. Adriana abriu todas as dez primeiras páginas que apareceram na pesquisa do google sem nem ao menos olhar a descrição delas. A garota já estava exausta e começou a fechar todas as abas, mas quando já estava para fechar a última algo lhe chamou atenção naquele site singular.
- Um site sobre serial killer’s, mas o que isso tem haver com o zodíaco? Esse google deve estar louco...
A menina começou a ler o texto da página que se seguira da seguinte forma: “Hoje vamos falar sobre um caso incrível que abalou toda a América do sul há quarenta e quatro anos atrás (1969), dentre seus inúmeros nomes destacasse como “o massacre de São Francisco” o nome do serial killer da vez é...”
-“Assassino”... “do zodíaco”?
7ª suspeita:O caso de 44 anos atrás

Dia 15 de abril de 2013, segunda-feira, nublado, Simões Filho, IFBA, 12h37min da tarde.

Davi e Gabriela estavam indo sozinhos para o IFBA, o que era estranho, pois raramente eles não andavam acompanhados de seus outros amigos. Os dois já tinham chegado à instituição de ensino federal e o suspeito diálogo entre eles parecia não ter fim.
-Rica, filha de imigrantes, formada na USP com apenas dezoito anos e já trabalha na área que gosta ganhando muito bem para alguém de sua idade... É, essa daí é suspeita. - Disse a ruiva.
-Há, há, há, calma Gabi, nós conhecemos muito bem a Clara e tenho certeza de que não há motivo algum de suspeitar dela nesse caso e não digo isso apenas por ela ser namorada de Daniel, mas por que ela é minha amiga também.- Davi achava graça das suposições de Gabriela.
-Namorada? Como assim “namorada”? Eles não tinham se separado há um tempo? E por que você não levanta nenhuma suspeita sobre ela? Você fala que até mesmo eu e Adriana poderíamos ser as culpadas.
-Depois de ficarem sozinhos como aqueles dois ficaram ontem eu acho difícil eles não voltarem a namorar, por isso eu falei “namorada”, e eu não levanto suspeitas sobre ela por que a conheço muito melhor do que conheço vocês duas. Que isso Gabriela? Você bem sabe que esse é o nosso trabalho, é natural suspeitarmos de qualquer um, parece até que você está com ciúmes de Clara.
-Ah tá, vai achando. Ciúmes? Fala sério.
Os dois ficaram quietos por alguns instantes e logo dirigiram-se para a sala onde a aula de matemática seguia-se  sem mais problemas.
Cinquenta minutos depois, mais especificamente no início do segundo horário daquela aula maçante, Daniel enfim chegara com um sorriso de orelha a orelha, ele avistou Davi e Gabriela sentados juntos e logo se aproximou deles.
-Olá garanhão, qual foi o motivo da demora? Não vai me dizer que dormiu tarde falando com certas pessoas no celular?- Com um sorriso irônico Davi referia-se a Clara.
-Isso não é da sua conta. Vocês me deixaram na mão ontem. - Daniel irritou-se com a provocação.
-Calma aí rapaz, aquilo foi ideia de Clara,  eu apenas fiz o que ela me pediu. Agora vamos aos detalhes, o que foi que rolou ontem?
-Não rolou nada, conversamos um pouco e voltamos para casa, só isso.
Alguns instantes depois o celular de Daniel tocou mostrando uma mensagem de Clara.

“De: my love
Enviado: 15/04/2013 ás 13h45min
Adorei nossa noite ontem, podíamos fazer isso mais vezes, né? Espero te ver o quanto antes, que tal esse fim de semana. Me liga. Beijos”

Com muito esforço, Davi também conseguiu ler a mensagem, fazendo Daniel corar no mesmo instante.
-Não rolou nada, né?- Davi caiu na gargalhada e começou a tirar sarro da cara do amigo.
Voltando-se novamente para o professor Daniel fingia não ligar para o que seu companheiro dizia,  o que era difícil para um rapaz tão cabeça quente quanto ele.
Por fim a aula acabou e dava-se início aos vinte minutos de intervalo dos alunos do IFBA, todos estavam saindo da sala e a dupla de detetives junto a sua amiga ruiva não eram exceção.
Daniel acabara de sair da sala com a maior cara de poucos amigos e Davi sabia o por que disso, seu colega não gostava de ter ajuda quando se tratava de conquistar uma mulher, especialmente quando essa mulher é Clara, o loiro não aceita ajuda do amigo sob hipótese alguma, não por raiva ou orgulho, mas sim por algo que aconteceu entre os dois amigos tão difícil de encarar que ele prefere esquecer.
Um tanto calados os três amigos seguiram ruma á cantina a fim de comer alguma coisa antes do próximo horário de aula. Daniel estava calado, imerso em seus pensamentos, já Davi esboçava um enorme sorriso no rosto, embora ele soubesse que o loiro não gostava nada da atual situação ele também sabia que tinha feito o certo e que era questão de tempo até que o namorado de Clara o agradecesse pela ajuda. Apesar do estado dos dois companheiros Gabriela parecia ser a mais preocupada dentre os três, ela não conseguia compreender completamente a situação, ela achava que seus amigos estavam brigados, apesar dos dois não demonstrarem isso.
Alguns instantes depois o trio enfim chegou á cantina. Davi pediu uma coxinha com suco, Daniel foi logo atrás de seu imenso x-tudo e Gabriela pediu apenas um suco, a preocupação e o regime não a deixavam comer muito. Em silêncio os três comeram, silêncio esse que era apenas quebrado por comentários como “passa o guardanapo” ou “obrigado”, nada que passasse do essencial e indispensável. Ao término da refeição os três seguiram para a sala a fim de assistirem a aula de biologia que por sinal já havia começado há cinco minutos.
Uma hora e quarenta minutos depois e a aula acabou, aula essa que seria imediatamente procedida por outra caso o professor de sociologia não viesse a faltar por conta de problemas de saúde.
Assim que souberam do atual estado de seu professor os alunos do primeiro ano de eletromecânica dirigiam-se á suas casas. Assim que saíram da sala Daniel, Davi e Gabriela notaram que duas de suas colegas de sala estavam comentando sobre os acontecimentos dos últimos dias.
-Então, Cláudia, já decidiu para que escola você vai quando sair daqui?- Disse a primeira enquanto fechava a bolsa que carregava os seus pertences.
-Não, Dora, mas acho que independente disso não vou mais sair, eu ia embora por que estou com medo desse assassino louco que está à solta por aí, mas correm boatos de que ele vai matar a todos que quiserem sair daqui. Estamos num beco sem saída, se ficarmos aqui morremos, se sairmos morremos- Como pausa, ela deu um longo suspiro- Espero que peguem logo esse assassino.
-É...espero...- Caladas, as duas saíram duas saíram da sala com medo do que pudesse vir a acontecer.
-Todos estão desesperados, temos que acabar com isso de uma vez por todas- Com pesar Davi concluiu.
-Como elas sabem que o zodíaco ameaçou matar aqueles que saírem da escola?- Gabriela perguntou.
-Hoje mesmo liguei para o diretor para falar da ligação que o zodíaco me faz há poucos dias, falei inclusive sobre essa ameaça, só não esperava que a notícia fosse se espalhar tão rápido...- Daniel coçava a cabeça num gesto de preocupação.
OS três ficaram ali parados e só vieram a sair de lá quando Davi recomendou que eles fossem para casa. Já estavam quase saindo do colégio a apenas alguns metros da porteira, quando avistaram uma pessoa correndo a toda em sua direção. Quase caindo, a pessoa chegou até eles.
-Adriana?- Disse Davi ao reconhecer à amiga.
-Arf... Arf...- Ofegante a garota começou a falar- Oi gente, cheguei tare hoje por que eu só vim a dormir de madrugada e precisava terminar umas pesquisas antes de vir para cá. Assim que cheguei aqui vi Dora e Cláudia indo para casa, elas me disseram que todos já tinham ido para casa por conta de que o professor de sociologia não pode vir, por isso vim correndo, pra dar tempo de achar vocês, precisamos muito conversar.
-Nossa- Gabriela impressionou-se com aquela chuva de palavras vidas da amiga- o que é que você quer tanto nos falar?
-Eu já vou dizer, mas antes vamos para a pracinha, estou exausta e preciso sentar um pouquinho, lá nós conversamos melhor.
Sem demora os quatro amigos seguiram rumo á pracinha do colégio que Adriana havia mencionado. Assim que lá chegaram Adriana sentou-se, juntamente aos seus amigos e prontamente tirou de sua mochila seu notebook HP rosa junto ao seu pequeno modem 3D. Adriana até poderia usar a conexão wi-fi de sua escola, no entanto a lentidão da mesma a fazia recorrer ao seu modem sempre que podia. Assim que conectou na internet e abriu seu navegador google chrome a loira começou a falar.
-Ontem a noite eu estava pesquisando sobre o zodíaco, eu queria saber se sabendo mais sobre o zodíaco eu conseguiria saber mais sobre os assassinos que ligaram por meio de uma mulher para falar com Daniel nesse sábado. Sabe, no começo achei apenas coisas bobas como detalhes sobre as constelações, horóscopos online e uma série japonesa chamada cavaleiros do zodíaco. Eu já estava quase desistindo quando achei esse site que acabei de abrir chamado “serial killer’s.net” e achei algo interessante, vou ler aqui para vocês saberem do que eu estou falando: “Hoje vamos falar sobre um caso incrível que abalou toda a América do sul há quarenta e quatro anos atrás (1969), dentre seus inúmeros nomes destacasse como “o massacre de São Francisco” o nome do serial killer da vez é assassino...” –A loira fez uma pausa como quem teme dizer tal nome- “...do zodíaco”.
-Caramba...- Daniel estava impressionado.
-Vocês acham que pode haver uma ligação entre os dois casos, o nosso e o de 1969?- Perguntou Gabriela voltando-se para os detetives.
-Há uma possibilidade, mas acho que ainda é cedo para dizer qualquer coisa. O que mais está escrito aí, Adriana. –Davi começou a interessar-se pelo caso.
- “Zodíaco, como era chamado, foi um assassino singular, pois ele não escondia seus atos. Em cindo de julho de mil novecentos e sessenta e nove ele fez sua primeira vítima registrada, um casal estava a namorar em Vallejo, Califórnia, em seu carro, um homem os abordou matando-os a tiros com uma maluger nove mm. Instantes depois um homem liga para a polícia local relatando tudo o que havia acontecido em detalhes, era ele, o zodíaco. Os meses que se seguiram foram de puro desespero, pois o zodíaco fazia mais e mais vítimas sempre avisando ou relatando a polícia sobre seus atos. Existem boatos em que dizem que o zodíaco teria afirmado ter assassinado 37 pessoas. O caso foi amplamente investigado por muitíssimas autoridades no assunto,  mas o zodíaco jamais foi pego...” É isso, esse é o resumo de tudo,  mas se quiserem posso ler a versão completa que está logo abaixo. –Disse Adriana ao terminar a leitura.
-Não, agora não. Vamos trabalhar com o que temos. –Davi falava enquanto Adriana fechava o notebook. –O que você acha disso tudo, Daniel?
- Bem, acho que de fato existe sim uma ligação entre o nosso caso e o de 44 anos atrás, o modus operante de ambos os assassinos é muito semelhante, eles avisam a forma com que vão fazer seus crimes e agem logo em seguida, mostrando a imensa autoconfiança de ambos os criminosos em ambos os casos sem falar no óbvio que é o nome deles ser zodíaco tanto no nosso caso quanto no que Adriana achou na internet.
- E você acha aqui trata-se do mesmo assassino do passado?- Perguntou a loira a Davi.
- Acho que não.- Respondeu Davi- Se ele ainda estiver vivo certamente está em idade muito avançada, o que dificultaria com que ele entrasse em ação, A única chance de ele estar envolvido nesse caso seria se ele fosse o cabeça desse grupo de assassinos que estamos investigando,  mas nesse caso viria outra dúvida: pra que diabos um cara desse calibre viria ao Brasil?
- Faz sentido...- A ruiva sutilmente levava os dedos ao queixo como sinal de preocupação.
- De toda forma existem mais algumas coisa que não podemos deixar passar batido, primeiro, os dois casos tem uma ligação muito estreita então podemos esperar que nossos assassinos continuem agindo da mesma forma que têm agido até agora. Segundo, devemos prestar muita atenção na próxima ligação deles, pois só assim vamos saber qual o grau de envolvimento deles com o cara de 44 anos atrás, e terceiro, devemos pesquisar mais sobre o “zodíaco” do passado, isso pode nos dar dica sobre como agir de agora em diante. –Concluiu Daniel.
-Muito bom. – Davi levantou-se a começou a andar – Mas acho que devemos nos apresar, já são cindo e quarenta e cinco da tarde, daqui a pouco o escolar vai chegar.  
- Ah, é mesmo. – Gabriela olhou para o relógio ficando assustada com o horário – Adriana, vamos ali no banheiro comigo, rápido, se não o escolar chega. – Puxou o braço da amiga – Podem ir andando meninos, daqui a pouco nós alcançamos vocês.
- Há, há – Davi ria enquanto a garota se afastava – elas são lindas, né?
- Até demais... – Daniel sorria.
- é uma pena que elas tenham de se meter nisso tudo.
- Mas um dia isso tudo vai acabar, já saímos de cada situação bizarra... Não é essa que vai nos derrubar, não é mesmo, Davi.
- Sei não Daniel, nós até sabemos nos virar, vivemos nesse mundo de riscos desde os treze anos, mas elas duas... Isso sem falar no caso que estamos agora, é muito arriscado.
- Com assim? Aonde você quer chegar?
- Não consegue entender, Daniel? É simples, na última ameaça em que o zodíaco nos fez ele disse que iria matar uma loira, parecia que ele estava referindo-se a Adriana, certo?
- Sim, mas era tudo um engano, a vítima acabou por ser outra pessoa.
- Certo, mas veja bem, esse assassino sabe muito sobre nós, nossos nomes, celulares... Não temos ideia de até onde eles sabem, talvez eles até tenham conhecimento sobre Adriana e Gabriela, e se eles fizeram aquela ameaça justamente para nos confundir? É uma possibilidade. Eu quero que você entenda uma coisa Daniel, eles querem se divertir, querem brincar de gato e rato conosco e não vão para até que estejamos loucos de raiva para pegá-los.
- O que você quer dizer? Não pode ser que... – Daniel deu um passo para trás.
- É isso mesmo que você está pensando Daniel. Para o nosso zodíaco isso tudo não passa de uma brincadeira, um pega-pega, um jogo e nós não passamos de peões em seu tabuleiro, eles farão de tudo para nos moverem da forma que quiserem e agora eles devem estar querendo deixar as coisas mais movimentadas e vão usar de tudo para que nós entremos em seu jogo. O que quero dizer é que provavelmente eles vão querer que levemos isso tudo pro pessoal, eles já nos deram dicas sobre seus atos para ameaçar nosso orgulho quando conseguissem se mostrar vitoriosos, o próximo passo para nos colocar na “brincadeira” deve ser... Matar alguém próximo a nós e que está nos ajudando na investigação justamente para nos sentirmos culpados e essas seriam...
- Gabriela, Adriana e... Clara?... – Daniel começou a tremer.
A foice da morte voltou-se para as amigas dos detetives.

8ª suspeita:visita na escola.


Dia 16 de abril de 2013, terça-feira, sol, Simões Filho, IFBA, 12h43min da tarde.

Em plenos e massacrantes 29 cº estavam a andar Daniel e Davi em direção a sua escola, mais um dia de aula começava para eles. Depois de alguns minutos andando e conversando sobre assuntos corriqueiros do dia-a-dia os dois detetives enfim chegaram a entrada do pavilhão acadêmico de seu colégio avistando logo em seguida um burburinho próximo a entrada do mesmo.
- O que é isso? – Perguntou a Daniel a um colega de classe que estava presente no local.
- Ah, oi Daniel, é que saiu o edital da semana de saúde – Respondeu o colega – As equipes que estão sem vagas estão aqui com seus líderes para chamarem o pessoal que está sem equipes.
A semana de saúde consistia em um período de três dias em que o IFBA parava todas as suas atividades para presenciar e assistir as apresentações dos alunos de toda a instituição sobre saúde. As apresentações da semana de saúde abordavam sobre infinitos temas, desde drogas lícitas ou ilícitas até doação de sangue. Por ser um projeto interdisciplinar a semana de saúde era organizada por equipes de apresentação composta por alunos do primeiro ao terceiro ano, cada equipe com trinta pessoas, dez de cada ano, e sua pontuação valia 25% da pontuação geral da unidade, ou seja, 2,5 pontos. Daniel e Davi já estavam cientes de que a semana de saúde seria realizada pouco tempo depois do início do ano letivo, eles só não sabiam que viria a ser tão cedo e que as equipes estavam quase que completamente formadas.
- Então, vocês já tem uma equipe? – Perguntou o colega de Daniel voltando-se para o mesmo.
Antes que o loiro tivesse a oportunidade de responder negativamente a questão que lhe foi feita eis que uma voz feminina o interrompe.
 – Sim, eles estão na minha equipe – Gabriela, acompanhada de Adriana, tinha acabado de chegar – Tomei a liberdade de colocar o nome de vocês dois lá, o nome da equipe é “yashin” e pertence à Luciana, aquela menina alta do terceiro ano de petróleo e gás, ele me convidou para entrar na equipe dela semana passada.
 - Ah, obrigado Gabi, mais um pouquinho e nós ficaríamos sem equipe e sem nota. – Davi dizia isso ao abraçar as amigas num gesto de carinho e saudação.
- Eu acho que seria muito mais educado perguntar se queríamos entra na equipe, não acha? – Daniel parecia não gostar da ajuda da ruiva.
- Por que você está falando assim comigo? Eu só estava tentando ajudar, não fiz nada de errado – Gabriela magoou-se.
- Só falei a verdade, eu nem sei quem é essa tal de Luciana, e se nós não gostássemos ao ponto de não querer entrar nele, o que você ia fazer? – Questionou Daniel.
- Eu... Eu... Eu ia bater em vocês dois – Gabriela irritou-se – Eu tentei ser educada, tentei ajudar, mas não, ninguém precisa da minha ajuda aqui né? Desde sábado você anda assim Daniel, bastou arranjar uma namoradinha pra ficar arrogante, quer saber de uma dom Ruam? EU ESTOU FARTA DISSO, ADEUS! – E gritando, a menina retirou-se em direção ao ponto de ônibus para voltar para casa.
- Gabriela! – Adriana correu em direção da amiga a fim de consolá-la.
- O que foi que deu em você, cara? – Davi repreendeu – Olha só o que você fez...
- Não fiz nada demais, apenas disse a verdade – Falou e seguiu em direção a sala de aula.
Davi não gostou da resposta de Daniel, no entanto, ele sabia que o amigo era teimoso demais para voltar atrás.
Independente de qualquer coisa, inclusive a indiferença de Daniel para com a ideia de Gabriela, a dupla de detetives optou por se manter na equipe yashin aquela da qual Gabriela os tinha escrito.
Um mês se passou desde então e a semana de saúde ia aproximava-se a cada dia. Os alunos, cada vez mais apressados, corriam para conseguir encerrar a produção dos trabalhos a tempo, apesar de um mês ser um tempo grande para a produção de um trabalho o mesmo necessitava de tal tempo para ser concluído, afinal de contas aquele não era um trabalho de quinta série onde o único esforço era o de colar figuras numa cartolina, mas sim uma produção extremamente maior com direito a imensas pesquisas, ensaios e até mesmo um corpo especial de jurados compostos por professores e convidados para ver e julgar os trabalhos.
Alguns dos estudantes, especialmente os mais veteranos, não gostavam da forma com que seus trabalhos eram julgados, pois muitos deles perdiam dinheiro, tempo e muito esforço para ganhar apenas 70 ou 80% da nota total, tendo muitas vezes razão, pois o esforço dedicado para agradar ao grupo de jurados era algo fora do sério para não se ganhar a nota total do projeto.
Os dias passaram e enfim chegara o tão temido dia do início da semana de saúde.
As apresentações seriam todas feitas no fim do corredor do térreo de forma que todos os estudantes e jurados pudessem ver a apresentação. Cinco equipes já tinham se apresentado, já eram duas horas da tarde, os estudantes tinham acabado de voltar do almoço e eis que agora era a vez da equipe de Daniel e Davi se apresentar.
- Estou nervosa – Disse Adriana.
- Todos estamos dri, mas tenha fé que vai sair tudo certo – Davi abraçou a amiga a fim de encorajá-la.
- Pra você é fácil falar, você só precisou fazer o vídeo que vai rolar enquanto vamos estamos falando – Daniel estava revendo a sua fala.
- Sim, Daniel, você é o mais cara de pau de todos aqui, com certeza não está com um pingo de nervosismo – Repreendeu Davi.
- Nada a ver, eu estou nervoso sim, quero que o júri fique impressionado com minha entrada – O loiro sorriu.
- Certo Daniel, em questão de sem vergonhisse você se supera a cada dia – Davi riu e voltou-se novamente para Adriana.
- Ei, pessoal – Luciana, a líder da equipe, chamava seus companheiros juntamente a Daniel e Adriana – O professor já deu sinal verde, é agora!
Sem mais delongas todos os integrantes da apresentação dirigiram-se para o local da mesma e Daniel, é claro, foi o último a sair, distribuindo a todos sorrisos e saudações com uma autoconfiança de gigante. Adriana suava frio.
O tema da equipe foi doação de sangue, Daniel foi o primeiro a falar. O discurso desse equipe focava-se nos pontos positivos e nos ganhos que a doação de sangue trazia tanto para os beneficiados quanto para os beneficentes e também falava muito da necessidade de se doar sangue hoje em dia.
Vinte minutos de discussão (com Daniel, como sempre, falando bem mais do que devia) e eis que a apresentação acabara.
- Então é isso aí pessoal, nós somos a equipe yashin e essa foi nossa apresentação sobre doação de sangue – Ao término da fala de Daniel a equipe saiu de cena com uma salva de palmas.
- Vocês foram ótimos – Com um enorme sorriso Davi parabenizava os companheiros de equipe.
- Eu sabia que ia dar tudo certo – Daniel gabava-se de seus feitos – Afinal de contas eu estou na equipe.
- Sim, senhor das apresentações – Davi falava em tom de deboche – tenho dois recados para você. Primeiro, Luciana mandou avisar que depois quer todos da equipe juntos para tirar umas fotos. Segundo, “ela” me ligou e disse que já estava aí, pediu pra você ir vê-la depois que terminasse de apresentar, “ela” disse que está ali no camarote vip – Davi apontou para cima apontando para o corredor do primeiro andar da instituição do qual podia-se ver as apresentações por conta de que seu corrimão parava muito antes do parede que fica a sua frente deixando um grande espaço para se ver o que acontece logo abaixo de quem está olhando do mesmo.
- Camarote vip não é? Hum...- Daniel estava pensativo – E falando isso Daniel subiu as escadas e com alguns segundos de caminhada eis que ele avistara uma garota singular de cabelos negros assistindo as demais apresentações. Ela já tinha percebido que ele estava andando em sua direção, mas fingia não notar. Assim que a alcançou Daniel a abraçou beijando-a logo em seguida.
- Já estava pensando que não viria mais. Por que não ligou pra mim ao invés de ligar pra Davi? – Disse o loiro a sua namorada.
Se eu ligasse para você ia estragar a surpresa de ver a sua apresentação, já que você com certeza ficaria nervoso se soubesse que eu estava assistindo – Clara não conseguia parar de olhar os olhos do amado.
- Ah, tá...Você sabe que eu não tenho essas besteiras – O loiro irritou-se.
- Sei, ô como sei – Irônica, Clara virava o olhar – Amor, vou ir ao banheiro, viu? Já volto.
Assim que Clara saiu, Davi, Adriana e Gabriela estavam chegando ao ponto que assim que Clara se virou para ir em direção ao banheiro ela pode ver Davi junto As duas garotas vindo em sua direção. Clara acenou para Davi e ele correspondeu de muito bom grado. Poucos passos depois lá estava ele ao lado de Daniel.
- Ei, Romeu, está sabendo que a próxima apresentação é a da equipe de Órion, né? – Davi deu um tapinha nas costas do amigo.
- É sobre o que a apresentação?
-Medicina do trabalho.
Daniel olhava para trás para ver se Clara já estava voltando – Tipo... Superinteressante.
- O que é isso cara? Eu sei que não é um tema legal, mas vamos prestigiar a apresentação do garoto.
- É isso aí – Gabriela interrompeu – Vão assistindo apresentação de Órion aí, enquanto isso eu e Adriana vamos descer pra beber água – A ruiva puxou a amiga que prontamente se dispôs a seguir a amiga.
- Ai, ai... – Davi sorria – Essas duas são incríveis, estamos estudando numa escola da qual estamos sobre o risco de ser assassinados a qualquer momento e mesmo assim elas conseguem agir como se nada disso estivesse acontecendo.
- Se for pra ver por esse lado nós também estamos assim, já tem um mês que a investigação está parada, só pesquisamos e pesquisamos e ação nada. Estou começando a ficar preocupado Davi, não sabemos quando o zodíaco pode atacar novamente, ele disse algo sobre ser um ataque triplo muito bem bolado e que seria num momento que não iríamos esperar.
- “Um momento que não iríamos esperar”... – Davi fez uma pausa para pensar um pouco – provavelmente ele estava se referindo a um momento do qual jamais imaginaríamos um assassinato, talvez pudesse ser quando estivéssemos no banheiro ou quando a escola estivesse cheia, também devemos cogitar um ataque fora da escola.
- Quando a escola estivesse cheia? – Daniel assustou-se – Tipo... Hoje?
Um grito irrompeu da multidão.
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH!
- O que foi isso? – Disse Davi.
- Zodíaco! – Respondeu Daniel.
No mesmo instante um homem mascarado apareceu bem no maio da apresentação, ele estava armado com uma pistola semiautomática segurando-a apenas com o braço direito, pois o esquerdo estava ocupado demais segurando Órion.
- Olá, caros estudantes do IFBA simões filho, há muito eu queria lhes ver. – Em seu rosto estava esboçado um sádico e horrendo sorriso.
-ÓRION! – Gritou Davi.
- Sabe, eu fiquei muito ofendido quando soube que vocês não me chamaram para essa festa – o monstro continuava seu discurso – Tão nervoso que me deu vontade de matar um – No mesmo momento ele atirou na máquina fotográfica do câmeraman que estava registrando tudo.
Professores, jurados, alunos, todos começaram a correr desenfreadamente em direção a saída que ficava do outro lado do pavilhão estudantil, no entanto, outra figura apareceu do lado da porta.
- Muito bem garotada – Uma garota mascarada com uma camisa regata, calças e botas igualmente negras apontava seu revolver para a multidão – Ninguém sai do prédio. Se alguém der uma de herói ou bancar o espertinho morre na hora.
Um dos estudantes irou-se – VOCÊ NÃO PODE CONTRA TODOS NÓS! – Ele saiu correndo junto a outros quatro colegas visando derrubar a criminosa.
BANG! BANG! BANG! BANG! BANG!
Cinco tiros certeiros, na cabeça, os cinco estudantes fora, atingidos antes mesmo de chegarem a três metros da garota.
- Eu avisei – Disse ela – Vamos lá, todo mundo voltando para perto do meu colega ali na outra ponta do pavilhão.
Instantaneamente e de uma forma um tanto quanto desesperado os reféns fizeram o que a garota lhes mandara.
Daniel e Davi permaneciam no mesmo lugar onde estavam, por mais que eles não pudessem fazer nada eles não poderiam deixar Órion sozinho com um dos zodíaco.
Assim que os demais reféns chegaram Daniel e Davi puderam avistar a autora dos tiros que ouviram há pouco, eles também a escutaram dando ordens como “continue!” ou “mais rápido!”.
- É ela – Concluiu Daniel – Foi ela a zodíaco que me ligou.
- Muito bem – Enquanto apertava a cabeça de Órion com o revolver o bandido começou a falar - Escutem o que vou dizer agora por que só vou falar uma vez. Viemos aqui fazer uma visitinha no seu colégio para lhes dar um recado. Primeiramente quero que saibam que não estamos gostando da forma com que vocês têm agido, nós fizemos o favor de avisar que mataríamos aqueles que se ousassem a sair do colégio e vocês simplesmente o fazem ou passam a deixar de frequentar as aulas sem mais nem menos? Isso é um absurdo, mas como eu somos muito legais decidimos lhes dar mais uma chance, passem a ser bons estudantes e frequentem as aulas todos os dias. Faltou uma aula? Morre. Claro, nós não poderíamos deixar barato para aqueles que saíram do colégio sem mais nem menos, hoje de manhã já matamos os cinco que saíram do IFBA, são eles: Arnaldo Silva, George Antônio, Marcos Lucas, Catarina Marques e Dionísio Dantas,
-NÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÃÕOOOOOOOOOO! – Uma garota gritava e chorava desamparada em meio à multidão – MAAAAAAAARCOOOOS!
Ela chorava, chorava e chorava sem cessar, estava irremediável. Eis que o zodíaco que segurava Órion aproximou-se dela se agachou e levantou seu rosto com a ponta do revolver.
- Ó, coitadinha, era seu namorado?
Tremendo, ela fez sinal positivo com a cabeça sem jamais deixar de olhar para baixo.
- Que peninha, sabe, a maioria dos assassinos mandariam você calar a boca e parar com esse choro infernal ou te matariam na hora, mas como sou um cara bonzinho não vou fazer nada disso, afinal de contas o som do seu choro colabora para que os demais permaneçam em pânico.
A garota levantou a cabeça e visualizou desesperada o sorriso maquiavélico daquele demônio até que...
BANG!
- Brincadeirinha, eu até gosto de pânico geral, mas poupar menininhas chorosas não é bem a minha praia. – Disse o assassino após estourar os miolos da garota.
- Sim baby, vamos logo ao que interessa – A garota do zodíaco voltou-se o seu comparsa.
- Ai, ai... Apressadinha como sempre – Ele respondeu e então elevou a voz – Certo, estamos aqui a procura de dois caras muito conhecidos por aqui, os nomes deles são... Daniel e Davi.

9ª Suspeita: Beijo de sangue


Dia 15 de maio de 2013, quarta-feira, sol, Simões Filho, IFBA, 14h57min da tarde.

- Estamos aqui à procura de dois caras muito conhecidos por aqui, os nomes deles são Daniel e Davi, eles estudam no primeiro ano de eletromecânica durante a tarde. – Disse o zodíaco que acabara de assassinar uma garota.
O clima estava tenso. Os dois detetives estavam suando frio. Repentinamente uma voz irrompeu da multidão.
- SÃO ELES! – Disse o jovem que apontara para os dois amigos.
Todos os olhares voltaram-se para Daniel e Davi.
- Há, há, há – Gargalhou o zodíaco que falara a pouco – Ora, ora, se não são meus detetives favoritos. Venham aqui, desçam, quero vê-los de perto. – Seu sorriso maquiavélico deixava mais do que claro quais eram suas intenções.
Sem escolha os dois jovens desceram respondendo ao chamado do assassino.
- E agora? – Disse Daniel.
- É nossa chance, finalmente vamos ver cara-a-cara os autores das ligações do zodíaco. Vamos arrancar o máximo de informações que conseguirmos, isso vai ser útil mais tarde. – Apesar de aparentar estar calmo Davi suava frio.
-Isso é, se nós sobrevivermos, claro. – Daniel descia os últimos degraus até chegar a aquele que os chamou.
- Vamos sobreviver... Acho.
Por fim os dois detetives chagaram até onde a dupla de vilões os chamou.
A situação não era nada agradável e qualquer deslize acarretaria na morte dos estudantes, a coisa ia de mal a pior.
O zodíaco não tinha um pingo de pudor quanto a esconder sua diversão com aquele momento.
- Vocês não sabem o quanto eu esperei para vê-los... Apesar de que eu sempre achei que fossem mais altos, afinal, pra matar nosso companheiro touro vocês certamente deveriam ter um bom condicionamento físico.
- DANIEL, DAVI, SAIAM DAQUI! – Gritou Órion ao ver os amigos, o bandido apertou com mais força a arma em sua cabeça assim que o rapaz gritou.
- Quando se tem uma arma em mãos pouco importa o condicionamento físico – Davi tomou a frente. – Vocês mesmos são exemplos disso, fazendo de refém toda uma escola apenas com dois revólveres, o que se mostra um ato pra lá de covarde.
- Ora, cada um usa as armas que tem, garoto. Um leão não se preocupa se uma zebra tem presas quando parte para a caça. Assim são os humanos, tão sujos e selvagens quanto os animais. – Enquanto falava isso ele apertava a clavícula de Daniel com o revólver segurando Órion com mais força com o braço que o prendia.
- Vamos parar de rodeios. Digam logo o que vocês querem. – Daniel simulava a total ausência de medo.
- Nada de mais, apenas viemos fazer uma visitinha, passar nosso recado aos seus colegas de escola e ver pessoalmente a cara de vocês, afinal, precisamos saber até onde vocês são bons.
- O que quer dizer com isso? – Perguntou o loiro.
O zodíaco revirou os olhos, a única parte do rosto que sua máscara deixava a mostra. – Misericórdia, você realmente não lembra? Vamos lá, me mostre do que são feitos os “maiores detetives juvenis do mundo” – Disse em tom de ironia. – Nós já falamos que nosso próximo ataque, no caso este, seria em um momento em que jamais esperariam, e assim foi, estamos aqui em plena luz do dia, em um evento onde várias pessoas estão testemunhando isto...
- Seria “um ataque triplo muito bem bolado”. – Completou Davi.
- Exatamente, não acham que falta alguma coisa?
- Hum... – Daniel se pôs a pensar. – No momento existem apenas dois de vocês aqui, ou seja, ou vocês vão fazer mais dois ataques durante o dia ou mais um de vocês ainda vai aparecer hoje.
- Bingo, uma salva de palmas para o loirinho, no entanto, ainda tem mais um fator, seria muito sem graça se as coisas fossem tão simples.
- O que você quer dizer?
- Pense bem, idiota. Olhem o perfil do assassino que está perante vocês, nós somos cheios de caprichos, gostamos de emoção, de fazer as coisas ficarem sempre mais e mais divertidas, até por que matar por matar não tem graça, tem que ter um algo a mais. Apesar de estarem encurralados fisicamente seu psicológico ainda está totalmente sobre controle, vocês acham mesmo que nós íamos deixar isso assim?
- Não... – Daniel foi o primeiro a perceber. – DEIXE-AS FORA DISSO! – O loiro começou a tremer.
- HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ – a gargalhada maquiavélica do assassino parecia ser capaz de cortar corações. Seu som se propagava horrivelmente por todo o pavilhão. – Então você percebeu, que maravilha. Olhem só, já está tremendo, que ótimo, magnífico, não esperava menos de seu poder dedutivo, estou adorando sua reação.
- O que foi, Daniel? O que você percebeu? – Davi ainda não compreendia a situação e tocava o ombro do amigo a fim de acalma-lo.
- Não tenho tempo de explicar, cuida dele! – Daniel saiu em disparada subindo as escadas pelas quais descera há pouco.
-EI! – Gritou o zodíaco apontando a arma para o loiro.
- AGORA! – Gritou Órion ao perceber a brecha que foi aberta.
Aproveitando-se da distração do zodíaco Davi deu um chute na mão que estava armada fazendo com que o revolver saísse da mesma rodopiando pelo ar, a arma disparou, mas errou devido ao golpe que a mão que a estava controlando levou, com um salto o rapaz pegou a mesma apontando-a logo em seguida para o monstro.
- O tabuleiro virou, solte Órion! – A expressão de Davi mostrava que ele não estava de brincadeira.
- Muito bem, você venceu. – O zodíaco homem fez o que lhe foi mandado, Órion correu para junto de Davi assim que foi solto. – No entanto, ainda existem mais peças no jogo que você está ignorando.
-ISSO MESMO! – A garota mascarada que fazia todos de reféns pelas costas manifestou-se diante do risco que seu comparsa corria no momento e mirou a arma para Davi. – Agora sou eu que mando nessa zona, solte a arma!
-Nem pensar. – Davi mirou a pistola para o rosto do homem que prendia Órion até então. – Se você fizer alguma coisa ele morre.
- Hu – A garota deu uma leve risadinha, ela ficou impressionada com o quanto o jovem era perspicaz e a maneira com que ele conseguiu virar a situação. – Sem problemas, eu mato ele primeiro e depois mato você.
- Está blefando.
- Não estou, vamos logo com isso, solte a arma.
- Se você o matar terá que conter sozinha todo esse pessoal, as chances deles conseguirem fugir será grande, sem falar que podem te enfrentar, já que não terá mais ninguém apontando um cano de revolver atrás de suas cabeças. – Davi fez um sinal para que Órion se aproximasse, e colocou a mão do ruivo junto a sua na arma de fogo. - Se me matar Órion já estará com a arma em mãos e vai poder atirar em você no mesmo instante, por mais rápida que seja você não vai conseguir revidar antes dele, sem falar que eu conheço esta arma, ela tem capacidade para até seis balas, você já usou cindo mais cedo, só tem mais uma, vai ter que recarregar o que dará tempo suficiente para Órion explodir seus miolos.
- Boa. – Órion sorriu ao ouvir o plano do amigo.
Por um instante todos ficaram calados, ninguém esperava que algo assim viria a acontecer, nem mesmo a dupla do zodíaco, sorrisos e lágrimas estavam espalhados entre os rostos daqueles que estavam sendo usados de reféns, uma esperança surgia nos corações, talvez ninguém mais precisasse morrer naquela tarde.
- Você é bom, muito melhor do que eu imaginava, mas nós também temos armas na manga. – A garota apontou para cima.
- Daniel... Droga.
Daniel a muito tinha parado de correr, pois assim que chegou a outra ponta do primeiro andar do pavilhão estudantil avistou aquilo que temia. Zodíaco, mais um assassino, o último, aquele que enfim completaria o ataque triplo. Ele era um homem alto e forte, usava uma camisa regata preta, calças e botas de igual cor e não estava sozinho, com as mãos na nuca e ajoelhadas no chão estavam Adriana, Gabriela e Clara, o terceiro apontava sua arma para as cabeças das moças, Adriana chorava, Gabriela desesperou-se ao ver Daniel, Clara gritou.
- DANIEL!
- O príncipe encantado chegou em sua carruagem. – Disse o terceiro zodíaco – Pensei que não chegaria a tempo de salvar a princesinha em apuros. – E assim que o disse lambeu o rosto de Clara num tom pervertido de provocação.
- Se você tocar mais um dedo que seja nela, eu... – Daniel irou-se, seus olhos estavam cheios de veias.
- Você o que? Vai me bater? Por favor... Dê graças a Deus que eu ainda não pude fazer nada com ela... Ainda – Daniel ficou ainda mais irritado e ameaçou avançar no criminoso, mas parou assim que o mesmo fez um gestão de calma com a mão a fim de o fazer ouvir, sua face demonstrava o quanto ele estava sadicamente divertindo-se com aquilo .- Então vamos começar o jogo, escolha uma delas que imediatamente eu matarei as outras duas. Se quiser um palpite eu pouparia à ruiva, pois ela é mais encorpada, he, he, he...
O maligno estava a encarar o detetive loiro com sua sádica expressão de prazer.
Todos ficaram calados, as garotas se entreolharam, Adriana e Gabriela sabiam que não tinha mais volta e que certamente Daniel escolheria Clara, no entanto, ele mesmo já não tinha tanta certeza, não que ele não a amasse, mas o fato de ter que escolher alguém para sobreviver, ou melhor, escolher quem vai morrer era um desafio para o garoto, ele não podia simplesmente dizer que preferia que a namorada continuasse viva, pois jamais conseguiria viver com o fardo de ter feito uma escolha que matou suas amigas, sua cabeça já estava tonta de tanto pensar, quando, de repente, ele fez a escolha mais louca e também a mais irresponsável.
- AAAAAAAAAAAAAH! – Furiosamente gritou Daniel ao avançar a toda em seu inimigo.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO, IDIOTA? – O zodíaco deu dois disparos antes de cair, em vão, pois Daniel conseguiu segurar o braço do mesmo antes que ele tivesse a oportunidade de balear o garoto o que fez com que as balas não o atingissem.
Os dois começaram a digladiar-se, Daniel segurava os dois braços de seu adversário fazendo com que eles pudessem valer-se apenas das pernas da luta. Chutes, cabeçadas, rasteiras, pontapés... Os golpes pareciam não ter fim e Daniel parecia não ir bem, já estava bem machucado e sangrando enquanto o zodíaco ainda demonstrava o mesmo vigor que tivera desde o começo da luta.
- Aceite o seu fim, moleque, não tem jeito pra você, me solte que eu lhe prometo pensar em não abusar da sua namorada na sua frente!
O zodíaco estava quase soltando suas mãos, e sorria predizendo sua vitória, as garotas começaram a gritar e o desespero subia a garganta do jovem detetive, foi quando sem opções ele valeu-se de uma medida impensada.
- NÃÃÃÃÃÃOOOO, DAANIEEEEEL!!! – Clara estava desesperada com a cena.
Daniel usou o peso de seu corpo saltando sobre seu inimigo fazendo com que ambos caíssem da sacada do primeiro andar.
Clara vomitou sangue assim que viu a cena, Adriana estava paralisada, simplesmente sem ação e Gabriela não parava de chorar, o bandido se fora, mas levou Daniel junto com sigo, um minuto de silêncio se seguiu, até que elas avistaram uma mão que parecia pendurar o peso de seu corpo no chão da sacada.
- Não é possível. – Gabriela enxugava as lágrimas. – Daniel deu a vida pra nos proteger e você ainda está vivo? – Ela se levantou. – Não vai ter tanta sorte dessa vez.
Gabriela saiu correndo na pretensão de terminar o trabalho que seu amigo havia começado, em sua cabeça borbulhavam milhares de pensamentos e emoções, aquele garoto tão tosco e arrogante que ainda a pouco brigara com ela parecia valer mais do que qualquer tesouro, seu coração estava apertado, uma mistura de tristeza e ódio, uma alquimia pra lá de perigosa. Ela corria e levantou o pé a fim de pisotear a mão do zodíaco até que ele caísse, mas assim que as lágrimas deixaram seus olhos permitindo que ela enxergasse melhor ela viu algo que jamais esperou.
- Da... Daniel? – Sua expressão passava de surpresa a felicidade.
- Por favor, não faça isso de novo, por um momento pensei que você realmente ia me fazer cair de vez. – Ele sorria e fazia sinal de positivo com a mão que estava livre. – Vem, me ajuda a subir!
  Prontamente e muito feliz a amiga fez o que lhe foi pedido e Daniel subiu sem mais problemas.
A tristeza que outrora tomava os corações que presenciaram a cena agora parecia jamais ter existido, um sentimento de alívio e de alegria geral tomou conta de todos... Até agora.
- CLARA! – O loiro gritou ao ver sua namorada. – O que foi que houve?
Ele ajoelhou-se junto a ela e percebeu a situação horrível da qual a pobre se encontrava. Uma das balas que foram desviadas a pegou em cheio no ombro direito, e agora ela sangrava horrivelmente pelo mesmo. Daniel a pegou em braços e a suspendeu junto a seu peito com todo o carinho e atenção do mundo a fim de não a ferir ainda mais. Os olhos dos dois encheram-se de lágrimas, e a alegria que rapidamente tinha chegado aos seus corações foi embora com a mesma velocidade que veio.
- Clara... Meu Deus... Eu não queria... – As frases não conseguiam sair completas da garganta do rapaz.
- Eu sei... COF! – ela tossiu expelindo mais uma onda de sangue pela boca. – Eu sei, amor... Ninguém queria...
-CHAMEM A AMBULÂNCIA! RÁPIDO, CHAMEM A AMBULÂNCIA! – Ao ouvir o pedido de Daniel as duas amigas desesperadamente pegaram o celular de seus respectivos bolsos.
- Calma, não é preciso. – Clara interveio. – Eu trabalho com gente morta todo dia, sei quando não tem mais jeito. COF! COF!
- Não fala assim Clara, tudo tem jeito sim, a gente vai dar um jeito, a gente vai... – Clara elevou os dedos aos lábios do namorado fazendo-o carinhosamente calar-se.
- Que engraçado, não é? Parece até conto de fadas, até que a morte os separe... – Serenamente ela sorria.
O rosto de Daniel estava vermelho de tanto chorar. – Sua boba... Eu... – Ele aproximou seus lábios aos dela. – Eu te amo.
Um longo beijo de despedida foi concretizado naquele momento, os lábios de ambos estavam delineados com sangue. Igualmente aos seus lábios as lágrimas dos dois se encontraram e enfim, como tudo acaba, até mesmo a vida, o beijo cessou.
- Eu te amo, Daniel... Te amo...
Ela fechou pesadamente os olhos e uma serena e calma expressão tomou conta de seu rosto.
Clara está morta.


10ª Suspeita: Recomeço

Clara está morta...

Logo após o falecimento da jovem namorada de Daniel os dois zodíacos restantes sumiram. A garota que estava armada jogou uma bomba de fumaça no chão o que deu brecha para que seu comparsa pudesse fugir junto a ela e Davi nada pôde fazer, pois seria muito arriscado correr naquela fumaça, pois se caísse e deixasse com que a arma escapasse de suas mãos ele não teria mais nada que o protegesse.
O terceiro zodíaco morreu logo após cair da sacada. Depois disso, Clara que se foi...

Dia 17 de maio de 2013, sexta-feira, nublado, Salvador, cemitério parque bosque da paz , 15h33min da tarde.

Todos estavam de preto, assim como o céu que os ameaçava com sua trovoada incessante. Lágrimas corriam pelo rosto de praticamente todos os presentes. Daniel estava irremediável. Perder a namorada que tanto amava de forma tão brutal, morta em seus braços, era demais pra ele, era um fardo que ele não poderia aguentar. Davi, Adriana, Gabriela e Órion também estavam presentes, todos devidamente vestidos para a ocasião.
Por fim, o corpo de Clara chegou protegido por um caixão robusto e muito bem ornado em detalhes dourados, a cor favorita da falecida. Seus pais choravam mais do que qualquer coisa. Seu irmão mais novo já tinha covas no rosto de tanto que chorara até então.
O padre que estava no local fez algumas considerações, falou sobre o quanto aquela jovem era promissora e a falta enorme que ela faria nos corações de todos ali presentes. Ele falou bastante, quase o mesmo tanto que falou durante a homilia da missa celebrada a pouco justamente em nome de Clara. Mais algumas orações e preces, vários minutos de silêncio e finalizaram o sepultamento, repousando o caixão dentro da cova feita especialmente para ele, enchendo-a de terra logo em seguida.
O número de flores que ornavam a sepultura poderiam sozinhas formar um dos mais belos jardins já vistos, uma coisa tão linda para honrar a triste morte de uma jovem garota que ainda tinha uma vida toda pela frente.
Começou a chover. Todos procuraram por abrigo numa casinha próxima, menos Daniel, a esta altura ele já estava encharcado, mas ele pouco ligava para isto, ele não ligava pra mais nada.
- A gente tinha tantos planos... Tantas coisas que eu queria viver com você... E no fim, apesar de tudo o que eu fiz, de toda a minha infantilidade, de todos os meus erros, você sorria pra mim... Eu preferia muito mais que eu estivesse nessa cova agora e não você, você não merece...
O jovem caiu de joelhos e assim que eles chegaram ao chão ele soltou um urro de indignação, todos puderam ouvir.
Um guarda-chuva pairou sobre Daniel, fazendo com que ele não viesse a se molhar ainda mais. O loiro nem se deu ao esforço de olhar para cima, seu rosto não transmitia expressão alguma além de dor, dor e sofrimento inigualáveis.
-Vamos meu caro, não perca a compostura. – Daniel enfim olhou para cima e o que viu foi um homem alto de cabelos e barba castanhos , ele era um tanto encorpado com mãos brutas, mas usava roupas finas, um terno de marca junto a uma gravata, camisa calça e sapatos de igual magnitude, ele olhava para Daniel e sorria para ele num tom de serenidade e confiança sem igual, seu sotaque soava um tanto norte americano, o que evidenciava que se tratava de u estrangeiro. - Eu compreendo sua dor, mas deixar-se abater por ela de forma a expor-se aos males da chuva não lhe trará bem algum. Não creio que esta jovem donzela que aí foi sepultada apreciasse que sua pessoa viesse a adoecer por conta desta chuva.
- Quem... Quem é você?
- Eu? Ora, isto pouco importa. Sou um homem de negócios e esta jovem que aí está era filha de um de meus melhores clientes. Meu nome é Carl Reymond, dono das empresas de propaganda e publicidade See! corporations.
- Sei... Meu nome é Daniel. Agradeço a sua ajuda senhor Reymond, mas não quero sair daqui agora, tenho muito pra pensar antes de ir embora.
- Entendo, a dor que o abate é tão profunda que não o permite sair de seu estado de luto. Pois bem meu jovem, o deixarei em paz, mas tome, leve meu cartão, pode parecer estranho mais me afeiçoei a você, caso necessite de alguma coisa sobre os problemas de sua instituição de ensino pode me procurar por este número que eu prontamente o atenderei.
Em seguida Reymond deixou Daniel na chuva uma vez mais. Ele já estava de costas quando Daniel o chamou.
- Reymond!
- Sim, diga-me.
- Como sabe dos problemas que estão ocorrendo em minha escola?
- Ah, homens como eu tem uma vasta rede de informações, afinal de contas, por mais que isso possa a lhe abater confesso que o caso que sua instituição de ensino se encontra no momento é instigante. Estou curioso para saber o final desta investigação. Quero saber qual dos lados irá ganhar, o voraz e genial assassino ou a magnífica dupla de detetives. – Reymond deu um leve sorriso.
- Isso não é um jogo, vidas humanas estão em risco... Clara foi uma delas.
- A vida é um jogo, caro amigo, independente do que está em risco. Tudo não passa de um grande jogo cheio de trapaças e armadilhas preparadas pelos mais bravos e cruéis algozes existentes.
- Você sabe demais e fala num tom que me desagrada, não percebe que neste exato momento você está entrando pra a minha lista de suspeitos número um?
- Sim, eu sei, no entanto peço que compreenda que apenas fiz um comentário que achei pertinente, afinal de contas sei que um detetive tão hábil quanto você é capaz de achar o assassino antes que ele faça sua próxima vítima.
- Próxima vítima? – Daniel deu uma risada de leve e em seguida seu rosto foi tomada por uma furiosa e assustadora expressão. – ELE vai ser a próxima vítima, não vou descansar até acha-lo, busco ele no inferno se for necessário.
- Hu,hu, hu. – Após terminar de rir o homem de preto voltou a andar em direção a uma limusine preta que acabara de chegar às portas do cemitério. – A determinação de um jovem é algo atípico atualmente, estou ansioso por notícias suas senhor Daniel, nos veremos novamente, até lá, mantenha-se vivo, pois não gostaria de vir a outro enterro tão cedo, pois é muito desgastante, até mais e tenha um bom dia.
- Até. – Daniel acenou ao homem que o respondeu com um sorriso antes que o carro desse a partida e saísse do local instantes depois.
O carro sumiu no horizonte.
Daniel ficou alguns instantes a contemplar o cartão que lhe foi dado pro Carl Reymond, era um belo carão contendo o telefone, website e endereço da See! corporations que curiosamente era uma empresa multinacional que trabalhava com publicidade e propaganda (desde comercias até criação de logo marcas ou slogans).
Por fim, Daniel guardou o cartão no bolso de sua calça e dirigiu-se na direção do carro de sua mãe (um Corolla prateado 2009) onde a mesma o esperava para voltar pra casa. Enquanto andava Daniel pôde ver que seus amigos já estavam no carro a sua espera e neste momento ele decidiu que não perderia nenhum deles nem que para isso ele tivesse que matar o zodíaco com suas próprias mãos.
Uma nova fase da investigação começava.

Dia 20 de maio de 2013, segunda-feira, sol, IFBA, campus Simões filho, 14h21min da tarde.

Apesar de na maior parte das vezes os estudantes do IFBA detestassem sua escola nunca se viu um dia em que ela estivesse tão silenciosa e deprimente quanto hoje. Por incrível que pareça todos os estudantes estavam na instituição assistindo suas respectivas aulas, o silêncio não provinha da falta de alunos, mas sim do desespero que assombrava a todos. Mesmo não querendo estar ali os jovens do IFBA não se ousariam a cabular aula, até por que por mais que sua mãe parecesse assustadora quando o assunto fosse faltar a aula um serial killer que lhe ameaça de matar caso o faça é bem mais intimidador (ao menos na maioria dos casos).
O intervalo acabara de soar e todos, inclusive os professores, saíram de suas salas sem um pingo de ânimo.  Ao saírem puderam notar que várias cadeiras estavam dispostas no corredor e no final do mesmo Daniel e Davi estavam em pé, cada um com seu respectivo microfone, junto a eles estava todo o aparato necessário para o bom funcionamento dos aparelhos de áudio. Ao verem a cena os estudantes captaram logo à mensagem e sentaram nas cadeiras a espera do que os detetives tinham a dizer.
- Boa tarde, galera – Davi iniciou a conversa, apenas meia dúzia de pessoas respondeu a sua saudação – Acho que nem precisamos nos apresentar, né? Depois da semana passada creio que todos aqui já nos conhecem. Bem... Primeiramente eu gostaria de agradecer ao grêmio da escola por nos ajudar a fazer essa reunião de última hora – Um dos estudantes do grêmio levantou a mão direita formando um “V” com seus dedos indicador e médio em sinal de aprovação – Eles deram a maior força com a reunião que fizemos de manhã e se prontificaram a fazer o mesmo com a reunião que vamos fazer de a noite com a galera do subsequente.
- Diz logo o que você tem pra falar! – Gritou um estudante que estava sentado no fundo.
- O.k. – Davi tentou disfarçar a raiva quanto ao comentário – Como todos sabem eu e meu amigo Daniel somos detetives profissionais prematuros – Ele olhou para o amigo que fez um sinal de “sim” com a cabeça encorajando-o a continuar -  Nós já estamos nessa vida há três anos e já vimos muita coisa, mas confesso que nunca vi nada igual ao caso desse colégio. Os assassinos tem feito o que bem querem, a policial não sabe nem ao menos pra onde ir e mesmo nós não conseguimos fazer nada... – Com um olhar de tristeza o jovem fitava o chão – Sei que as coisas estão ficando complicadas, mas temos que continuar a investigação, caso contrário todos morreremos, mas para isso precisamos da ajuda de vocês, precisamos que continuem a frequentar as aulas normalmente, mesmo que fiquem doentes ou machucados venham pra escola, é melhor do que morre. Ainda não sabemos onde os assassinos estão ou quem são eles, precisamos de tempo para descobrir isso e não quero que nenhum de vocês morra durante esse tempo.
- É mesmo? – Disse um aluno que estava sentado logo à frente – Por que não disseram isso semana passada? Minha irmã morreu justamente por causa disso no ataque de terça-feira.
- Mas a diretoria tinha avisado vocês de que...
- NÃO IMPOTA! – Gritou a menina que interrompeu Davi no canto direito do corredor – VOCÊS NUNCA VÃO PEGAR O ASSASSINO, ESTAMOS TODOS MORTOS!
- Nós sentimos muito pessoal, mas é que...
- QUE DETETIVES SÃO ESSES QUE NÃO CONSEGUEM FAZER NADA? – Gritou um terceiro que foi prontamente seguido por todos os seus colegas.
- CALEM A BOCA! – O grito de Daniel fez com que todos ficassem em silêncio quase que no mesmo instante – ESTÃO CANSADOS DISSO TUDO? QUEREM UMA SOLUÇÃO? SE ESTÃO ACHANDO RUIM DESAFIO A FAZEREM MELHOR. ESTAMOS NESSA MERDA HÁ UM MÊS E EU JÁ NÃO AGUENTO MAIS ESSE BANDO DE IDIOTAS QUE FICAM APENAS OLHANDO E FALANDO MAL DO NOSSO TRABALHO. QUEREM RESULTADOS? ENTÃO AJAM DE ACORDO OU MORRAM!
A reação da maioria das pessoas para com um discurso deste em geral é vaiar, xingar ou até mesmo agredir a pessoa que o fez, no entanto todos permaneceram quietos. Daniel estava com uma cara horrível e todos perceberam que ele não estava de brincadeira. Davi olhou para o companheiro com um tom de surpresa, nem mesmo ele esperava por esse ataque de raiva repentino.
- Er... Daniel, acho melhor irmos com calma...
- Já tivemos calma por tempo demais – Daniel continuava a encarar seus colegas de escola sem jamais desviar o olhar ou afrouxar os punhos que estavam quase estourando de tão fechados – As coisas agora vão ser diferentes, para continuarmos a investigação precisamos que nenhum de vocês faça besteira, venham pra a escola e pronto, se tiverem algo que possa ajudar quero que falem agora.
Ninguém se pronunciou, uns por medo, outros por indiferença, mas o silêncio continuou a reinar.
- Pois bem, se mais ninguém tem nada a dizer considero esta reunião por encerrada, até mais e tentem manterem-se vivos – Finalizou Daniel.
Um burburinho se formou e depois de cinco minutos de conversas internas e de discussões sobre o assunto todos saíram do local, apenas Davi e Daniel permaneceram exatamente no mesmo local em que estavam.
- Acho que você não vai ficar muito popular entre as garotas agindo dessa forma... – Davi tentara animar o colega.
- Não quero ficar popular entre as garotas, a garota que eu amava morreu há seis dias.
Uma resposta inesperada, Davi permaneceu em silêncio e abraçou o amigo dando-lhe alguns tapinhas nas costas.
- Vamos pra a sala, cara, a aula já vai começar.
- Certo... – Encerrou o loiro.
O restante do dia seguiu normalmente, as mesmas aulas maçantes, os mesmos horários de sempre até que enfim o relógio bateu dezoito horas e todos os alunos foram liberados de suas casas para irem pra casa.
Quando a dupla de detetives estava passando pelo corredor puderam ver que algumas garotas estavam a comentar o quanto eles eram prepotentes e arrogantes, mas tentaram disfarçar assim que viram que os dois estavam olhando para elas.
- As coisas estão feias... – Davi olhava compenetrado para o nada – Nem nossos colegas estão confiando mais em nós.
- E por que deveriam confiar? Nem mesmo eu confiaria, eles apenas estão tentando colocar a culpa em alguém por todos esses desastres que têm acontecido, é normal que eu e você ficássemos sobrando. – Daniel andava enquanto seus olhos focavam o chão.
- Ei, alô? É mesmo com o Daniel que eu conheço que estou falando? Cara, nós não temos culpa de nada, eu sei que essa coisa de Clara foi muito chata, mas não tem jeito, velho. Vamos continuar investigando e quando terminarmos tudo volta ao normal como sempre acaba.
- Não, Davi, não vai voltar nada ao normal, por minha culpa Clara acabou morrendo... Se eu fosse um pouquinho só mais rápido, se eu... – Uma tímida lágrima corria pelo rosto do rapaz, rosto este que ele prontamente abaixou assim que notou seu estado.
Davi ficou um tempo calado, nada se ouvia a não ser as pacatas conversas estudantis que brotavam aqui ou ali. Daniel pôde ouvir o escolar chagando, mas continuou imóvel com os olhos fechados tentando ao máximo reprimir o choro, foi quando, de repente, ele sentiu um calor em seu corpo, algo o tocara e ele pôde sentir um leve perfume de rosas próximo ao seu rosto, um perfume feminino de alguém que lhe abraçara com toda a delicadeza e o carinho possíveis.
- Daniel... – Disse a garota ruiva que o chamara – É Gabriela, sabe, eu e Adriana ainda estamos vivas e lindas como sempre, se você fosse mais lento todas nós, inclusive você estaríamos mortos, talvez até Davi já estaria no caixão, ninguém sabe. Você fez um trabalho ótimo tentando salvar a todos, mas infelizmente não podemos fazer tudo, no entanto, por sua causa nós estamos aqui e é aqui que queremos continuar, bem ao seu lado. Você é um cara legal, Dani, com certeza vai passar por essa barra e vai se orgulhar de ser “Daniel, o grande salvador da IFBA Simões Filho”. Só não se orgulhe muito disso, tá? Ninguém gosta dessa escola.
O rapaz deu uma risadinha quase inaudível e levantou a cabeça, estava com um leve sorriso, mas uma lágrima ainda corria por sua bochecha. Gabriela secou sua lágrima com um toque de seus dedos e o acariciou o rosto logo em seguida, beijou-o no lugar onde a lágrima estivera á pouco, e olhou novamente para o rapaz que agora sorria de forma mais desinibida.
- Foi só dessa vez, viu? Vê se não se acostuma, só vai ganhar outro se ficar bem logo – A ruiva sorriu.
- Ah, tá... Eu nem queria mesmo – O jovem começou a rir e notou que Adriana também estava presente e lhe dava carinho em seu ombro – Bem, pessoal, acho que realmente ficar triste não combina muito comigo não, vamos andando que vou me gabar desse beijo de Gabriela pro resto da vida.
Todos riram quase que no mesmo instante, a alegria que eles não viam há quase uma semana voltou completamente como num passe de mágica.
A esta altura o ônibus escolar já tinha ido embora e os adolescentes não viam outra opção a não ser irem andando até o ponto de ônibus que ficava a uns vinte minutos de caminhada dali, sem demora eles começaram a andar até que Daniel chamou seu amigo.
- Ei, Davi, espera um minutinho aí.
O amigo atendeu ao pedido prontamente e pediu para as garotas irem andando prometendo a elas que logo as alcançaria. Quando as duas finalmente deram de costas Daniel começou a falar.
- Cara, só vocês mesmo pra me fazerem rir, há, há.
- Pois é, né... Mas anda logo, eu sei que você não me chamou aqui só pra falar disso, as meninas já estão com pressa, esse momento te fez bater aquela inspiração, não é?
- Você nunca muda, direto como sempre – Daniel deu uma risada e elevou o indicador direito na altura da boca com um sorriso pra lá de confiante – Pois bem, eu realmente tive uma ideia que vai nos ajudar em muito na investigação, conheci uma figura interessante nessa sexta-feira. Não acho que Clara ficaria feliz de me ver assim pra baixo, nem pareço eu, temos que continuar esse caso, o show não pode terminar!
- É isso, cara, então para onde vamos agora?
- Ah, dessa vez vamos dar uma passadinha lá em Copacabana. Nossa próxima parada é o Rio de Janeiro, vamos para a See! Corporations.

11ª Suspeita: Recomeço
Dia 1 de junho de 2013, sábado, sol, aeroporto internacional de Salvador, 08h03min da manhã.
Apesar de o dia ter começado a pouco o aeroporto internacional de Salvador já estava bem movimentado, ainda mais por conta de que era mês de julho onde muitas escolas estariam de recesso junino na Bahia, menos o IFBA, por conta de seus naturais atrasos letivos que acontecem na maior parte dos anos. Eram famílias inteiras voltando pra casa, namorados se reencontrando, amigos indo viajar, o silêncio parecia estar de férias aquela manhã o que não impedia Daniel de estar babando num dos bancos da sala de embarque.
- Ei, dorminhoco – Dizia Davi enquanto ria da situação – Já está na hora de embarcarmos. Logo, logo nosso avião sai.
- Só mais dez minutinhos... – Daniel bocejava.
- Vamos, Dan. Assim você vai perder o avião! – Gabriela estava com a cabeça de Daniel em seu colo, o que deveria ser muito incomodo por conta do rio Amazonas que ele despejava de sua boca, até então ela acariciava a cabeça do amigo, mas parou para que o mesmo pudesse levantar-se.
- Liguem pra nós assim que chegarem – Adriana repreendia enquanto ajudava Davi com algumas malas.
- Ei, assim está até parecendo a minha mãe.
- Como é, Daniel? – A mãe do loiro estava presente com sua saia azul escuro até depois dos joelhos, sua camisa de manga grande magenta, seus salto altos negros e seu natural cabelo loiro, um tanto grisalho pela idade, mas predominantemente dourado. A presença da mesma  surpreendeu seu filho com esta fala.
- Ih, a senhora está aí, né? Tinha até me esquecido... Olha, o avião já vai sair, até mais. – E dizendo isso o rapaz correu até o embarque antes que sua mão o trucidasse.
- Até mais pessoal. Prometo que vamos voltar com boas notícias. – Davi seguiu o amigo até o embarque depois de abraçar suas acompanhantes.
- Tchau. – Disseram as três mulheres em uníssono.
Enquanto os dois entravam no embarque e passavam pelo detector de metais, Gabriela estava a pensar o que esta viagem daria ao fim disso tudo, se ela era realmente a chave para acabarem com este infindável ciclo de matanças de sua escola. “Espero que voltem bem... “ assim pensava ela.
O avião partiu.
Dia 1 de junho de 2013, sábado, sol, Rio de Janeiro, aeroporto, 10h51min da manhã.
Pelo fato de ter feito escala no Espírito Santo o avião acabou demorando um pouco mais do que o esperado para chegar ao seu destino. A esta altura do campeonato os rapazes já tinham avisado as suas mães e amigas de que já chegaram à terra carioca e que estavam instalados em um hotel próximo ao centro do estado chamado lady sereia, um local que não era nem extremamente chique nem precário em nenhuma de suas formas de atendimento.
Mais algum tempo se passou e agora as bagagens dos jovens já estavam devidamente desarrumadas com a maior parte de suas coisas nas camas, no entanto, eles já não mais estavam no quarto.
Dia 1 de junho de 2013, sábado, sol, Rio de Janeiro, centro, 15h13min da tarde.
Um prédio enorme de vinte andares com as paredes totalmente feitas de vidro azul escuro, esta era a aparência da sede da see! Corporations e bem a sua frente estava a dupla de detetives prontos para entrar no edifício.
- Muito bem... Qual é o plano, Daniel?
- Bem... Essa parte eu não pensei, mas acho que podemos simplesmente bater na porta e entrar, não acho que vão lançar laser na gente por causa disso.
Davi não gostou da resposta do amigo, apesar de que ele já deveria ter imaginado isso, vindo de Daniel isso é algo comum de acontecer.
Ao entrarem no prédio os jovens depararam-se com uma enorme sala de recepção que sozinha preenchia todo o térreo. O piso do local era todo de vido também, o que dava um toque de luxo sem igual ao estabelecimento.
Assim que entraram, logo eles perceberam um grupo de pessoas, todos jovens de vinte e tantos anos, e notaram pelas mochilas deles que aquilo se tratava de uma excursão dos alunos do curso de publicidade da UFRJ.
Daniel, matreiro como sempre, sorriu para o companheiro que entendeu no mesmo instante e o seguiu para misturarem-se aos estudantes. Os dois ficaram mais ao fundo a fim de não chamarem atenção ou serem vistos pelos possíveis professores que estivessem guiando os alunos na excursão.
Após subirem para o primeiro andar, divididos em duas turmas para que todos coubessem no elevador, os alunos puderam ver um enorme corredor com vários quadros e um tapete vermelho assim que a porta do mesmo abriu-se.
Assim que lá chegaram o professor responsável deu sinal verde para que o guia da excursão começasse seu trabalho.
- Boa tarde, meu nome é Fábio Filho e serei o guia de vocês de hoje – Ele andou alguns passos que foram prontamente seguidos por todos os presentes e parou junto ao primeiro quadro que tinha uma fotografia preto e branco de um homem de bigode de meia idade, na legenda da fotografia estava escrito “John Reymond” – Este aqui é nosso fundador em uma fotografia que data de 1925 quando ele tinha 26 anos, seu nome é John Reymond e foi ele que criou técnicas de publicidade que usamos até hoje para atender nossos clientes .
 O guia andou um pouco mais e chegou próximo a outro quadro juntamente aos estudantes. Este quadro mostrava John trabalhando dentro de uma sala de redação de jornal.
- Reymond era um homem simples que trabalhava no The New York Times. Ele escrevia artigos que falavam sobre notícias menores e com pouco tempo passou a escrever todas as matérias que estampavam as capas do jornal. O senhor John nunca gostou muito da forma com que diagramavam e elaboravam as capas da Time e vivia dando ideias para incrementar a mesma. Dizem que apenas com suas novas ideias para deixar as capas mais chamativas a Times passou a vender cinco por cento a mais do que antes. Com a grande depressão de 1929 as coisas se complicavam, mas com sorte o senhor John conseguiu permanecer no emprego e justamente nessa época que ele teve de sustentar o jornal nas costas, pois as capas deveriam ser cada vez mais chamativas ou as vendas despencariam ainda mais de forma que foi justamente nesse tempo que ele aperfeiçoou muito suas habilidades nesse quesito. Em 1940, pouco depois do início da segunda guerra mundial o governo americano começou a investir pesado em propaganda para que os jovens viessem a alistar-se no exército e novamente John Reymond apareceu para fazer os cartazes que estariam presentes nas ruas na intenção de trazerem novos soldados ao país. Segundo pesquisas o crescimento de alistados foi de trinta por cento em relação ao período em que o senhor John ainda não trabalhava com os cartazes, ele simplesmente era uma estrela em se tratando de chamar atenção e publicidade ao ponto de que em 1947 já em seus quarenta e oito anos Reymond enfim abriu a See! Corporations que começou muito simples e pequena, mas cresceu de forma espantosa em questão de pouco tempo. Logo à frente vocês podem ver um dos cartazes que foram elaboradas para a guerra...
O guia seguiu para de junto do cartaz que estava exposto a uns dois metros de distância da fotografia que ele explicara há pouco e foi prontamente seguido pelos estudantes. Ele tinha acabado de fazer outro discurso enorme sobre o cartaz, explicando sobre técnicas, fontes e etc... Davi já estava aproximando-se quando sentiu um puxão na parte de trás da gola de sua camisa e quando virou-se para ver o que era percebeu que era Daniel chamando-o para sair dali.
- Pelo amor de Deus, não aguento mais esse casa falar, vamos sair daqui – O loiro fazia uma expressão de agonia sem igual.
- Sim, você é louco? Se sairmos daqui vão nos notar, vamos aproveitar essa excursão escolar, estamos conseguindo muita informação – Davi tomava cuidado de manter um tom de voz baixo para que ninguém pudesse escutá-lo.
- Mas não são essas as informações que queremos, não vamos pra lugar nenhum aqui, e já vi algo bem mais bacana – Ele apontou para uma sala que estava fechada logo ao lado de elevador, em sua porta estava escrito: “Acesso permitido apenas a pessoas autorizadas!”.
Davi mexia na maçaneta da porta precavendo-se de forma que ninguém percebe-se – Está trancado.
No mesmo instante saiu do elevador um homem trajando todo um uniforme próprio para laboratório: luvas, máscara e jaleco branco. Ele carregava uma maca com algumas caixas pesadas com algum componente desconhecido e pediu ajuda aos dois amigos para abrirem a porta com sua chave e o ajudarem a fazer passar aquela maca enorme pela porta. Daniel não perdeu a oportunidade e em conjunto com seu amigo conseguiu fazer o que lhes foi pedido com muita facilidade. O homem agradeceu e saiu esquecendo-se de trancar a porta.
- Eu já ouvi falar que tem dias que você acorda com toda a sorte do mundo, mas isso aqui já é um absurdo – Davi ria da situação.
- Sorte? Não meu amigo, foi tudo completamente planejado em seu mínimos detalhes, eu já sabia que aquele homem passaria aqui mais cedo ou mais tarde, e ele chegou exatamente na hora que pensei, por isso que eu não estava com pressa. – Daniel falava num tom de superioridade sem igual.
- Completamente planejado? Tá Certo Daniel, você é um gênio – Davi revirava os olhos enquanto ironizava seu companheiro – Vamos logo, se demorarmos muito seremos pegos.
- Certo.
Sem demora os dois adentraram aquele corredor que tanto os chamava atenção.
Eles passaram por várias portas a espera de alguma que pela sua placa de entrada os pudesse guiar no meio daquela situação, tiveram de se esconder entre os corredores duas ou três vezes quando alguns guardas ou funcionários apareciam de repente, ficaram andando por quase cinco minutos até que Davi queixou-se ao amigo.
- Cara, o que diabos você está procurando?
- Algo que possa ajudar – Daniel estava junto a Davi abaixado próximo a entrada de uma encruzilhada de corredores – Você não acha estranho a roupa daquele cara que nós ajudamos antes de entrar aqui? Isso aqui é uma agência de publicidade e ele parecia mais que estava inda para algum tipo de laboratório... Não faz sentido algum.
- E o que você queria achar? Um quartinho escuro com um cientista maluco e o Frankenstein dentro?
- Não, quase isso, mas é um pouco diferente. Vamos, o guarda já passou.
Os dois estavam sempre tomando cuidado para que as câmeras dos corredores não os flagrassem, sempre visando passar pelo seu ponto cego, o que ao menos até ali estava funcionando com perfeição.
Eles passaram por várias portas: setor estratégico, relações internacionais, central de atendimento... Até que acharam um que parecia ser algo interessante.
- “Setor de pesquisa e desenvolvimento estratégico de controle de ideias”, bom nome, muito grande e bem a cara de coisa do mal.
- Sem brincadeira Daniel, vamos entrar, estou sentindo que vamos achar alguma coisa bem relevante aí.
Os dois olharam pelo vidro que ficava a frente da porta da sala, esperaram alguns segundos até perceberem que todos estavam de costas e com um barulho quase que inaudível abriram a porta de leve, de forma que ninguém percebeu. Entraram e fecharam a porta.
A sala estava cheia de computadores e estantes com vários livros e alguns armários cheios de documentos.
Os dois amigos rolaram e já ficaram escondidos atrás de uma das estantes, estavam suando frio, pois podiam ser pegos a qualquer hora.
Davi puxou um livro que falava sobre mente humana e ele naturalmente estranhou, mas nada que fosse tão estranho ao ponto de fazê-lo investigar, no entanto, assim que ele fechou o livro percebeu que Daniel já não estava mais lá. No mesmo instante o rapaz ficou desesperado, se pegassem Daniel o plano iria por água a baixo e eles não conseguiriam informação nenhuma. Já estava quase enlouquecendo quando viu a ponta de um tênis all star que lhe era muito bem conhecido próximo a uma escrivaninha. Sem demora ele olhou ao redor, percebeu que ninguém estava notando-o e rolou para de junto da escrivaninha. Daniel quase gritou de susto ao ver o amigo que prontamente tapou sua boca assim que percebeu o risco de ser descoberto.
- Você é maluco, Daniel? Que merda você tem na cabeça pra sumir assim?
-Miffi fazzfariffi.
- Hã? Ops – Davi tirou a mão da boca do detetive.
- Eca, sua mão ainda está com gosto do doritos que a gente comeu na praia, você ainda não lavou?
- Não, nem tive tempo, ao contrário de você eu não lambo os dedos.
- Sim, deixe meus dedos e minhas manias lá, de toda forma acho que encontrei alguma coisa bem bacana aqui, Davi.
Daniel estava com uma pasta em mãos e abriu para que seu colega pudesse ver o que ele estava contemplando há pouco. Lá estavam vários documentos com pesquisas sobre o cérebro humano e os efeitos que as drogas poderiam gerar nele, era tudo muito detalhado e com referências de vários livros e doutores especializados no assunto.
- Bem, eu acho que isso aqui não é pra fazer propagando de drogas, é?
- Você é um gênio Daniel! Agora as coisas estão começando a fazer sentido.
- Sim, certamente estão – Disse um guarda que olhara para os dois amigos por cima da escrivaninha.
- Ah... Oi – Daniel tentava manter o controle – Somos estudantes que viemos na excursão da UFRJ, mas acabamos nos perdendo, garanto que se nos mostrar a saída não traremos mais prob...
- Digam isso ao meu chefe, vocês vem comigo.
O homem fez um sinal com a mão e mais três guardas apareceram para ajuda-lo. Daniel e Davi nem tiveram chance de reagir.
Durante o percurso eles tentaram fugir duas ou três vezes, no entanto o máximo que conseguiam era algumas belas pancadas nas costas ou na cabeça. Daniel já tinha uns três hematomas, tanto por tentar fugir quanto por ser desbocado.
Por fim eles foram de elevador até o último andar do prédio e entraram na sala da administração, assim que adentraram o recinto puderam ver várias pessoas trabalhando e no final do mesmo estava uma grande mesa totalmente feita em mármore negro, a mesma cor que tingia o enorme monitor do computador que ali estava junto a uma pilha de documentos muito bem organizados logo ao lado do porta canetas.
Atrás da mesa estava sentado um homem alto de cabelos castanhos que iam até próximo aos seus ombros, tinha uma barba bem feita de igual cor e usava um terno totalmente branco acompanhado de uma gravata vermelha.
O homem parecia estar muito ocupado, estava sempre a falar com alguém ou atender a algum telefonema, mas assim que viu os jovens detetives entrarem na sala ele deu um sorriso e parou tudo que estava fazendo, desligou o telefone e dispensou a secretária a quem acabara de dar alguma ordem incompleta.
- Ora, ora, senhor Daniel, como o destino é irônico, nos encontramos novamente – Ele parecia estar divertindo-se com a situação.
- Carl Reymond, seu canalha! O que é que está acontecendo? - Daniel esbravejou.
- Isso eu também gostaria de saber, caro amigo, espero que saiba que esta invasão a minha propriedade lhes custará mais caro do que imagina, meus planos pra vocês dois já estão me deixando ansioso pelo que vem aí...



12ª Suspeita: Zumbis

Dia 1 de junho de 2013, sábado, nublado, Rio de Janeiro, centro, 16h37min da tarde.

A situação não ia nada bem, Daniel e Davi acabaram sendo pegos dentro da see! Corporations e encontraram aquele que eles não esperavam ver tão cedo.
- Carl Reymond, seu canalha! O que é que está acontecendo? - Daniel esbravejou.
- Isso eu também gostaria de saber, caro amigo, espero que saiba que esta invasão a minha propriedade lhes custará mais caro do que imagina, meus planos pra vocês dois já estão me deixando ansioso pelo que vem aí...
- Como assim? Pare de joguinhos e diga logo o que é que tá pegando!
- Acalme-se meu jovem, a pressa não nos leva a lugar algum, sem falar que um filme do qual você já conhece o enredo não consegue entreter da forma desejada, tenha calma, aprenda a degustar com clareza os mínimos detalhes dos fios que tecem nossas vidas. Agora, sente-se – Dizia ele apontando para as duas cadeiras que estavam logo à frente de sua mesa – Ao menos a isso vocês tem direito... Ainda.
Davi estava um pouco confuso por não saber ao certo o que estava acontecendo. Daniel já havia lhe contado sobre Carl e foi justamente por isso que eles decidiram ir á sede de sua empresa no Rio de Janeiro, para averiguar a identidade suspeita deste homem, no entanto, Davi só conhecia Carl pelo que seu amigo lhe contara e não esperava que ele tivesse uma aparência tão singular e nobre ao mesmo tempo isso sem falar no seu jeito tão excêntrico de agir.
Daniel por sua vez estava irritado, ele não imaginava em sua habitual e extrema autoconfiança que seria pego tão facilmente e Carl parecia (e estava) se divertindo à custa dele, isso o deixava furioso, sem falar que sua cabeça estava a mil pensando numa forma de sair dali. No entanto, por mais que estivesse nervoso ele tentava manter a calma sem refrear seu orgulho e ao invés de sentar simplesmente permaneceu em pé dando um tapa na mão do guarda que o segurava pelo ombro fazendo-o soltar na mesma hora, o guarda ia fazer alguma contramedida, mas bastou um severo olhar de Reymond para que ele nada fizesse.
- Pois bem, já que não querem sentar eu nada posso fazer quanto a isso, porém, peço que compreendam que minha hospitalidade acaba por aqui, e com justo motivo, pois não compreendo o que os levou a entrar na sede de minha tão estimada empresa de forma tão vil quanto a que mostraram-me a pouco.
 - O que me levou a entrar aqui para investigar não vem ao caso, o que importa é que tem alguma coisa muito podre acontecendo aqui, e com certeza você está planejando algo com isso – Daniel apontou o indicador para Reymond de forma que ele pareceu não gostar muito – Não acho que uma empresa de publicidade estaria fazendo pesquisas sobre drogas sem nenhum motivo obscuro, abra o jogo Carl, é tráfico que você está fazendo, não é?
- Ora, que difamação infame, lamento que me veja de forma tão hedionda senhor Daniel, mas peço que me dê seu voto de confiança, tráfico seria algo muito problemático para minha empresa, nós estamos trabalhando há anos em nosso ramo e já somos uma grande corporação de respeito no mundo todo, não queremos manchar nossa boa imagem conquistada com tanto trabalho apenas para vender drogas à meia dúzia de vândalos.
Daniel iria retrucar, mas Davi o parou e ele entendeu a mensagem de primeira: Eles não tinham prova nenhuma para incriminar Reymond e se continuassem a conversa só iriam se complicar ainda mais, eles precisavam mesmo é pensar em como sair dali.
- Vou admitir que isso que fizeram foi apenas um acesso de loucura juvenil e dar-lhes-ei mais uma chance, podem sair, cavalheiros, só não voltem a fazer o mesmo erro na saída, pois não pretendo ser tão condescendente uma segunda vez.
- Ah, agradecemos por sua bondade senhor Reymond – Dizia Davi ao puxar seu amigo a fim de saírem dali – Não esqueceremos desse seu gesto de amizade jamais.
Sem pestanejar Daniel acompanhou o amigo até a saída enquanto Reymond deu ordem a um dos guardas que os acompanhasse até a recepção.
- Pois bem amigos, espero que nosso próximo encontro possa ter a graça de ser mais caloroso e casual – Dizia Reymond enquanto os jovens passavam pela porta de saída.
Daniel voltou seu olhar para trás por um momento e como uma lâmina ficou todo seu ódio num olhar voltado para aquele homem que ali estava atrás de sua imponente mesa de mármore.
- Não haverá próxima vez, Reymond, pois até lá você estará atrás das grades.  – E falando isso saiu do aposento que permaneceu em silêncio por alguns instantes, até que Carl num tom de satisfação proferiu estas palavras:
- Veremos, senhor Daniel... Veremos.
Um dos três guardas que ali estavam não conseguia disfarçar o desconforto em ver seu patrão ser tão desafiado ao ponto de que o mesmo chegou a perguntar-lhe o que o atormentava.
- Senhor, peço que me perdoe, mas não entendo o que o leva a ser tão piedoso com aqueles marginais – O guarda revirava os olhos enquanto falava.
- Acalme-se, Huston – Referia-se ao guarda – Não ouviu o que eu disse mais cedo? Não vamos estragar a graça do filme acelerando os acontecimentos, eles mal esperam o que lhes irá acontecer... Brevemente e com amargor eles hão lembrar-se de minhas palavras... Breve.

Dia 1 de junho de 2013, sábado, chuva, Rio de Janeiro, hotel lady sereia, 17h06min da tarde.
Encharcados. Essa era a palavra que podia definir os rapazes que acabaram de chegar ensopados no hotel lady sereia.
Os dois tinham pegado uma chuva terrível na volta ao hotel, estavam molhados, exaustos e sem nenhum resultado da investigação, o que era o pior de tudo, pois eles vieram para o Rio apenas pra isso.
Teriam pegado um ônibus, mas não conheciam praticamente nada do lugar e justamente por isso que tiveram que ir na chuva.
Davi já estava estressado na cama quando Daniel pediu uma pizza tamanho família por telefone.
 Daniel olhou para a cara fechada de seu amigo e sentando na cama onde o mesmo estivera deitado começou a falar:
- Hey, cara, relaxa, não foi tudo em vão, conseguimos achar muita coisa bacana.
- Sim, Daniel... Nós poderíamos ter achado bem mais se não fôssemos pegos, nunca mais vamos ter uma chance dessas. Se pudéssemos ver aqueles documentos ao menos mais uma vez...
- E quem disse que não podemos? – Daniel deu um sorriso.
- Cara, na boa, eu vou dormir, amanhã a gente conversa mais, boa noite.
- Boa... – Daniel chateou-se com a atitude de seu companheiro, mas permaneceu calado, ele mais do que ninguém sabia que quando Davi estava chateado o melhor era deixa-lo sozinho por um tempo.
No dia seguinte já as sete da manhã Davi não estava mais no apartamento. Daniel, assim que acordou ficou a procurar por ele e inclusive perguntou aos funcionários do estabelecimento sobre o sumiço do rapaz, eles apenas o informaram que o mesmo tinha saído por volta de umas seis e meia e desde então não tinha voltado.
Daniel ficou preocupado, mas achou melhor não ir atrás do amigo, ao invés disso voltou ao seu quarto.
Lá chegando ele percebeu que em cima da geladeira tinha um bilhete.
“Fui dar uma volta, só volto de noite.
Se sair avise por sms pra que eu saiba.
Até mais.
Davi”
- Ora, ora, então fica nervosinho e se manda, né? – Daniel acabara de jogar o bilhete fora – Às vezes é difícil entender esse cara... Só quero ver quando ele souber do que tenho aqui.
Por fim, Daniel ligou a televisão, o vídeo game e passou o dia todo a jogar final fantasy.




Sete horas da noite.
Daniel e Davi agora estavam novamente no aeroporto, só que desta vez na Bahia.
Durante toda a viagem de volta Davi permaneceu calado, Daniel por alguns momentos tentou estabelecer diálogo, em vão, pois o amigo estava irremediável, disse que necessitava pensar e que logo conversariam, no entanto, não sabia quando. O loiro não gostou da resposta, mas ele tinha em mente que quando Davi ficava assim o melhor é deixa-lo quieto, ele certamente estava a pensar sobre o caso, apesar de não parecer, até mesmo ele não sabia o que fazer.
Eles passaram apenas dois dias no Rio por conta de que no dia seguinte teriam aula, sem falar que aquela foi uma viagem puramente profissional.
Chegando à Bahia os dois foram recepcionados pela mãe de Daniel que quis saber logo das novidades da viagem e ficou a tagarelar o tempo todo com seu filho, ele não estava muito pra conversa, mas sabia que se não respondesse as perguntas de sua mãe ela certamente não iria gostar.
Por fim, eles entraram no carro e voltaram para casa, segundo o combinado Davi iria dormir na casa de Daniel, mas assim que entrou no carro as únicas palavras que disse foi o aviso que fez a mãe de seu amigo de que preferia voltar para sua casa, ele achou estranho, mas não replicou.
Davi durante toda a viagem não disse uma palavra.
Dia 3 de junho de 2013, segunda-feira, nublado, IFBA, campus Simões Filho, 12h46min da tarde.
Era mais um dia pacato de aulas, nada fora do normal acontecendo. Até então.
Daniel acabara de chegar à escola e logo percebeu que havia algo de errado. Todos que passavam por ele o olhavam como quem guarda ódio dele por anos. De início pensava que era coisa de sua cabeça, mas logo percebeu que não era bem assim.
Ele começou a andar mais depressa e na velocidade que andava acabou por se esbarrar com alguém.
- Ei, olha por onde anda! – Dizia o loiro enquanto mexia com sua mão na cabeça contundida.
- Daniel? Graças a Deus que você chegou. Eu e Adriana estamos tentando te ligar há horas, Davi disse que vinha mais tarde, estávamos super preocupadas – Gabriela falava isso num tom de voz mais do que aflito e abraçava seu amigo apesar do mesmo tê-la respondido de forma tão grosseira.
- AH... Gabi... Desculpa, não vi que era você... – Daniel parecia envergonhado, mas logo se recompôs e ajudou a ruiva a levantar-se – O que foi que houve pra você estar assim?
- O pessoal da escola, todo mundo está mega estranho, disseram que querem saber de resultados de vocês quanto à investigação, eles estão esquisitos, Daniel, tanto que dá medo.
- Calma, Gabi, vai tudo dar certo, só se acalme e deixa o resto comi...
- OLHA UM DELES ALI! –Um gordo estudante disse ao apontar pra Daniel.
- PEGA ELE, NÃO O DEIXE FUGIR! – Um segundo gritou e ao correr foi seguido por uma legião de estudantes enfurecidos.
 - Merda, onde está Adriana? – Daniel falou ao mesmo tempo em que corria segurando o braço da amiga.
- Ela tinha ido comprar alguma coisa pra comer, disse que só assim pra se acalmar e...
- Olha ela ali! – Daniel apontara para a garota da qual falavam há pouco.
Por mais estranho que pareça Adriana também estava correndo, só que na direção oposta a dos colegas de classe que estavam sendo seguidos. Ela parecia chorar, mas não parava de correr, acabou deixando alguns lanches como salgadinhos e refrigerante caírem no chão no meio da corrida.
Assim que ela avistou os amigos correu em disparada para encontra-los, mas ela nem sequer parou quando chegou neles, apenas os chamou para ir junto consigo e continuou a correr.
Daniel continuava a segurar a mão de Gabriela a todo o momento, pois temia que sua amiga não o conseguisse acompanhar correndo.
A esta altura os revoltados estudantes já estavam a jogar pedras em seus perseguidos. Algumas poucas os acertavam, mas a maior parte passava direto zunindo por seus ouvidos, mas mesmo sendo atingidos eles não paravam de correr.
- O que foi que aconteceu, Adriana? – Perguntou o único rapaz do grupo.
- Eu não sei – A garota tentava conter o choro – Eu estava voltando do mercadinho com os lanches meu e de Gabriela e do nada eles me pararam... Queriam saber onde estava você e Davi, eu disse que não sabia e eles não acreditaram e estão correndo atrás de mim até agora...
- É, isso deu pra perceber – Daniel olhava para trás a fim de ver se seus perseguidores já os tinham alcançado.
- OLHEM! – Gabriela apontara para frente.
Na direção que Gabriela apontava estava um garoto que cobria seu rosto com o touca de sua blusa, ele segurava um taco de beisebol e estava pronto pra acertar alguém.
Daniel e suas duas amigas passaram correndo pelo lado do rapaz do taco de forma que ele os ignorou, no entanto, assim que o primeiro estudante enfurecido aproximou-se dele o mesmo o acertou com um belo golpe de taco.
Muitos jogaram pedras sobre ele, mas nenhuma o acertou, ele rebateu todas para que voltassem direto na cabeça de quem as arremessou, preferindo aqueles que estavam mais a frente.
Doze caíram acertados por suas próprias pedras antes que o rapaz resolvesse sair dali seguindo na direção que Gabriela, Adriana e Daniel foram.
Ele correu de forma que acabou por adentrar o pavilhão administrativo, subiu as escadas e seguiu a toda para a sala do fim do corredor, o auditório três ou auditório administrativo.
Daniel abriu a porta para o rapaz e fez sinal para que ele entrasse, ele aproximou-se da porta ficando a apenas vinte centímetros dela quando tirou três bolas de sinuca do bolso, assim que as tirou jogou-as para cima no mesmo instante e bateu com seu taco nas três ao mesmo tempo o que acabou por nocautear nove estudantes que estavam mais a frente da perseguição a uns vinte metros da sala em que o jovem do taco acabara de entrar junto a Daniel.
- Cara, pensei que não fossemos conseguir... – Daniel enxugava o suor do rosto.
- Sorte que nem sempre você acerta – O anônimo do taco abaixou a toca mostrando seu rosto. – Não pude responder suas mensagens por que estava sem crédito, sorte que eu trouxe esse taco, sabia que seria útil.
- Davi! – Adriana saltou aos braços do rapaz que teve que soltar o taco no chão para poder segurá-la.
- Cara, o que foi isso lá fora? Eles estão loucos, querem nos matar sem mais nem menos... – Daniel olhava para a porta pressentindo o pior – Eles são o que? Zumbis? Estamos no meio do 6º filme de Resident Evil e não me avisaram? Parece até brincadeira...
- Não, Daniel – Davi afastou-se um pouco do rapaz – Isso é muito pior que resident evil. Zumbis matam para se alimentar, eles matam por ódio. Zumbis são lentos, eles são rápidos. Zumbis são burros, eles são inteligentes. Zumbis nunca entrariam aqui... E eles logo vão entrar.
A dobradiça da porta começava a ruir.


13ª Suspeita: Proposta

Dia 3 de junho de 2013, segunda-feira, nublado, IFBA, campus Simões Filho, 1h21min da tarde.
As portas do auditório administrativo ainda estavam fechadas e apenas mantinham-se assim graças aos esforços dos jovens presos de colocar mais e mais coisas a frente da mesma. Eles chegaram ao ponto de quebrar as cadeiras que estavam fixadas no chão apenas para barrarem a porta, tudo feito com muito trabalho e com o taco de beisebol de Davi.
O auditório era uma sala relativamente grande, tinha um clima de cinema, com ar condicionado e um projetor que ficava sempre apontado para o quadro branco que eventualmente era utilizado para fazer anotações de aulas ou reuniões entre os professores e docentes do campus.
As cadeiras eram verdes e acolchoadas, muito bem feitas, e ao menos até então eram fixadas no chão. No momento sua serventia era barrar uma onda de estudantes furiosos querendo derrubar a porta de entrada.
- Pronto, essa foi a última fileira de cadeiras – Disse Daniel ao jogá-las na porta – Isso vai ajudar, mas não por muito tempo.
- Cara, que merda isso tudo... – Davi tirava o suor do rosto enquanto pegava um pouco de água no bebedouro juntamente a um copo descartável que achara ali – Não esperava que eles ficassem tão furiosos ao ponto de querer nos matar... Se ao menos tivéssemos algum resultado da investigação que fizemos no Rio...
- E quem disse que não temos?
- Hã? Como assim, Daniel?  Aquilo tudo não deu em nada, os guardas nos pegaram antes que pudéssemos ler todos os documentos.
- Pois é, só que eu sou mais inteligente que eles – Daniel sorriu e tirou o celular do bolso – Caso você não tenha notado meu celular tem câmera.
- Cara, não me diga que...
- Exatamente – O loiro enchia o peito de satisfação – Tirei fotos de tudo.
Davi ficou extremamente feliz ao ouvir essas palavras, em seguida abraçou o amigo e pegou o celular da mão do mesmo a fim de olhar as fotos já citadas.
Todas as fotografias foram tiradas com extrema precisão de forma que era perceptível que ao tirá-las Daniel preocupou-se que o texto presente nos documentos pudessem ser legíveis mesmo na tela do celular.
A maior parte das páginas dos documentos falavam de drogas e seus efeitos no comportamento e no cérebro humano, as únicas que não falavam disso eram, naturalmente, a capa e o fundo.
Em uma de suas páginas era possível se ler o seguinte texto:
“Nome: Cocaína
Formas de consumo: Merla, crack e pó branco
Tempo de início de efeito: 10 a 15 segundos depois do consumo.
Duração do efeito: Menos de 5 minutos
Efeitos: Sensação de grande prazer, poder e euforia.
Efeitos em caso de uso exacerbado: Irritação, comportamento agressivo, paranoia, tremores, visão borrada, dores no peito, contrações musculares, convulsões e pode levar a coma, aumento na frequência cardíaca, alucinações, aumento de pressão arterial, delírios e rabdomiólise.
Nota: Os efeitos da abstinência da droga são mais pertinentes ao projeto do que os do uso da droga em si. Seria interessante a criação de uma droga que pudesse unir os dois efeitos, o da abstinência e o do uso, assim o usuário poderia viciar-se com mais facilidade enquanto a droga estaria servindo aos propósitos de sua produção.”
Abaixo do texto existiam algumas fotos de cocaína em todas as suas formas, isso sem falar de fotos do rosto de pessoas que estavam sob o efeito da mesma.
Os rapazes ficaram abismados com o que leram, mas nem por isso pararam. Por um instante se entreolharam e passaram a página:
“Nome: LSD
Formas de consumo: Oral, também pode ser fumado se misturado com tabaco.
Tempo de início de efeito: 30 a 90 minutos depois do consumo.
Duração do efeito: 6 horas.
Efeitos: Tremores, aumento da temperatura corporal, da frequência cardíaca e da pressão arterial, pupilas dilatadas, aumento da glicemia, suores, perda de apetite, náuseas, tontura, parestesia (queimação da pele), boca seca, insônia e convulsão.
Durante o efeito do alucinógeno são produzidos fenômenos alucinatórios que envolvem alterações nas percepções: auditivas, visuais, gustativa, olfativa, táctil, perda do limite entre o espaço e o próprio corpo, podendo causar diversos tipos de acidentes: domésticos, de trabalho, automobilísticos, etc., despersonalização, sensações de pânico e medo, ou ainda sinestesias, que é uma confusão de informações sensoriais, onde as sensações auditivas, traduzem-se em imagens e estas em sons , delírio, sensações alternadas e simultâneas de alegria e tristeza, e de relaxamento e tensão, perda da coordenação do pensamento, apreensão constante.
As sensações produzidas pelo LSD, ao usuário, são “reais”, provocando medo, prazer, ansiedade e dor.
Efeitos em caso de uso exacerbado: Tensão corporal e fadiga (podendo perdurar por vários dias), depressão profunda, surtos de esquizofrenia, reflexos exaltados e perda da memória.
Nota: Essa é uma droga interessante a ser estudada, pois seus efeitos são extremamente fortes e perduram por uma grande quantidade de tempo, o interessante seria podermos controlar esses efeitos de acordo com as palavras-chave, mas é necessário testes com a substância que a compõe para averiguar se de fato nos pode ser útil.”
- Que... – Davi estava imóvel – Que merda é essa?
- Eu disse que tem coisa podre na see! Coporations! – Daniel guardava o celular e assim que mencionou o nome da corporação. Ele baixou o tom de voz enquanto olhava para a porta a fim de que aqueles que estão do lado de fora da sala não o escutem – Na hora que estávamos na sala do Reymond eu apenas citei tráfico de drogas pra ter uma desculpa que ele engolisse, não queria que ele soubesse que estávamos ali por que tenho minhas suspeitas quanto a ele.
- Precisamos olhar melhor isso... Sinto que as coisas estão começando a se conectar – Davi estava pensativo. Ele olhava para o nada, compenetrado e buscava em sua mente algo que pudesse trazer uma luz ao caso.
Gabriela e Adriana, naturalmente, também estavam presentes na cena. Elas testemunharam todo este diálogo, mas permaneceram quietas, elas bem sabiam que quando os jovens detetives estavam pensando o melhor que podiam fazer era ficar em silêncio, já que eles não conseguiam pensar com muito barulho os atormentando, no entanto Gabriela os chamou da mesma forma.
- Er... Gente, desculpa incomodar o momento que a “imensa” sabedoria de vocês entra em prática, mas temos problemas – A ruiva apontara para a porta de onde uma voz familiar parecia rir.
- Há, há, há...
- Essa... Essa risada – Davi aproximou-se a porta junto ao amigo e olhou pelo vidro reforçado que ficava na horizontal da mesma para ver quem era, pelo fato do vidro ser muito escuro ele demorou algum tempo para notar quem era – Ei, espera... O que você... O que você está fazendo aí?...
- O que eu estou fazendo? – Respondeu a voz que vinha de fora da sala – Não é obvio, Davi? Vim ver sua linda expressão de pânico. Eles estão do meu lado – Apontou para a horda de estudantes loucos logo a suas costas.
- SEU DESGRAÇADO! TRAIDOR! O QUE DIABOS VOCÊ PENSA QUE ESTÁ FAZENDO, ÓRION? – Gritou Daniel.
- Clama, Daniel. Estou apenas mostrando a vocês que surpresas sempre acontecem. Sinceramente, eu esperava mais de vocês, pensei que fossem me descobrir muito antes.
- Então... Desde o início foi tudo mentira? – Davi tentava inutilmente manter a calma perante aquela situação caótica.
- Desde o início? Não, muito antes do início já era tudo mentira, tudo o que fiz e falei a vocês foi minimamente planejado.
- O que você quer afinal de contas, seu maldito? – A esta altura Daniel já estava vermelho de ódio e louco para avançar no pescoço do traidor – Juro pra você que assim que eu sair daqui te parto em dois!
- Ui, tá nervoso... HÁ, HÁ, HÁ, HÁ, HÁ! – Ele ria desenfreadamente e de forma até medonha ao ouvir a frase dita a pouco – Eu vim aqui justamente para garantir que vocês não saiam daí, mas assim como meus companheiros eu gosto de ver um pouco de desespero, quero que fiquem presos aí até implorarem pela morte de tanta fome e sede que passarão. Nunca matei uma pessoa assim, sabia? Sempre quis fazer isso... De toda forma, tenho uma proposta para vocês.
- Diga! – Davi afastou seu amigo temendo que ele viesse a fazer alguma besteira por conta de sua raiva.
- Pois bem, eu tenho dois brinquedinhos aqui que vão deixar tudo mais bacana – Órion levantou em suas mãos duas algemas sujas de sangue – Não quero que vocês dois fujam de forma alguma, não tenho interesse nenhum nas garotas, eu posso até deixa-las sair, no entanto, pra que isso ocorra preciso que vocês concordem em usar essas algemas sem nenhuma forma de resistência, não quero que vocês morram tentando se defender.
- Hum... – Davi estava a pensar enquanto Daniel gritava ofensas ao seu interlocutor. Se ele não aceitasse a proposta a probabilidade de Órion mata-los na hora era enorme, porém, se ele aceitasse suas chances de sobrevivência seriam reduzidas de quase nada pra nula. Depois de muito pensar e não conseguir resultado nenhum Davi enfim deu uma resposta desesperada – Cara... Sua proposta é “tão boa” que acho que vou ter que conversar um pouco com o pessoal aqui antes, pode me dar um tempo?
- Claro, mas sejam rápidos, eles estão esperando – O ruivo sorria sadicamente ao apontar para os estudantes do lado de fora. – Ah, vou olhar vocês lá da sala da sala do setor de informática pela câmera que está aí, O.K.? Portanto, nada de gracinhas enquanto eu estiver fora.
Droga, eu tinha esquecido da câmera”. Pensava Davi. “Tenho menos de dois minutos pra agir”.
Órion se virou, deu algumas ordens e saiu de cena.
- Adriana, a câmera do seu celular tem temporizador? – Disse o rapaz do taco assim que se virou.
- Hã? Tem sim, mas pra que você quer tirar uma foto numa hora dessas?
- Não importa! – Davi pegou o celular que estava em mãos da amiga e saiu correndo para coloca-lo em cima da mesa que estava logo à frente da sala com o projetor recostado sobre ela – Todo mundo pro canto da sala, agora! Nossa sobrevivência depende disso.
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A sala do setor de informática estava um pouco bagunçada, eram computadores, monitores e conjuntos imensos de CPU’S jogados para tudo que é lado. Desta sala era possível se ver as imagens que eram gravadas de todas as câmeras presentes na escola, no entanto, apesar de tantas imagens para ver Órion apenas prestava atenção nas imagens do auditório administrativo e em sua pizza de mussarela enquanto atendia uma ligação.
- O plano parece ter saído de acordo com o esperado – Falava o ruivo ao telefone celular – Os alunos estão convictos de que devem matar os moleques detetives... Hum... Sei... Eu entendo, não tivemos muitos problemas com os professores ou a diretoria, até por que eles também estão de acordo com a matança dos moleques. Ah, assim que cheguei aqui um aluno que era da minha sala me disse que ouviu Daniel ligar pelo menos umas quatro vezes para a polícia, o que significa que ela também não vai fazer nada, ótimo. Hã? Onde estão eles? Estão bem aqui, prendemos eles dentro de uma sala e eu estou vendo tudo por vídeo aqui na sala do T.I, eles estão ali sentados todos juntos no canto da sala sem fazer nada... – Órion novamente uma olhada na imagem, só que desta vez ele percebeu que tinha algo errado ali – É, a sala está bem escura, eles apagaram as luzes, mas... – Ele tirou o celular do ouvido e aproximou-se do monitor – Eles... Estão brilhando? – Um pensamento que o amedrontou tomou conta de sua mente, no mesmo instante Órion saiu correndo da sala deixando cair tanto a última fatia da pizza quanto seu iPhone.
- ONDE ESTÃO OS REFÉNS? – O jovem gritava desesperadamente para os alunos loucos que estavam a espera da morte dos detetives e suas amigas.
- Estão lá dentro, Órion – Respondeu o adolescente que antes o tinha informado sobre as ligações de Daniel a polícia – Não tiramos os olhos deles nem por um segundo, apesar de que a sala está escura. Não tem como eles saírem...
- Idiota, saia da frente! – E tirando seu informante do caminho Órion sacou um revolver de seu bolso e deu um tiro na maçaneta da porta.
Assim que adentrou a sala o rapaz pôde ver que assim como tinha visto na sala de vídeo os quatro reféns estavam todos sentados no canto da sala próximos as janelas, a sala continuava escura, mas era possível vê-los com clareza, clareza até demais.
Ele aproximou-se das janelas e pôde ver que tinha uma imensa corda que levava até o chão onde se encontravam dois estudantes caídos, provavelmente golpeados com um certo taco de beisebol.
- Órion? O que foi que houve? – Perguntou o mesmo informante de agora a pouco.
- O que foi que houve?... O QUE FOI QUE HOUVE? – A pele do traidor já estava no tom de seus cabelos.
Órion chegou junto ao projetor e ao notebook que estava junto ao mesmo no outro lado da sala recostados sobre uma mesa de madeira, no notebook apenas existia um cartão de memória embutido e em sua tela era possível se ver uma foto de quatro jovens bem familiares no canto dessa sala.
Por fim             Órion acendeu a luz e viu que aquilo, que os quatro que estavam do outro lado da sala não passavam de uma imagem do projetor.
- PORCARIA, MERDA! – Praguejava o jovem – VOU MATÁ-LOS UM POR UM!
Os quatro amigos fugiram.

Continua...


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